BH comemora 116 anos, mas muita coisa ainda precisa ser repensada
dezembro 12, 2013Foto: Blog Wimdu / Photobucket / Reprodução. |
São 116 anos de vida com corpinho de 21. Uma senhora com alma
jovem e cosmopolita. Uma cidade que está passando por uma mudança estrutural nunca
vista, assim como uma pessoa que está envelhecendo e resolve recorrer à
plástica. Brincadeiras à parte, nesta quinta-feira (12/12), Belo Horizonte completa 116 anos.
Muita coisa de mudou desde a sua criação para ser a nova capital
mineira. Deixamos de ser a Cidade Jardim
para ser a Cidade engarrafada e alagada.
O trânsito de BH deu um nó. São muitos carros na rua e pouco investimento em
mobilidade urbana. É só chover que a cidade vira uma piscina à céu aberto. Todo
ano sofremos com as chuvas de verão, mas as autoridades fazem vistas grossas.
O trânsito prioriza o automóvel, inclusive como transporte
público. Inclusive, a contragosto de muitos, vamos ganhar um BRT muito em breve,
apelidado de MOVE. A cidade não foi consultada sobre a sua implantação. Ganhou
um presente de grego no sentido mais literal da expressão. Obras para todos os
lados sem necessidade. Um dinheiro que poderia ter sido usado para o metrô, por
exemplo.
Mesmo com todos esses problemas, BH é uma cidade com fervência
cultural. Gostamos de bares, de exposições, de teatro, de futebol e de show.
Não vivemos sem uma boa comida de buteco. Vamos às ruas protestar e nos
organizamos em grupos políticos apartidários com um engajamento muito bacana.
Só falta aprender a votar.
Logo comemorativa criada pela PBH. Foto: Reprodução. |
Além disso, BH sofre de um problema social sério: o aumento da
população de moradores de rua e de famílias sem casa própria, que tem como único
recurso viver nas invasões urbanas dos movimentos sociais. Isso é algo que me
preocupa todos os dias. Uma cidade que não dialoga com o social está fadada a
ter problemas muito mais sérios num futuro não tão distante.
E por falar em descaso, temos também a situação da Lagoa da Pampulha. Boa parte da área
menos nobre da lagoa está desaparecendo e virando matagal. Fora a questão do
bota fora de lixo, de descarte de construção civil e de esgoto. Um
desequilíbrio ambiental gritante com um dos maiores patrimônios culturais e artísticos
da humanidade, feito por Oscar Niemeyer, Burle Marx e Portinari.
Neste aniversário de 116
anos de BH, curti muito a campanha que o Movimento Nossa BH fez nas redes sociais, convidando os internautas
a responder a seguinte pergunta: “qual o seu sonho para BH?”. Tenho muitos. Boa
parte já escrevi no início deste texto.
Mas, o que sonho mesmo para Belo Horizonte é uma mudança geral de
atitude. Que a cidade realmente funcione. Que o transporte público fosse algo
rápido e seguro. Que quem morasse nas regiões mais afastadas do centro tivesse
mais alternativas na volta da casa. Que as coisas também funcionassem de
madrugada, como ônibus e metrô, por exemplo.
Eu amo BH radicalmente. Amo tanto que consigo não me cegar pela paixão. Sei das coisas
que precisam melhorar e me questiono se um dia todos estes problemas serão
resolvidos. É muito triste você amar a cidade em que nasceu e se pegar pensando
em morar em outro lugar, porque a perspectiva da coisa melhorar está a cada dia
mais distante.
Já sei! Nestes 116 anos de
BH peço que o belo-horizontino ame mais a sua cidade. Que não ilude por
propagandas enganosas. Que a população não jogue lixo na rua e que pesquise
antes de votar nas eleições municipais, principalmente.
Não vote no menos pior. Vote naquele que realmente pode fazer uma
cidade melhor. Se este candidato não apareceu, é sinal que precisamos de outra
eleição, de outros candidatos. A democracia permite que isto aconteça. Mais
amor, e menos desleixo. É hora de reflexão.
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Jornalista
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