#Crônica: Minha ligação com a Fé e com o Divino

dezembro 14, 2013


Tenho uma natureza inquieta. Apesar de ser calmo, sou muito questionador. Acredito que mais importante do que encontrar respostas é fazer perguntas. Sempre fui assim desde pequeno. Mas foi somente na fase que adulta que comecei a lidar melhor com as minhas emoções. Com o meu interior. E foi assim que descobri a Fé.

Como a maior parte dos brasileiros, fui criado no catolicismo. Sou batizado. Fiz catequese, primeira comunhão e crisma. Mas foi na adolescência que descobri outras manifestações de fé e de religião. Como sou muito curioso, passei a ler mais sobre cristianismo, protestantismo, budismo, espiritismo, umbanda, candomblé e xamanismo.

Comecei a perceber que todas as religiões tinham algo em comum: as regras. Não queria isso para mim. A fé precisa ser livre. Acredito que o contato com o divino é algo muito particular e que manifesta em cada pessoa de um jeito diferente.

Claro que, quando se encontra um grupo do qual você se identifica todo esse mar de emoções que a fé proporciona pode ser uma experiência mais acolhedora, mas nem por isso o lado individual é abandonado.

Pelo contrário: quando a fé é verdadeira, o seu encontro com o divino é transcendental.

De cada religião, de cada manifestação de fé, tirei aprendizados que incorporei para mim e que de alguma forma me ajudam a lidar melhor com as adversidades do dia-dia e ter esperança por dias melhores.


Da Umbanda, sinto um carinho profundo pela história dos orixás. É a minha conexão com os meus ancestrais de matiz africana. Além disso, é o modo que afrodescendentes aqui no Brasil, quando vieram séculos atrás como escravos, puderam fazer com que a fé e a arte não se perdessem em meio a covardia (e porque não dizer holocausto) que foi a escravidão.

Sou filho de Ogum e Yorimá. Um lado guerreiro e o outro acolhedor. Ambos munidos de fé e muita garra. Sou daqueles que ensina a pescar, mas não dá o peixe. E a partir do momento que me permiti criar essas conexões espirituais de forma particular, meu coração ficou mais calmo. A fé que habita em mim me trouxe conforto. Isso foi o mais libertador.

Mesmo transitando pelas mais variadas manifestações de fé, sempre volto ao catolicismo. Tiro de lá aquilo que mais combina com as coisas que acredito, como o respeito ao outro e o amor ao próximo.

Dentro dos meus limites, faço o possível para exercer a compaixão e o perdão. Mas isso é algo muito difícil. Um exercício custoso, mas necessário para poder seguir em frente sem deixar mágoas.

Como gosto de uma boa história, me apaixonei pelo legado de fé de Nossa Senhora de Guadalupe e de São Jorge. A primeira, digamos, é uma espécie de Nossa Senhora da Aparecida do México. A Padroeira que foi vista por índio num pedaço de pano velho, cujas aparições (e manifestações de fé pelo mundo) me causam tamanha emoção.

O segundo, guerreiro romano que no sincretismo religioso brasileiro que representa Ogun, na Umbanda. Aquele que montado em um cavalo branco venceu o dragão e protege o mundo com a sua lança justiceira e correta. Recorro sempre a ele pedindo proteção não só a mim, mas para aqueles que amo.

Tanto com Nossa Senhora de Guadalupe, quanto com São Jorge, possuem – para mim, histórias muito íntimas de fé, chamado e louvor. São entidades inspiradoras que me ajudam na conexão com Deus, com o divino.

Me apeguei a eles de uma tal maneira, que me emociono quando escuto uma oração, quando recebo presentes de amigos próximos que sabem que eu sou devoto aos dois, quando faço uma oração ou tenha uma graça alcançada. São meus protetores espirituais.

O meu lado com a fé é isso, não precisa de regras, de ritos, de imposições. Vem do coração. Seja no silêncio de uma oração, das ondas sonoras de um cântico de louvor, de uma poesia, de uma música e, principalmente, da natureza.

Não tem nada mais inspirador do que abrir a janela e ver o sol. Ver que a vida se renova a cada dia. Assim encaro a fé e rezo a Deus todos os dias por um mundo melhor e mais justo. Que eu consiga, junto aos meus e aos que necessitarem, promover a paz e o amor. Isso para mim é fé.





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Jornalista

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2 comentários

  1. Lindo Texto Wander,
    Reencontrei minha fé em Deus há pouco tempo, quando comecei a conhecer a Doutrina Espírita e tentar seguir seus maravilhosos ensinamentos. Lendo o Evangelho e indo as palestras comecei a entender o quão grande e maravilhoso é o amor de Deus para conosco e que com todas as dificuldades que a vida nos impõe, hoje sei com certeza, que Deus não irá nunca nos desamparar. Basta acreditar e ter fé no Seu amor.
    Quando você disse que o contato com o divino é algo muito particular e que manifesta em cada pessoa de um jeito diferente. Me identifiquei totalmente com esta idéia. Daí a necessidade de respeitarmos a Fé do outro.
    Grande beijo no seu coração!

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    Respostas
    1. Oi Aurea! Obrigado pelo comentário e pelas lindas palavras. Quis muito dividir com os leitores do blog este momento de entendimento com a fé que é algo livre e muito particular com cada um de nós. Mas o mais bonito da fé são as conexões que ela traz, tanto do lado individual, quanto no coletivo. Agradeço também por compartilhar a sua experiência com a fé, com o Divino. Beijos

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