Facebook compra WhatsApp e mostra que está de olho no comportamento do internauta
fevereiro 22, 2014
Causou reboliço esta semana o Facebook anunciar a compra do WhatsApp
por U$ 19 milhões dólares, sendo U$ 12 bilhões de dólares em ações do próprio Facebook,
U$ 4 bilhões de dólares em dinheiro e os outros U$ 3 bilhões de dólares que
serão pagos em ações aos criadores do aplicativo no prazo de quatro anos se
eles permanecerem na companhia.
"O WhatsApp está crescendo em um ritmo para conectar
1 bilhão de pessoas. Os serviços que alcançam esta marca são incrivelmente valiosos.
(...) Nós esperamos que o WhatsApp nos ajude em nossos esforços no
Internet.org, para tornar serviços básicos de internet acessíveis para
todos", disse Mark Zuckerberg, fundador e
CEO do Facebook, em comunicado publicado em seu perfil no Facebook.
Mas, a compra do WhatsApp não foi por acaso. Nos últimos anos, o serviço móbile de
mensagem se tornou uma opção para o público adolescente que não concordava com
a migração do público adulto para o Facebook. No WhatsApp as conversas (tanto em grupo, quando particulares) tinham
um caráter mais privado, específico e instantâneo que o Facebook, onde todo
mundo pode dar pitaco em tudo.
Além disso, o WhatsApp cresceu em quatro anos três vezes mais que o Facebook. Nos
seus primeiros quatro anos de vida, o Facebook conseguiu cerca de 145
milhões de usuários, contra 450 milhões do serviço de mensagem exclusivo para smartphones.
Infográfico: Revista Veja / Reprodução. |
Mark Zuckerberg deu uma “tacada de
mestre” e conseguiu, aparentemente, estancar uma das suas principais feridas: a
fuga de público. Historicamente, o Facebook começou a perder público, por causa
do público adulto. A rede perdeu a característica de ser um local jovem e
começou a abrigar várias faixas etárias, principalmente os pais, tios e avós
desses jovens.
Já para os usuários mais ativos,
outras coisas começaram a incomodar. A principal reclamação é o formato de
publicidade que usa perfis para testemunhal [propaganda] de produtos/serviços
na Linha do Tempo, além de cobrar para que as postagens possam ter um alcance
muito maior dentro da rede social. Prova disso, é que muitas pessoas
descontentes com o sistema estão procurando alternativas, mas ainda não se
desfizeram totalmente da rede como aconteceu com o Orkut.
O anúncio da compra do WhatsApp mostra que o Facebook entendeu
que o perfil do internauta está mudando e a maior “moeda” no mercado online é o
entendimento do perfil desse público. Talvez esteja aí o motivo do sucesso do WhatsApp que não tem nada de gratuito.
Mesmo os que baixaram de graça ou os que pagam U$ 0,99 por ano, na verdade,
estão pagando um valor muito mais caro: estão dando a Mark Zuckerberg um dossiê
completo da própria vida.
E é por isso que o aplicativo de
mensagens continuará gratuito, assim como a inscrição no Facebook. Quanto mais você fala de si, mais fácil é direcionar
publicidade para aquilo que você terá disposição para comprar. E isso não é algo
exclusivamente do Facebook: é de todas as redes sociais e sites da web. Estamos
sendo vigiados e monitorados o tempo todo. Até que ponto vale a pena expor a
vida, as conversas e os gostos nas redes sociais?
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Jornalista
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