#Copa2014: O que mudou na Copa do Mundo e na seleção brasileira de 2010 para 2014?
julho 06, 2014
Há um pouco mais de um mês o Café com Notícias está em clima de Copa do Mundo. O país respira, acorda
e dorme com o Mundial. Aqui no blog procurei propor ao leitor uma cobertura
exclusiva e que abrange as mais variadas seções. Para falar das partidas,
resolvi que daria destaque apenas para os Jogos que seriam realizados em Belo
Horizonte e os jogos da seleção brasileira.
Nas muitas seções que existem no Café com Notícias, trouxe dicas de
livros, discussões da TV e da Web, além de crônicas e artigos de especialistas
das mais diversas áreas que analisaram assuntos relacionados a Copa do Mundo. Até aqui, a resposta do
público tem sido muito positiva. Os leitores comentam muito na página do Google Plus.
Acho isso um barato!
Como jornalista profissional e
blogueiro, é a segunda Copa do Mundo
que cubro. Além disso, o Mundial de 2014 tem um gostinho especial por ser no
Brasil. Muita coisa estou vivendo de perto e relato aqui no Café com Notícias. Não me canso de
dizer que é uma experiência única de muito trabalho e ensinamentos.
E essa Copa do Mundo de 2014 começou muito desacreditada. Manifestações
populares em 2013, turma do contra com a hashtag #NãoVaiTerCopa, estádios prontos em cima da hora, obras de
mobilidade urbana que não conseguiram ficar prontas a tempo, operários que
morreram nas construções de estádios, pessoas desabrigadas por conta de espaços
públicos que foram ampliados, aeroportos em reformas, superfaturamento e
falcatruas dos mais diversos níveis.
A mídia tradicional abocanhou para si
o bordão “Imagina na Copa?” e resolveu comprar a peixada do “não vai ter Copa”.
Só que para a felicidade geral dos que gostam de um bom futebol, a Copa do Mundo no Brasil pegou e as
hashtags #VaiTerCopaSim mostrou que
o Brasil vive a #CopaDasCopas.
As manifestações se transformaram em
episódios de vandalismo e foram perdendo a empatia popular. Os gringos
invadiram o Brasil, mas não foram para hotéis de luxo, mas sim para hospedagens
mais baratas, como áreas de camping, aluguel de quartos, pousada, pensão ou
hostel.
Aqui em Belo Horizonte, por exemplo, gringos
e torcedores transformaram a Savassi numa micareta (carnaval fora de época) nos
dias de jogos do Brasil ou de jogos de fim de semana. A FIFA Fan Fest também decolou em várias cidades-sede da Copa. As
manifestações ficaram mais pontuais e estavam ligadas mais as ações
políticas-partidárias, de movimentos que queriam pressionar o poder público,
principalmente em um ano de eleição. Não decolaram como no ano passado.
O Brasil comandado pelo técnico
Felipão ousou e trouxe uma seleção com rostos novos. Há uma predominância de
novatos e de meninos que mostram que são amigos fora de campo e que estão se
doando de forma física e emocional rumo ao hexa campeonato. A seleção brasileira
chegou a sua semifinal, mas perdeu a sua principal estrela: Neymar Jr. Há chances reais de ganharmos
a Copa, apesar de termos ótimas equipes como Alemanha, Holanda e Argentina pela
frente.
Em 2010, o cenário era outro. Peço
licença para falar como torcedor, mas não me simpatizava com a seleção daquela
época. Acho que foi a pior que já tivemos. Muitos dos jogadores que estavam ali
não me entusiasmavam e pareciam estar ali mais pela fama, dinheiro, do que pelo
amor à camisa verde-amarela. Outra coisa que notei de diferente que se em 2010
Pelé e Robinho foram os reis da
publicidade da Copa do Mundo, em 2014 foram Felipão e Neymar Jr.
Ler a cobertura do Café com Notícias na Copa
do Mundo de 2010 é uma volta ao tempo muito gostosa. Em TV, por
exemplo, a transmissão dos jogos rendiam a Globo uma média de 40 pontos. Em
2014, a Globo perdeu dez pontos e está com uma média de 30 pontos. Já a Band
manteve os 10 pontos de média de 2010.
Em 2014, pouco tempo antes de começar
a Copa do Mundo, perdemos Luciano do Valle, principal narrador esportivo da
Band. Em 2010, Luciano ganhou destaque na cobertura por esquecer nomes de
jogadores e ter sempre a ajuda do comentarista Neto para lembra-lo do que
estava acontecendo em campo.
