Site "Não Move" reúne reclamações sobre o transporte público na Grande BH
maio 05, 2014O programador Luiz Felipe Pedone, de 26 anos, é autor do site "Não Move". Foto: Arquivo Pessoal. |
Superlotação, itinerário atrasado,
desrespeito com o usuário e muito, mas muito descaso das autoridades em dar uma
resposta satisfatória aos problemas do transporte público em Belo Horizonte. Para tentar reverter
esta história, nasceu o site Não Move.
A iniciativa ganhou destaque nas
redes sociais nas últimas semanas e, vira-e-mexe, já se tornou assunto entre as
pessoas que usam ônibus todos os dias para se locomover pela capital mineira e
estão cansados de acionar a BHTrans
e não conseguirem uma resposta que, realmente, resolva.
Para falar mais sobre este projeto, o
Café
com Notícias conversou com o programador Luiz Felipe Pedone, de 26
anos, criador do site Não Move. No bate-papo, ele
contou como criou esta iniciativa e revela que o site, desde o início do mês,
já acolhe reclamações sobre o transporte público das cidades da região
metropolitana de BH. Acompanhe a
entrevista:
1) Primeiramente, como surgiu a ideia do site "Não
Move" e como tem sido a repercussão do projeto?
A ideia de criar o site surgiu
durante a Semana Santa deste ano. Na sexta-feira da Paixão, fui e voltei para a
casa da minha namorada de ônibus. Por causa do horário atípico do feriado,
fiquei mais de uma hora esperando o ônibus tanto na ida quanto na volta.
Voltando pra
casa, conversei com um passageiro que estava comigo no ponto e ele
demonstrou-se muito desacreditado em relação às reclamações no site da BHTrans.
Para ele, reclamar lá não dava em nada. Aí tive a ideia de fazer um site onde
qualquer pessoa pudesse reclamar e ver quem reclamou.
2) Quanto ao título "Não Move": trata-se de uma
crítica ao atual sistema BRT/MOVE ou ao fato da atual situação do transporte
público?
O nome é uma brincadeira com o nome
do BRT, mas a ideia é criticar a dificuldade de mobilidade. O site não tem como
foco criticar o BRT e sim criticar toda a política de mobilidade urbana de Belo
Horizonte.
3) Pelo ranking atual do "Não Move", a linha
2004 é campeã de reclamações. Gostaria que você falasse sobre esta proposta do
ranking e se você acredita que esse tipo de mapeamento das "piores
linhas" pode pressionar a BHTrans e a própria empresa para resolver a
questão?
A ideia do ranking é demonstrar que
algumas linhas têm problemas muito graves. O 2004, por exemplo, é uma linha que
sempre ouvi pessoas reclamando. Agora há um número que confirma isto.
Acho que
este tipo de estatística pode servir de subsídio para a população reclamar com
as empresas responsáveis e com a BHTrans. Além disso, acho que as estatísticas
podem ajudar a população ver que muita gente sofre com os mesmos problemas
diariamente.
Site "Não Move" acolhe reclamações dos usuários do transporte coletivo na Grande BH. Foto: Reprodução. |
4) E por falar em resolver a questão, desde que o
"Não Move" foi criado a BHTrans e a Prefeitura de BH já se
posicionaram para mediar soluções? Se ainda não, na sua avaliação, qual é o
motivo desse silêncio?
Ainda não fui procurado pela BHTrans
e pela Prefeitura. Creio que isto seja um bom exemplo da falta de envolvimento
destas entidades com as demandas e interesses da população.
5) Por enquanto, o "Não Move" recebe reclamações
apenas de usuários do transporte público de BH. Há intenção de expandir para as
cidades da região metropolitana?
As linhas da região metropolitana
foram adicionadas ao site na última quinta-feira (01/05/2014). Esta foi uma das
principais solicitações dos usuários. Tenho sido questionado também sobre
ampliar o site para outras capitais brasileiras, o que pode tornar-se realidade
no futuro.
6) A falta de mobilidade urbana é um dos principais
problemas de BH. Na sua opinião, o que falta para a capital mineira ter um transporte
público mais eficiente?
O problema de mobilidade urbana só
será resolvido com uma política que valorize o transporte público. A nossa
cultura é que o transporte público é ruim. Quantas vezes já ouvi pessoas
falando que andar de ônibus é coisa de pobre ou casos de pessoas que gastam
mais da metade do salário mantendo um carro.
A cultura do carro como status é
uma coisa que precisa mudar. E para mudar, campanhas de conscientização,
melhorias reais nas condições do transporte coletivo e apoio para quem quer
usar o ônibus e o metrô são fundamentais.
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Jornalista
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