Café in Série – A penúltima temporada de Glee e o momento de despedida

janeiro 02, 2014



Quando a série Glee apareceu na minha vida eu estava passando por um momento pessoal bastante complicado. Foi em dezembro 2010. Tinha um tempo que havia começado a fazer terapia e estava trabalhando para exorcizar alguns fantasmas do passado.

Através de uma resenha de um episódio postada nas redes sociais que descobri Glee. Algumas histórias da série eram muito parecidas com aquilo que vivi na minha adolescência: a questão do bullying, da rejeição e o fato de um coral ajudar a recuperar a autoestima dos alunos.

Me apaixonei com a série no primeiro episódio. Comecei a ler mais sobre a história, os personagens, baixei as músicas e, quando me dei conta, me tornei um Gleek. Não vejo Glee só como um programa para jovens. Trata de temas universais e é ousada nas suas abordagens. O roteiro é muito criativo, diga-se de passagem.

Ano passado quando o Cory Monteith morreu fiquei arrasado. Não era fã dele como ator, mas sabia que a perda dele mudaria toda a história da série. Aliás, na quarta temporada, ele já tinha sido afastado por problemas com as drogas. Ele foi para rehab por conta própria e o personagem dele estava ganhando um rumo fantástico: de aluno ele estava virando professor.

Novamente, um tema abordado em Glee me tocava. Também passei por essa transformação. Voltar à escola (no meu caso, a universidade) que estudou como professor é muito gratificante. Passa um filme na sua cabeça! E eu fiquei muito tocado com a partida do Cory. Só imaginava a tristeza da Lea Michele, namorada dele na série e na vida real. É muito triste perder alguém que a gente ama. Fica um vazio.

Quando a 5ª temporada voltou tive medo de assistir por dois motivos: o primeiro porque ia voltar todo aquele filme da morte do Cory e segundo porque no terceiro episódio, antes do hiato, o elenco ia fazer uma homenagem ao Finn Hudson, o nosso quarterback. Eu custei para ver e não quis ler nada para não me influenciar.

Quando assisti, vi que os dois primeiros episódios são desconexos com o terceiro. Isso fica visível porque a série estava caminhando para um lado e a morte do Finn fez com que a história desse uma pausa, não uma mudança de rumo gritante como imaginava.

A sensação que tive como fã é que o episódio da morte do Finn fosse o primeiro episódio da 5ª temporada. Daí em diante tudo mudou e mudou mesmo. Tive o mesmo sentimento da personagem Santana, da Naya Rivera: como é que alguém morre assim do nada? Quando alguém que a gente gosta morre, dá uma revolta mesmo....mas depois vem a aceitação e o conforto daqueles que também sentem essa falta.

Esta semana, li que Glee vai acabar mesmo na 6ª temporada. Antes da morte do Cory, achava que a série ia ser uma espécie de Malhação. Que o Ryan Murphy ia mudar de ideia, porque esta quinta temporada estava com cheiro de renovação. O elenco novo que entrou é muito bom. E o coral conquistou um outro espaço na escola.

Pensava aqui com os meus botões que, por exemplo, a cada três anos o elenco todo mudava (por conta das séries do high school) e assim viveria por anos na TV. Mas percebo que esta é a coisa mais sensata a se fazer. Terminar. Acho que nem tem clima para continuar...

E para coroar esse momento de despedida de Glee, o portal RD1, reproduziu o depoimento de Ryan Murphy no memorial de Cory Monteith. Se você é fã como eu, com certeza, vai se emocionar e conseguir entender o final da série. Vai ser emocionante o final de Glee, isso eu não tenho dúvidas. Confira:

“Para mim, Cory era ao mesmo tempo o início e o fim de Glee… Literalmente.

A primeira cena do piloto foi de Finn e Mr. Schue. Nenhum de nós sabia realmente o que estávamos fazendo. Glee era um musical, musicais nunca tinham dado certo na televisão, e fomos descobrir isso à medida que avançávamos. No final da sua primeira tomada, Cory podia ver que eu, seu diretor, estava um pouco inseguro. Ele veio até mim com um grande sorriso e disse: 'Isso vai ser divertido'. Ele estava muito certo e muito errado.

O final de Glee é algo que eu nunca compartilhei com ninguém, mas eu sempre soube como seria. Eu sempre ‘me apeguei’ a essa ideia como uma fonte de conforto, uma estrela guia. No final da 6ª temporada, Rachel ia ter se tornado uma grande estrela da Broadway com o papel que ela sempre sonhou em conquistar.

Finn ia ter se tornado um professor, feliz por estar em Ohio, em paz com a sua escolha e finalmente se sentindo realizado. As últimas linhas da série eram pra ser: Rachel volta para Ohio e anda até a sala do coral. Finn iria perguntar o que ela estava fazendo ali e ela responderia que estava em casa. Um fade out aconteceria e era isso. Fim.

Esse fim, e esse começo, mostra profundamente meus sentimentos em relação ao Cory. Apesar de seus problemas, ele sempre demonstrou ser 'pé no chão' – confiável, doce, alguém com quem você se sente confortável. Ele era grande e é por isso que durante o piloto seu apelido virou Frankenteen, um apelido que, para sua infelicidade, pegou.

Mas ele também foi a maior surpresa para mim, pessoalmente, e conquistou meu respeito de várias maneiras. Quando começamos, ele nunca tinha dançado. Ele nunca tinha cantado.

E no entanto, a partir de sua fita de audição, onde tentou bater em uma Tupperware, ele se tornou um cantor. Um grande homem. E ele se tornou um dançarino. Ele doou todo o seu coração, e é isso que Cory foi para mim, todo o coração. Tristemente, o seu corpo, através de seu vício terrível, ganhou a batalha contra todo aquele coração enorme.

Em Glee, Cory foi o quarterback. Ele era um líder natural e sempre teve um abraço de boas-vindas. Quando os novos membros do elenco se juntaram ao show, Cory foi o primeiro a recebê-los e mostrar-lhes como se fazia.

Desde o início, Cory e eu tivemos uma relação de pai e filho, que na época, eu tenho que admitir, eu não queria. Eu não sabia como fazer isso. Mas Cory – que veio de um lar não tão doce lar, que era um garoto perdido – precisava de uma figura masculina que lhe demonstrasse liderança, sentido e apoio. Analisando, sei que Cory foi uma espécie de treinamento para eu poder me tornar o pai que eu sou hoje com meu próprio filho.

Uma das coisas mais difíceis sobre a morte de uma pessoa jovem é a perda de potencial. Do que poderia ser. Cory tinha um monte de sonhos não realizados. Ansiava por mais material adulto, para provar a si mesmo como ator.

E ele queria dirigir. Ele queria ficar melhor, ele queria evoluir. E assim, ele foi congelado em um momento. Para as gerações de crianças, futuros jovens que irão assistir a Finn Hudson, ele sempre será o quarterback – uma pessoa que defende a equipe fraca, luta contra os valentões, ama pelas razões certas. Cory vai continuar a mudar a vida para melhor. Se já é raro o dom de tocar a vida de uma pessoa, o de tocar milhões é muito mais”.






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