#EmFamília: novela é criticada por não respeitar a idade dos personagens, nem verossimilhança
fevereiro 16, 2014
Última novela escrita pelo veterano
Manoel Carlos, Em Família pode ser
considerada também a primeira novela das 9 que estreou para valer uma semana
depois. A ideia de dividir a vida protagonista em fases não colou e a audiência
em torno dos 30 pontos deixou a Rede Globo preocupada.
A rejeição da história inicial da
protagonista Helena fez com que a emissora desse uma agilizada no folhetim e
encurtasse a segunda fase. Uma semana depois da estreia, o telespectador
assistiu um capítulo de quase duas horas de duração para fazer a transição de
atores da fase juvenil para a madura que culminou na terceira e última fase.
Como telespectador, fiquei me
perguntando? Será que era necessário mesmo dividir a novela em três fases? Um
flashback do passado para resgatar momentos pontuais da história e, até mesmo,
para explicar ao público o passado de Helena não resolveria?
O fato é que o
público está cada vez mais cobrando agilidade e alguns roteiristas preferem ignorar
isso, ao invés de aceitar que o telespectador mudou. O brasileiro ama novela. E novela
realista pede realismo. Isso parece óbvio, mas para Manoel Carlos o
que vale mesmo são bons atores em cena, independente da idade. Se existe este tipo de “liberdade poética” no teatro porque isso não vale na TV?
Elenco em cena das duas fases da novela "Em Família". Foto: TV Globo / Reprodução. |
O telespectador é crítico. Nesta primeira quinzena de novela,
o principal problema de Em Família não
é a história, muito menos a interpretação dos atores: é a “liberdade poética”
do autor e da direção que não respeitou as idades reais dos personagens e
resolveu “chutar o balde” na questão da verossimilhança, tanto na questão da idade, quanto na construção histórica.
Ninguém entendeu o descuido. Porém, o que ficou
claro era que o autor estava mais preocupado em contar a história do passado da
Helena do que dar veracidade à história. Uma pena.
Verossimilhança
Na primeira e na segunda fase da
novela não houve também nenhuma preocupação de reconstrução histórica do final
dos 1980 e início dos anos 1990, muito menos se levou em conta as leis
brasileiras quando Laerte enterrou Virgílio vivo e ficou apenas um ano preso,
sem ao menos fazer a barba ou cortar o cabelo. Ficou sem sentido.
O público começou a questionar e não
aceitou a explicação da “liberdade poética” cabível em uma obra de ficção.
Estamos mais intolerantes? Talvez. Mas o fato é que buscamos enxergar um
retrato de realidade em uma novela que se propõe a ser contemporânea. E os
erros foram gritantes.
Tem desde a caracterização dos
personagens na primeira e na segunda fase, a escolha de músicas na festa da
vilã Shirley (Alice Wegmann) e, principalmente, a idade dos atores em cena
representando personagens com idades muitos distorcidas, como foi mostrado em
um post
do Blog do Nilson Xavier, no UOL.
Por exemplo: o ator Arthur Aguiar,
que interpretou o personagem Virgílio na 1ª Fase de Em Família tem 25 anos na vida real. Mesma idade de Guilherme
Leicam que interpretou o Laerte na 2ª fase e sete anos a menos da Helena de
Bruna Marquezine no mesmo período do folhetim.
Se a ideia era contar a a história da adolescência dos personagens, porque não aproveitar o trio da 2ª fase desde a primeira? Ou seja, não tinha necessidade de
mudar os atores que fizeram o Laerte e o Virgílio, muito menos a Helena.
Polêmica
A escalação que mais mobilizou
discussão entre os telespectadores foi a atriz Natalia do Vale, de 60 anos, ao
interpretar a mãe de Julia Lemmertz, de 50 anos. A pergunta que fica é: será
que não tem nenhuma atriz boa que poderia interpretar a mãe da Helena “madura”
de Manoel Carlos?
Natalia do Vale e Julia Lemmertz vivem mãe e filha na novela "Em Família". Foto: TV Globo / Reprodução. |
A estranheza de Natalia do Vale ser
escalada como mãe de Julia e de outros atores que poderiam ser irmãos dela em
cena fez com que internautas criassem o Tumblr “Filhos de Natalia do
Vale”. Entre os filhos mais famosos estão a atriz Dercy Gonçalves, a
culinarista Palmirinha, a jornalista Glória Maria no qual a legenda brinca que “só
Deus sabe a idade”, o cantor Raul Seixas que nasceu a 10 mil anos atrás, o mago
Dumbledore, do clássico Harry Potter, entre outros.
Mesmo com a estreia real de Em Família acontecer uma semana depois,
até agora a história principal mostrada não são os conflitos de Helena,
Virgílio e Laerte, mas sim a da personagem Juliana, de Vanessa Gerbeli. A atriz
está roubando a cena por abordar um assunto um tanto quanto polêmico: uma
patroa que se envolve emocionalmente com a filha pequena da empregada a ponto
de achar que a criança é a sua própria filha.
Outro ponto forte da novela são os
filmes curtos dos Momentos em Família,
exibidos no final de cada capítulo. Foi uma ótima sacada de Manoel Carlos que
trouxe emoção e sensibilidade. Por incrível que pareça, é a parte mais forte da
novela que ainda está mostrando a que veio. Ou melhor, ainda não mostrou todas
as histórias que se propôs. Tem muito chão pela frente. Será que o
telespectador vai ter paciência para esperar?
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Jornalista
1 comentários
Sabe que comigo aconteceu o que Maneco disse? Ele falou que com o tempo, seria possível embarcar na história. Hoje olho os atores atuais,e consigo ver os intérpretes anteriores, existem algumas semelhanças. Contribuiu pra eu deixar isso de lado o show que Vanessa Gerbeli tem dado diariamente, e ininterruptamente, desde quinta-feira!
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