#somostodosmacacos debate preconceito racial por meio de uma ação de marketing

abril 28, 2014



Não é de hoje que o preconceito é uma chaga da nossa sociedade. É inacreditável que ainda em 2014 é preciso dar uma boa dose de “semancol” em pessoas que se acham melhores que as outras só por conta do tom de pele, religião ou cultura. Haja paciência!

Este ano, os casos envolvendo racismo e futebol ganharam destaque na mídia. E neste domingo (27/04), mais um ganhou grande repercussão. Tudo começou quando o jogador Daniel Alves, do Barcelona, resolveu comer uma banana que lhe foi jogada por um torcedor espanhol numa tentativa de intimidá-lo dentro de campo. 

Rapidamente, o jogador Neymar Jr., postou uma foto segurando uma banana, ao lado do seu filho. Ele utilizou a hashtag #somostodosmacacos e virou um hit da internet.

Daniel Alves e Neymar são amigos. Inicialmente, fãs, internautas e imprensa pensaram que atitude do atleta revelado no Santos tivesse um cunho de apoio ao amigo que também é jogador de futebol. Todo mundo pensou que seria uma iniciativa para criar uma verdadeira mobilização nas redes sociais em torno do enfrentamento ao preconceito racial.


O debate funcionou. Celebridades e internautas adotaram a hashtag #somostodosmacacos e fizeram uma verdadeira campanha contra o racismo. Mas, logo no decorrer do dia, foi possível entender que a hashtag não foi algo que Neymar criou de forma espontânea. Por trás, havia a mão da agência Loducca que já havia desenvolvido uma campanha de enfrentamento ao racismo, mas esperou o “momento certo” de solta-la.

Além disso, o apresentador Luciano Huck se antecipou em sua Loja Online para vender camisetas com a hashtag, praticamente no dia seguinte. Se a ação é casada, o tempo dirá...mas que é suspeita, é. Claro, é sempre louvável mobilizar internautas sobre a questão da igualdade racial, mas até que ponto estamos suscetíveis às ações de marketing? Onde foi parar a espontaneidade?

O ponto positivo desta história foi o fato de Daniel Alves não se intimidar, nem mostrar fraqueza. Comeu a banana e continuou o jogo com naturalidade. Será que tudo isso fazia parte da ação de Neymar (e da agência) ou o atleta e sua assessoria se aproveitaram da situação? Creio que isso cabe apuração, mas me pergunto até que ponto tudo isso é real. Claro, existe o racismo no futebol europeu – sobretudo, o espanhol.


Mas, a pergunta que não quer calar: será que isso tudo foi orquestrado? E se fosse, será que o clube também sabia disso? No mais, o que importa é que o véu da hipocrisia do preconceito racial foi exposto e o mundo está debatendo sobre o racismo e ações de marketing, não só nos veículos de comunicação, mas nas redes sociais e, sobretudo, no mundo físico e off-line.

Ao comer a banana e continuar jogando como se nada tivesse acontecido, Daniel Alves deu um basta ao poder de intimidação do agressor. Saio do papel de vítima e se tornou protagonista. Colocou autoestima e bom humor em um assunto que é, praticamente, um tabu na sociedade. Todos estão falando sobre o preconceito. E quanto mais debate, mais chance as pessoas terão de esclarecimentos.

Afinal, somos todos macacos. Os primatas são a espécie animal mais próxima do homem. Se ser negro é ser macaco, todos somos macacos porque a miscigenação da cultura brasileira (quiçá mundial) nos permite esta cartela de clores tão variadas da nossa etnia.

Somos todos macacos porque ser negro é ser lindo e o macaco é o bicho mais alto-astral da floresta. Quem já foi em alguma reserva florestal ou até mesmo em parques ecológicos pode observar o quanto os macaquinhos são felizes, amigos, vivem em bandos. E o ser humano também vive em bando, mais especificamente no seu núcleo familiar.

Mas, infelizmente, tem gente que prefere excluir ao invés de incluir. Rir do outro ao invés de rir com o outro. Ser preconceituoso é triste. É achar que só a sua visão é a certa. A clareza da ignorância que ofusca os olhos e cega. Nesse ponto prefiro ser macaco. Prefiro ser feliz em meio à diversidade e a pluralidade de cores e opiniões. Não se espante com os ruídos da floresta. Afinal, somos todos macacos....mesmo que seja preciso uma ação de marketing para nos lembrar disso.





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Jornalista

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2 comentários

  1. Oi, Wander! Você sabe o quanto essa temática mexe comigo, né!? Então... eu me encantei com a sacada do Dani Alves, achei de uma personalidade ímpar, levantou a bola para a discussão de um problema que as pessoas costumam empurrar pra baixo do tapete. Perfeito! Quanto a ser ou não uma ação de marketing, acho que é uma discussão menor e que francamente não deveria está no centro dessa questão, independente de ser espontâneo ou orquestrado o fato é que tratou a questão de uma maneira que ninguém jamais fez, acho uma grande bobagem se discutir se foi marketing ou não. Vi comentaristas esportivos todo magoadinho, cheio de decepção porque acreditava que era algo espontâneo e teria descoberto que era uma ação de marketing. Ora, me poupem! O problema maior aqui é a questão da discriminação racial se foi orquestrado ou não é uma questão diminuta e que francamente não tem que ser discutido. Com todo respeito, precisamos ser mais leve e entrar nessa discussão de cabeça. Aproveitar a oportunidade dada. Coisa rara, aliás.
    Abraço, querido e continuemos na luta pela igualdade entre os seres humanos.

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  2. Arremessar uma banana em um estádio, onde milhares de pessoas estão com suas famílias se divertindo e torcendo. Infelizmente, o racismo ainda existe na sociedade. A campanha com a frase ‘’ Somos todos macacos ‘’, ajudará a acabar com este preconceito que deveria ter acabado há anos.
    Pessoas racistas tem um raciocínio baixo, de certo não sabem como a espécie humana surgiu, e digo que da evolução dos macacos, na África, existindo apenas negros por causa da adaptação ao sol. ; Considero grande desrespeito. A cor da pele não muda seu caráter, porém, certas pessoas conseguem imaginar ao observar um negro, já com certo olhar de desgosto, que podemos ver com facilidade, apenas pontos negativos. Desejo que esta campanha acabe com isto, a igualdade é necessária para o desenvolvimento da humanidade.

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