#CaféLiterário: Livro “Junho de 2013 – A sociedade enfrenta o Estado” analisa o impacto das manifestações
outubro 21, 2014
Quais foram os impactos das manifestações de Junho no Brasil? Para
muitos estudiosos, a resposta desta pergunta ainda está sendo construída. Mas,
mesmo assim, se faz necessário refletir sobre esta mobilização popular que
parou o país após quase 30 anos de democracia plena. Para ajudar a entender
este fenômeno, a Summus Editorial
lança o livro Junho de 2013 – A
sociedade enfrenta o Estado.
Organizado pelo cientista político
Rubens Figueiredo e escrito por Bernardo Sorj, Denis Rosenfield, José Nêumanne
Pinto, Marcelo S. Tognozzi, Ney Figueiredo, Roberto Macedo, Rogério Schmitt e
Túlio Khan, o livro uma contribuição para o aprofundamento da análise daquela
que foi, provavelmente, a mais complexa e difusa manifestação popular de que se
tem notícia no Brasil.
Os 10 capítulos contemplados no livro
foram escritos, quase todos, no segundo semestre de 2013 e refletem o clima da
mais absoluta surpresa que tomou conta da sociedade. “É como descrever um furacão sendo levado pelo vendaval”, diz o
organizador Rubens Figueiredo.
O primeiro capítulo traz uma linha do
tempo que relembra os principais acontecimentos daquele mês de junho, situando
os leitores na perspectiva do momento. “É
interessante observar a sequência dos fatos e a reação errática das autoridades
e das próprias lideranças das manifestações, que a certa altura do processo
confessaram não ter mais controle sobre o que estava acontecendo”, lembra
Figueiredo.
Em seguida, no segundo capítulo, ele
explica o ânimo da opinião pública naquela época e desenvolve hipóteses sobre
os fatores que podem ter contribuído para a explosão social e sobre os motivos
de irritação da sociedade, entre eles a questão do “inferno da vida privada” e
da “escalada da esperteza governamental”.
Foto: Blog Grupo GEDIS / Reprodução. |
O economista Roberto Macedo faz, no
terceiro capítulo, uma análise dos aspectos econômicos relacionados às
manifestações, apresentando dados sobre a urbanização no Brasil e mapeando os
investimentos do governo federal nas mais diferentes áreas.
No quarto capítulo, o consultor Ney
Figueiredo lança luzes sobre a participação dos empresários durante as
manifestações, mostrando a omissão completa desse segmento durante os momentos
mais críticos dos episódios que mobilizaram a atenção nacional.
“Todo eleitor é um eleitor.com”, afirma o jornalista e especialista em redes e mídias sociais,
Marcelo Tognozzi, ao iniciar o quinto capítulo. Apoiando-se em dados de
pesquisa, ele faz uma tipologia do usuário das redes sociais e defende a ideia
de que se está criando um ambiente mais propício para fazer política no mundo
virtual.
Para o autor, esse tipo de
mobilização e manifestação não tem líderes, mas ativadores. Já para o cientista
social Bernard Sorj, que assina o sexto capítulo, a grande novidade para uma
geração acostumada a viver no mundo virtual foi a rua – e não a internet.
No sétimo capítulo, o jornalista
multimídia José Nêumanne Pinto interpreta os acontecimentos de junho, com
destaque para as reações das autoridades. Ele analisa o zigue-zague
governamental, mostrando que o governo atuava a esmo, sem ter a mínima noção do
que se passava de fato na sociedade.
Em seguida, no oitavo capítulo, um
dos maiores especialistas do Brasil na área de estudos sobre a criminalidade e
violência, Tulio Kahn, analisa as questões relacionadas à segurança pública que
estiveram presentes nos episódios de junho.
Na sequência, o filósofo gaúcho Denis
Rosenfield faz uma reflexão crítica acerca do PT e da estrutura política brasileira.
O autor insere em sua análise a crise das instituições políticas tradicionais,
como partidos, sindicatos e até os movimentos sociais mais conhecidos, que
ficaram à margem das manifestações. No décimo e último capítulo, o cientista
político Rogério Schmitt faz uma esclarecedora análise da participação dos
jovens na população e na política brasileira.
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