"Sexo e as Negas" quer dar um novo olhar para a mulher negra do subúrbio
setembro 04, 2014Foto: Estevam Avellar / Reprodução / TV Globo. |
Inspirado na série Sexy and the City, o ator e escritor
Miguel Falabella resolveu criar uma história mais próxima da realidade
brasileira em Sexo e as Negas. O
seriado estreia no dia 16 de setembro, por volta das 23h, na Rede Globo. Apesar
das críticas em relação ao título e a forma
estereotipada de retratar a mulher negra, o programa quer dar espaço
também para assuntos comuns do universo feminino.
"Eu falo de mulheres que, por acaso, moram em uma
comunidade, mas que querem ficar bonitas, querem arrumar homens que as amem e
que cuidem de suas possíveis crias. É como qualquer outra mulher no mundo! São
quatro mulheres negras de Cordovil, com os mesmos dramas das nova-iorquinas. Elas
são vibrantes, extremamente arrumadas e donas de outra relação com o
corpo", explica Falabella.
A história mostra o universo de
quatro mulheres negras na cidade alta de Cordovil, subúrbio carioca. Tilde
(Corina Sabbas) é operária, Zulma (Karin Hills) é camareira, Lia (Lilian
Valeska) é costureira e Soraia (Maria Bia) é cozinheira. As quatro, sonhadoras
e esperançosas com o futuro, nasceram no bairro e desenvolveram laços
profundos.
A figura aglutinadora do grupo é
Jesuína (Cláudia Jimenez), dona de um bar onde funciona informalmente uma
pequena "agência de empregos" e onde as amigas se encontram para discutir
seus problemas e de onde partem para se aventurar na luta pela sobrevivência.
Foto: Miguel Falabella / Instagram / Reprodução. |
Para escolher as protagonistas da
série, Miguel Falabella recorreu ao teatro, mais precisamente aos musicais
brasileiros, do qual é um profissional bastante atuante. A ex-Rouge Karin Hils, a mais conhecida das quatro, integrante do
elenco de Pé Na Cova, também de Falabella,
esteve nos musicais Alô, Dolly!, Hair e Hairspray.
Já Corina Sabbas protagonizou Fame, Aida e esteve em Hairspray,
enquanto Lílian Valeska esteve em Tim
Maia: Vele Tudo e em Todos os
Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos, e Maria Bia Martins em Hairspray.
E a escolha delas não foi por acaso: ao final de cada capítulo, as quatro
atrizes-cantora farão um número musical, assim como na série Antônia, exibida na Globo em 2006.
Retorno
Sexo e as Negas marca também o retorno de Claudia
Jimenez à TV, depois de um problema de saúde que ela teve no ano passado e que
acabou a afastando das gravações da novela das 7, Além do Horizonte. Jesuína, a personagem de Claudia, será uma
espécie de narradora da trama, dona de uma rádio comunitária e de um bar que é
o point dos moradores do Cordovil.
“Acho que o público vai gostar muito, porque envolve a
história de pessoas humildes. O povão vai se identificar com o programa, com
aquela bagunça de comunidade e personagens pra cima e engraçados. Vou narrando
igual aquela loira em Sex and The City.
Isso é novo na minha vida, e eu estou achando chiquérrimo!", conta Claudia.
Fotos: Ellen Soares / Reprodução / TV Globo. |
Outra atriz que volta a trabalhar com
Falabella é Alessandra Maestrini, conhecida na TV pela emprega Bosena (lá de
Pato Branco, daí) do sitcom Toma Lá, Dá
Cá. "Vai mexer muito com a
questão sócio-política. Não apenas o racismo, mas também com a mulher. Me
considero um pouco feminista. Nesse sentido, eu luto para garantir meu espaço,
assim como as moças da série".
A atriz conta que mudou o visual para
dar vida a uma gaúcha, com sotaque afiado. "Tenho
facilidade para me adaptar. Meu ouvido é muito apurado. Além do fato de eu ser
cantora, meu pai é poliglota, então desde pequena ouço línguas diferentes.
Dizem que o aparelho fonador fica facilitado assim", complementa.
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2 comentários
Seria de mais esperar que na mida brasileira retratassem 4 mulheres negras com profissões prestigiadas, Estereotipo puro, racismo escancarado. A mulher negra ainda é vista no Brasil como eram no período colonial, esse é o fato!
ResponderExcluirClaro que problemas existem em todas as partes do mundo e que o pelo fato de nascer mulher em um mundo feito pelos e para os homens, toda mulher acaba experimentando situações absurdas, mas, além de mulher, no Brasil as negras sofrem duplamente, sempre presas ao estereótipo da "ninfomaníaca", sempre pobres, sempre domesticas e funções no mesmo nível.
Também, o que esperar do Falabela... O "Datena" da dramaturgia. Depende da polêmica para estar em destaque.
Oi Luiz! O estereotipo da mulher negra no título é algo que me incomodou no início, mas temos que lembrar que é uma série de humor e que existe sim a mulher negra do subúrbio que merece ser retratada tão quanto a negra bem sucedida com uma profissão de prestígio - apesar desta última nem sempre ter espaço para ser retratada. Vamos ver a série no ar para construir avaliações mais embasadas. No mais, obrigado pelo comentário. Um forte abraço.
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