Menino que teve o braço dilacerado por um tigre é retrato da omissão dos adultos

agosto 01, 2014



Uma das notícias que mais chamaram a atenção nesta semana foi o fato de um menino de 11 anos ter o braço dilacerado por um tigre, no zoológico de Cascavel, no Paraná. Nas imagens, a criança pulou a grade do recinto dos felinos e brincou por alguns minutos com um leão e um tigre.

Pessoas filmaram a ação do menino e não fizeram nada. O pai estava cuidando do filho mais novo e também não fez nada para impedir que o menino continuasse ali em situação de perigo. Os guardas do zoológico, mesmo monitorando por câmera, só se dirigiram ao local depois da tragédia. 

Como assim ninguém faz nada e deixa a situação chegar neste ponto? Será que estamos mais omissos diante de uma tragédia anunciada? Porque ninguém apareceu ali e disse NÃO ao garoto? Abaixo, assista a reportagem sobre o assunto:

A verdade é que educar é aprender a dizer NÃO. Sem culpa. E isso serve tanto para pais, quanto para os responsáveis. É claro que toda criança – ainda mais as de hoje que não brincam na rua e tem pouquíssimo contato com os animais, ficam deslumbradas quando vão a um zoológico. Isso é natural. Mas é preciso por limites, principalmente quando um adulto percebe que uma criança está em situação de perigo e não faz nada: prefere filmar o ocorrido e postar na internet.

A questão não é a internet em si, mas sim a postura dos adultos. Não houve ninguém para falar um “não pode”, “isso é perigoso”, “você só pode chegar até aqui”, “menino, cadê o seu pai ou a sua mãe?”. Muitas pessoas têm medo de repreender o “filho dos outros”, porque infelizmente tem muitos pais que não gostam de ver o filho ser chamado a atenção por um estranho. 

Ao invés de condenar o ato da criança mostrando para ela que aquilo é errado, os adultos começam a brigar e a criança que ainda está com o seu caráter em formação fica com dificuldade de entender o que é certo e errado, e acaba ficando sem limite. Ela pensa: “se meu pai deixa eu fazer, quem é esse cara pra dizer que eu não posso?”. 

Em um futuro não tão distante, esta criança não vai ter nenhum critério de certo ou errado porque não irá respeitar a autoridade, seja de um pai, de um professor, por exemplo. Educação é algo muito complexo e que está nas pequenas coisas do nosso dia-dia, e não só na escola ou em sala de aula.

Outro detalhe que também é correlacionado a isso: todo mundo já presenciou uma criança sendo advertida, independente da idade, que começa a fazer birra. Tem pai que não se deixa levar pela chantagem emocional, mas tem outros que se derretem inteiros e fazem todas as vontades do filho. O que pode ser uma questão, aparentemente emergencial, pode trazer vários reflexos no futuro. 

Criança precisa de limite. E esse limite não significa bater ou agredir verbalmente. O limite está no NÃO. De forma firme mesmo e, assim que a criança for se acalmando, o adulto conversa com ela sobre o ocorrido. Ainda mais quando a criança já for grandinha....o NÃO só surtirá efeito com a postura firme e a conversa.

Muitos pais têm medo de parecerem firmes e falar NÃO. A culpa por trabalhar demais e dar pouca atenção, por exemplo, faz com que estejamos criando crianças e adolescentes sem limite numa escala assustadora. O resultado desse menino de 11 anos com o braço dilacerado é a prova disso: falou alguém para falar um NÃO e orientá-lo de que estar ali, tão perto de um animal selvagem, é perigoso.

Ao ver as reportagens sobre esta criança que perdeu o braço no zoológico penso que a situação poderia ser outra se um adulto fosse lá e dissesse não, sem violência ou agressão, só no diálogo mesmo, explicando para o menino o risco que ele estava correndo e o retirasse de lá de perto da grade. O desfecho seria outro menos trágico. Falar NÃO pode ser difícil para muitos pais ou responsáveis, mas pode ter certeza que ele é necessário. O NÃO também educa.








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Jornalista

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1 comentários

  1. Eu fiquei tão, mas tão horrorizado com o que aconteceu com essa criança. Horrorizado por ele não ter noção do perigo, pelo pai estar presente e permitir, por não ter segurança e por ter alguém filmando ao invés de tomar uma atitude! Fico pensando no meu sobrinho, que é atentado e certamente também iria fazer a mesma coisa, mas do alto de seus 3 anos!!!

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