“Em Família” é rejeitada pelo público e vira pesadelo no horário nobre da Rede Globo

junho 08, 2014



O que era para ser uma despedida em grande estilo de Manoel Carlos do mundo das telenovelas se tornou um pesadelo no horário nobre da Rede Globo. Em Família é rejeitada pelo público, tem a construção confusa dos personagens principais, não dialoga com a realidade do telespectador e já ganhou o título de pior novela das 9 da última década.

Com uma média de audiência na casa dos 25 pontos, Em Família não decolou e teve o seu final antecipado para depois da Copa do Mundo. Com isso, a novela Império, de Aguinaldo Silva, que já chegou a ter o título provisório de Falso Brilhante, teve que correr com a produção para ter uma frente razoável de capítulos.

Mas, porque Em Família não colou? Os motivos são inúmeros. E o primeiro deles é o fato que desde Mulheres Apaixonadas Manoel Carlos já não é mais o mesmo roteirista que emplacava sucessos. Com idade avançada e problemas de saúde, Maneco teve dificuldades com todas as suas últimas novelas por conta da narrativa lenta e construção equivocada de personagens nada verossímeis.

O caminho sensato seria, desde o início de Em Família, Manoel Carlos escrever a novela ao lado de um supervisor de texto. Isso evitaria o desastre que foi a primeira fase da novela que teve que jogar no lixo quase 18 capítulos, no intuito de dar uma maior agilidade à trama que estava sendo acusada de ser lenta e superficial.
Foto: TV Globo / Reprodução.

Outro ponto preocupante é a construção da Helena da vez. Bruna Marquezine adotou um tom completamente diferente de Julia Lemmertz. Enquanto a Helena da primeira fase era solar, descolada e sexualmente livre, a da segunda se tornou uma mulher rancorosa, amarga, reprimida e que tem dificuldade de lidar com os problemas do passado.

Esta deixa poderia ser ideal para que Maneco transformasse a sua última Helena numa espécie de vilã, uma mulher que enlouqueceu pela frustração de não ter tido a possibilidade de viver um amor do jeito que gostaria. Mas o autor preferiu ir para um caminho confuso: a Helena é chata! Se tornou aquela personagem que incomoda, mas não gera história.

Se Manoel Carlos tinha matado a Helena de Taís Araújo em Viver a Vida, na Helena de Em Família, ele jogou uma pá de cal na personagem de Julia Lemmertz. O público não consegue torcer por essa Helena porque ela não tem nada da Helena da primeira fase. Esta Helena virou uma mulher que rumina o passado, mas que não consegue agir no presente, nem vislumbrar um novo futuro.
Foto: TV Globo / Reprodução.

Fora que o amor da Luíza, de Bruna Marquezine, filha de Helena e Virgílio, e Laerte, de Gabriel Braga Nunes, grande amor da Helena na primeira fase, não vingou. A filha sabia desde o início do trauma da mãe e insistiu viver este relacionamento por mimo. Inclusive, quer casar com o homem que enterrou o pai dela vivo.

Dá para engolir uma história desta? Não mesmo. Só trocando de canal. É por essas e outras que o share da TV Paga aumenta a cada semana. O público já encontrou um cardápio diferente na faixa das nove. E com a notícia publicada no jornal O Dia que Maneco vai ser afastado de Em Família por motivos de saúde a situação do folhetim fica ainda mais tensa. Triste ver um autor do quilate de Manoel Carlos transformando a sua anunciada última novela no pior trabalho na TV.






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Jornalista

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1 comentários

  1. Essa novela tem tantos problemas que nem sei por onde começar. Achava que Salve Jorge era a pior novela da década, mas essa está se superando. Os personagens são muito distantes, não nos atraem, não nos transportam para dentro da história. O Laerte então é a frieza em pessoa, talvez o pior papel do Gabriel Braga Nunes. Fico triste por ver um autor tão consagrado como o Maneco tendo último trabalho tão morno e sem sal.

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