Será que as mensagens de texto via celular estão com os seus dias contados?

maio 27, 2014

Foto: iStock / Reprodução.


Na seção Café Convidado desta semana, o empreendedor Cássio Bobsin Machado fala sobre o uso das mensagens de texto no celular, o chamado Short Message Service (SMS). No artigo, ele comenta que de tempo em tempo é anunciado a morte das mensagens de texto via celular quando há o crescimento de alguma ferramenta ou aplicativo de mensagem, como o WhatsApp. Cássio acredita que o SMS nunca morrerá uma vez que 94% dos usuários ainda usam mensagens para se comunicar. Abaixo, confira o texto:


O SMS está morrendo?


Por Cássio Bobsin Machado*


A morte do Short Message Service (SMS) foi anunciada ao mesmo tempo em que o Facebook comprava o WhatsApp por U$ 19 bilhões de dólares. Notícia ruim vende. Mas é bom entender o que está por trás de tais afirmações bombásticas. Dados do setor mostram que o SMS atingiu a maturidade.

Antes o SMS era a única opção viável de mensagens instantâneas no celular. Agora os serviços de Mobile Instant Messaging (MIM), como WhatsApp, Hangout, Viber, Line, KakaoTalk e WeChat ameaçam seu domínio.

No passado, o mercado de Instant Messaging (IM) foi disputado por ICQ, Yahoo Messenger, MSN Messenger, Skype e outros. Cada um liderou o mercado ao seu tempo e foi substituído pelo próximo. Matéria de 2002 da Forbes, intitulada “Mensagens instantâneas, Lucro lento”, descrevia a época: o maior objetivo das startups de IM era ser comprada por um grande player.
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Os MIMs são redes fechadas. Eles não se intercomunicam. Você nunca enviará uma mensagem para o WhatsApp utilizando o WeChat. Se fosse possível, estaria tudo perdido para eles. O valor de uma empresa de MIM está em sua audiência. Se a audiência migra, a atratividade do negócio some. Na competição entre redes fechadas, o sucesso é efêmero.

Olhemos para o mercado ao lado. O fenômeno das redes sociais começou com o MySpace. Depois veio o Orkut que atingiu milhões de usuários no Brasil e na Índia. Twitter cresceu e encontrou um nicho em mídia. Linked In conquistou o público corporativo. Google Plus corre por fora. 

O atual líder Facebook vem perdendo audiência entre jovens e adultos. Amanhã serão outros. Serviços fechados vêm e vão. Tecnologias abertas de comunicação que se tornam padrão tendem a amadurecer e estabelecer seu nicho.

SMS é um padrão. Não tem dono, é aberto e funciona em 100% dos celulares do mundo. Veja a ligação telefônica. Criada em 1876, foi impulsionada pela ampliação da telefonia móvel. O crescimento do tráfego é estável. Mas a receita global vêm caindo pela redução do preço por minuto. 

Veja o Fax. Criado em 1926, migrou para o meio digital e é usado por milhões de empresas para transmissão segura e autenticada de documentos. Estudo da Davidson Consulting diz que o mercado de Fax sobre IP deve crescer 10,2% ao ano até 2017.
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Veja o e-mail. Criado em 1969, é usado em 68% dos Smartphones no mundo. Estudo da TechNavio indica que mercado deve crescer 7,5% ao ano até 2018. E o SMS? Criado em 1992, é usado em 94% dos Smartphones. Segundo estudo da Portio, o tráfego mundial pessoa a pessoa estabilizará até 2017. Mas o preço unitário deve cair. Isso deve impactar a receita global do serviço mais lucrativo das operadoras.

O mercado corporativo é que garantirá a receita das operadoras no SMS.  As empresas usam SMS para alertas de transação, tickets de vôo, lembretes de consulta e exame, avisos de fatura, confirmações de compra, autenticação de serviços, relacionamento com clientes, e outros. O volume crescerá mais de 10% ao ano pelas projeções do mercado.

O serviços MIM são fechados, logo não permitem uso corporativo. Por isso 70% das organizações consideram o SMS a tecnologia móvel número um. Outros 16% planejam adotar o SMS em 2014 segundo a Forrester Research.

O bom e velho SMS viverá. Bilhões de pessoas usam. É fácil, simples e funciona.  Qual a diferença? Não está mais sozinho. As operadoras agora têm competição e o preço vai cair.




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*Perfil: Cássio Bobsin Machado tem 33 anos e é CEO da Zenvia. Ele é empreendedor em série desde os 18 anos e já fundou ou investiu em mais de 10 startups. É graduado em Ciência da Computação, tem MBA em Gestão Empresarial e é Mestre em Administração.








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