Miriam Leitão lança o romance "Tempos Extremos" em BH
junho 08, 2014
O Brasil possui em sua história tempos extremos. Já passamos pelo
horror da escravidão do negro de origem africana e do terror da Ditadura
Militar. Ambas as passagens deixaram feridas na nossa sociedade. E dessas
extremidades históricas, a jornalista especializada em economia, Miriam Leitão, criou um gancho único
para a sua estreia no mundo dos romances com o livro Tempos Extremos, da editora Intrínseca, lançado neste último sábado
(07/06), em Belo Horizonte, na Livraria
Leitura.
Natural de Caratinga, Minas Gerais, Miriam Leitão conta que escrever
ficção era um sonho antigo que ela acalentava secretamente no cotidiano árido
do jornalismo econômico. “Às vezes, as
coisas brigavam, não tinha jeito: entre TV, rádio, jornal, internet, livro de
não ficção e o romance, ficava semanas sem tocar em Tempos Extremos. Mas em outras ocasiões, trancava-me por horas
seguidas afastada de todos e apenas escrevia. Foi uma experiência forte e
apaixonante’’, revela.
A partir de vários eixos históricos, Miriam Leitão fala de conflitos
familiares em meio a situações políticas que interferiram diretamente no âmbito
pessoal das personagens. Em Tempos
Extremos, a protagonista Larissa percorre diferentes
passagens de tempo para desvendar os mistérios que envolvem a centenária
fazenda Soledade de Sinhá, em Minas
Gerais. A família dela, dividida por antigos rancores, ainda lida com o
sentimento dos que carregam a feridas deixadas pela escravidão e ditadura.
Na sessão de
autógrafos da @miriamleitaocom,
na Leitura do @bhshopping!
https://t.co/tEfVBO80U4
—
intrinseca (@intrinseca) 7
junho 2014
“Esse primeiro romance não foi premeditado. Eu não sentei e decidi
escrever uma ficção. Ela se impôs. Numa tarde de sábado, após o lançamento do livro
Saga Brasileira, imaginei uma cena e, como não estava fazendo nada, resolvi
pô-la no papel. Segui escrevendo e os personagens continuavam comigo — e
comecei a me envolver cada vez mais com os personagens. Ao mesmo tempo, tenho
trabalhado no meu próximo livro de não ficção que será lançado no ano que vem.
Eu me dividi em 2012 e 2013 entre os dois livros”, diz a jornalista e escritora.
Interesse
Miriam Leitão sempre teve interesse por temas da
história brasileira como um todo, não só a parte econômica. Ao longo da
carreira, a jornalista teve a oportunidade produzir várias reportagens que extrapolavam a
agenda de notícias de economia do dia. Em 2012, por exemplo, Miriam fez uma reportagem
sobre as descobertas do Cais do Valongo
e do cemitério dos Pretos Novos,
localizados na Zona Portuária do Rio de Janeiro, em Arqueologia
da Escravidão.
Ainda
no mesmo ano, a jornalista tocou em um ponto difícil da sua própria história. Por
ter sido presa política durante a Ditadura Militar, ela fez uma reportagem
especial sobre os familiares que sofrem até hoje com o desaparecimento político
de seus entes, em Caso
Rubens Paiva: uma história inacabada.
Ambas reportagens
exibidas no programa dela no canal Globo
News (TV Paga) foram agraciadas com prêmios jornalísticos: Prêmio Abdias
Nascimento 2012, na categoria menção honrosa, e Prêmio Vladimir Herzog de 2012,
na categoria reportagem de TV, respectivamente.
Em Tempos Extremos, é possível ver o quanto estas duas reportagens
incomodaram a jornalista a ponto dela pensar em um romance inédito em meio a
vários casos dentro desses tempos extremos da nossa história e que o povo ainda
não conseguiu digerir e/ou compreender totalmente. Só o diálogo sobre estas passagens será capaz de ajudar a cicatrizar estas feridas.
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Jornalista
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