Para a cobertura deste ano, a Band
colocou Nivaldo Prieto e Teo José como os principais comentaristas. Já José
Luiz Datena foi deslocado para o canal BandSport, na TV Paga, e está sendo
muito criticado por fazer narrações parciais, torcendo descaradamente para uma
equipe em detrimento da outra. O telespectador não curtiu.
Ainda
relembrando casos do Mundial de 2010, três fatos
me chamaram a atenção: teve a polêmica do Alex Scobar com o Dunga, as previsões
de resultados assertivos do Polvo Paul e a hashtag Cala Boca Galvão, no Twitter. Galvão não narrava os jogos: falava
da programação da Globo, dos churrascos que participou na casa de jogadores ou
de histórias dele na Copa do Mundo, menos o que acontecia em campo. Ninguém
aguentava...por isso surgiu o “cala boca”.
Este ano, temos um Galvão
completamente mudado e muito mais humilde no vídeo, aparentemente. Claro,
existe gente que não gosta da narração dele, mas este ano o locutor ficou
apenas com os jogos do Brasil e está se concentrando muito mais no jogo. Além
disso, a participação dele ao lado de Patrícia Poeta no Jornal Nacional ajudou a dar uma suavizada na imagem.
Outra coisa que mudou nesta edição da
Copa do Mundo, é a postura da FIFA em relação à imprensa. Qualquer editor
online de qualquer parte do planeta consegue ter um acervo muito bom de fotos,
vídeos e releases das partidas assim que os jogos acabam. Todas as fotos usadas
pelo Café, por exemplo, são as fotos que a FIFA divulga. O que ajuda muito, principalmente
porque a resolução é bem melhor.
Relendo as matérias, percebo que tínhamos
uma seleção brasileira broxante e que muitos jogos davam sono. Naquela época,
Dunga era o técnico e as estrelas do time eram Robinho, Luiz Fabiano e Kaká. Se
este ano a Granja Comari virou a “casa mais vigiada do Brasil durante a Copa”,
em 2010, na África do Sul, Dunga proibiu que a imprensa ficasse colada na
seleção brasileira igual um reality show.
Particularmente, essa overdose de pseudo-notícias
da seleção brasileira toda hora me incomoda. Tem coisa que não é notícia e vira
só porque precisa preencher lacuna nos noticiários. Sinceramente, não curto
isso, mas é a abordagem que está aí. Infelizmente.
Outra curiosidade de 2010 é que a
Globo não passou todos os jogos na TV aberta. Só a Band que fez isso. E outra:
por conta do fuso horário, haviam partidas que eram na parte da manhã, e isso
não empolgou tanto quanto este ano. A Copa do Mundo de 2014 tem jogos na parte da tarde
e, praticamente, todos os jogos estão emocionantes porque não temos mais uma
seleção favorita, e sim várias seleções boas que se tornaram “zebras” e
quebraram as pernas de muitos bolões por aí.
O que dizer de Colômbia, Costa Rica, Chile,
Holanda, Bélgica e Estados Unidos que vieram para a Copa do Mundo no Brasil com uma pegada completamente diferente,
mostrando-se seleções capazes sim de chegar a uma final com um bom futebol.
Eu mesmo estava torcendo para uma
final no Maracanã com Brasil e Costa Rica. A seleção costariquenha fez uma
campanha linda e empolgou todo mundo mesmo. Tenho certeza que seria um jogo
emocionante! Para você ter uma ideia, em 2010, a Espanha ganhou a Copa num jogo
contra a Holanda, sendo que em 2014 ela saiu logo na primeira fase. O panorama
mudou muito de lá para cá.
A cobertura desta Copa do Mundo aqui no Brasil tem me
ensinado muitas coisas. Está sendo um aprendizado maravilhoso. Ainda faltam
dois jogos para o Brasil chegar à final, sendo que um deles será aqui em Belo
Horizonte. O que imagino que será uma emoção dupla. Uma oportunidade única! Então,
falta pouco para encerrarmos a cobertura da Copa de 2014. E espero que vocês estejam gostando do trabalho. Eu
acredito que poderemos chegar ao Hexa, e você?
Fotos: UOL Esporte / FIFA / Reprodução.
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Jornalista
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