Livro "Operação Satiagraha" conta os bastidores da ação da Polícia Federal
fevereiro 13, 2014
Uma operação da Polícia Federal (PF) que causou desdobramentos sociais e políticos
até os dias de hoje. Trata-se da Operação
Satiagraha que culminou na prisão de vários empresários, investidores, gestores e políticos, ligados
ao banqueiro Daniel Dantas, desde a gestão dos ex-presidentes Fernando Henrique
Cardoso à Lula.
A Operação Satiagraha revelou ao grande público alguns desdobramentos
importantes como o esquema do mensalão
e uma enorme rede de tráfico de
influências e desvio de verbas
públicas. A grande repercussão da operação culminou no afastamento do então
chefe do setor de inteligência da Polícia Federal e atual deputado federal,
Protógenes Queiroz (PcdoB-SP).
Ele comandou durante um ano e meio
uma equipe de 26 policiais naquela que ficou conhecida como a maior operação de
todos os tempos. Com o propósito de dar a sua versão sobre a operação e
levantar debates importantes sobre um dos maiores esquemas de corrupção de
criminosos de “colarinho branco”, Protógenes Queiroz, lançou pela editora Universo dos Livros, o livro Operação Satiagraha.
A investição
Em 08 de julho de 2008, após quatro
anos de investigações, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma grande ação contra
o desvio de verbas públicas, crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. A
intervenção prendeu supostos contraventores como banqueiros, empresários,
investidores e até um ex-prefeito.
Com tom de confidência, a obra traz à
tona os bastidores de um dos maiores escândalos da história recente do Brasil,
mostrando como o jogo do poder pode ser cruel quando os interesses comerciais
são colocados acima de qualquer valor social.
Para preservar os investigados em
processos que ainda estão em fase de julgamento, Protógenes optou por modificar
o nome de pessoas e empresas envolvidas na investigação. “Estou sempre vigiado, mas nunca estou sozinho. Pertenço a um sistema
que está ativo. É aquilo: uma vez integrante da área de inteligência, você
nunca sai. Não lhe é permitido sair. Você pode ficar adormecido, mas excluído,
nunca”, comenta o autor no início do livro.
Mesmo com os holofotes voltados para
o caso, no dia 14 de julho de 2008, exatamente seis dias após a deflagração da
operação, Protógenes Queiroz foi afastado pela PF, com a justificativa que ele
iria fazer um “curso de reciclagem”. Mas, segundo o autor, seu desligamento foi
proposital: “me afastaram para que eu não concluísse a investigação”, revela.
Na reviravolta do caso, Protógenes
Queiroz foi acusado de investigar ilegalmente a vida de empresários e
autoridades, como deputados, senadores e ex-presidentes. Porém, o fato acabou
sendo desmentido e Protógenes foi considerado inocente pelo Ministério Público Federal,
que não viu crime e nem nulidade.
Ao todo, a operação dirigida por
Protógenes levou a polícia a cumprir 24 mandados de prisão e 56 de busca e
apreensão. Além disso, mobilizou cerca de 300 homens da PF e foi realizada nos estados
de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e no Distrito Federal. No livro, o autor
conta como passou de investigador a investigado, revelando detalhes de uma
história da política brasileira que ainda está sendo escrita.
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Jornalista
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