"Em Família" chega ao fim com rejeição do público e como a pior audiência da faixa das 9 da Globo

julho 20, 2014

Fotos: TV Globo / Reprodução.


Paciente. Não tem outro adjetivo melhor para definir o telespectador de Em Família, da Rede Globo. Trata-se da novela das 9 que nunca aconteceu e só ficou na promessa. Divulgada como a última novela de Manoel Carlos, a trama trouxe uma das Helenas mais chatas da história, além de mostrar uma enorme perca de prumo na trama principal.

Como engolir a história de amor da filha com o ex-namorado da mãe e do assassino do pai? Foi demais. Nem mesmo as tramas paralelas da novela salvaram. Por exemplo, o casal Clarina custou para ter a história desenvolvida. Alguns núcleos não aconteceram, como o do Asilo, que mais serviu como figuração de luxo.

Nem mesmo o mistério final que o autor quis colocar para saber se Juliana matou mesmo a Gorete foi desenvolvido com a nuance necessária. Tudo ficou ali, no superficial, como se a novela fosse uma eterna crônica. Até o Leblon, bairro ícone das histórias do autor era citado, mas não era mostrado: apenas imagens de cartões postais do Rio de Janeiro. Definitivamente, não parecia uma novela de Manoel Carlos.

O autor que é conhecido pelos seus ótimos diálogos, perdeu a mão naquilo que é mais importante em uma novela: uma história com ganchos dramáticos possíveis e credíveis. Nem mesmo a promessa de vilã de Branca e de Shirley se concretizou. Tudo ficou raso. A impressão que fica é que Maneco precisava mesmo era de uma supervisão de texto, de um outro colega que conseguisse injetar mais ação e menos crônica contemplativa.
Fotos: TV Globo / Reprodução.

Do jeito que foi escrita, Em Família parece mais uma novela das 6 do que das 9. Tudo era muito poético e distante da realidade do povo brasileiro que não se via na história. Nos grupos de discussão que a Globo promoveu, um dos pontos mais críticos da novela era justamente esse: a classe C não se via na novela. Com isso, o personagem Jairo, de Marcello Melo Jr., viu seu personagem crescer para justamente fazer essa ponte que tanto faltava no público.

Outro ponto crítico de Em Família era a questão das idades dos personagens: como Julia Lemmertz, a Helena da vez, seria filha da Natália do Vale e sobrinha da Vanessa Gerbelli? Fora que a Helena, Virgílio e o Laerte da primeira fase não batiam com a da terceira e última. Pareciam que eram duas coisas diferentes. Ficou muito estranho.

No mais, Em Família se despede do público como a pior audiência de um último capítulo de uma novela das 9 da década, com uma média de 34 pontos, segundo o Ibope. Para se ter uma ideia, a novela Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro, um dos grandes sucessos da TV brasileira em 2012, marcou 52 pontos no episódio final.

O próprio último capítulo nem parecia um último capítulo. A morte de Laerte, de Gabriel Braga Nunes, na porta da igreja por uma personagem secundária aos 45 do segundo tempo, foi a coisa mais sem noção já vista. Definitivamente, Manoel Carlos se despede com uma péssima impressão no público, algo já notado desde Páginas da Vida e Viver a Vida. Maneco não é mais o mesmo, infelizmente.






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