#Crônica: Por um jornalismo com mais paixão e empreendedorismo
novembro 15, 2013Faz algumas semanas que o tema #empreendedorismo não sai da minha cabeça. Gosto do assunto, mas recentemente já me peguei lendo mais do que deveria e conversando com os amigos sobre isso. Fico de olho quando aparecem eventos com esta temática. Na medida do possível, participo.
Dentro deste contexto, participei
nesta quinta-feira (14/11) de manhã da abertura da Semana Global do Empreendedorismo 2013 (#SGE2013), realizado na
Cidade Administrativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Foi uma experiência maravilhosa! Vi
gente querendo fazer a diferença na educação e na tecnologia.
De tudo que já pude ver sobre
empreendedorismo na #SGE2013, sem
dúvida nenhuma, o debate entre o jornalista Gilberto Dimenstein e o jovem
empreendedor da Mix Lanches, Frederico Amorim, de apenas 19 anos, foi uma das
coisas mais bacanas. É vida real sem lero-lero. Uma aula.
E a história do Fred é tão
sensacional que o Dimenstein teve humildade de reconhecer de que nada valia
falar dos prêmios que já ganhou, de fazer um panorama da situação do
empreendedorismo no Brasil e no mundo, quando podemos ver de tão perto uma
história como a do Fred que tinha tudo para ir para o caminho da marginalidade,
mas graças ao entusiasmo e a vocação dele, o rapaz não desistiu de se tornar um
empreendedor.
Fred roubou a cena. Ele abriu o Painel de Educação Empreendedora na
abertura da #SGE2013 mostrando como
a história dele é na prática todas as lições que podemos ler sobre
empreendedorismo. De não se deixar acomodar, de aprender com erros, de
transformar o limão em uma limonada, de remar contra a maré.
Fred mora na Pedreira Prado Lopez, em
BH, uma região com um grau acentuado de vulnerabilidade social, pobreza e convívio
direto com a marginalidade. O rapaz conta que desde pequeno sempre gostou de
vender balas, doces, brinquedos, guloseimas para os colegas e professores da
escola para ele poder ter um dinheiro no final do mês.
Mesmo sendo pequeno, Fred queria
poder contribuir em casa e ajudar de alguma forma a mãe e o irmão mais velho.
No início da adolescência, ele chegou a abrir uma confecção de roupa com o
irmão e a cunhada, o que acabou não dando muito certo devido a uma série de
fatores como preço do tecido, modelo de venda, etc.
Fred tentou muitos negócios depois
que também não deram certo. Inclusive, ele tentou abrir uma lan house com o
irmão, mas foi assaltado e teve que fechar as portas. Fred, que ainda é super
novo, conta que trabalhou apenas um ano da vida dele de carteira assinada para
pagar as dívidas que tinha acumulado e que depois disso voltou a empreender.
Sempre preferiu trabalhar por conta própria.
Certo dia na escola, já no ensino
médio, Fred teve a ideia de vender palha italiana. E de um doce passou a vender
outro doce e depois sanduíche natural. Fred conta que aprendeu as receitas no
YouTube e no programa da Ana Maria Braga. Até que ele inventou o recheio Mix
para sanduíche natural, uma vez que ele não podia usar maionese que era algo
bastante perecível.
Fred viu o seu pequeno negócio prosperar,
mas ele sabia que podia ir muito mais além. Resolveu ir ao Sebrae para ver se
conseguiria fazer algum curso que pudesse orientá-lo a administrar melhor o seu
negócio. O curso era muito caro, mais de mil reais e Fred não tinha esse
dinheiro.
Num belo dia, na casa da mãe da
cunhada dele, Fred viu um panfleto do Plug
Minas sobre um curso de empreendedorismo completamente gratuito e se
inscreveu. E foi graças ao curso no projeto que ele conseguiu abrir o seu
próprio negócio e a entender melhor o funcionamento de uma empresa,
principalmente na parte administrativa e financeira.
Fred emocionou muitas pessoas com o
seu relato. E Dimenstein o emocionou várias vezes pelas belas palavras de
incentivo, pela garra com que Fred vê a vida e está sempre disposto a aprender.
Aprender com erros e a continuar seguindo frente.
Dimenstein nos chamou a atenção para
uma coisa que até então não tinha me dado conta. Estamos nos frustrando demais
com os nossos erros. Errar é preciso para se chegar no caminho certo e a
construir um modelo de negócio que seja seu e de acordo com a sua história. Não
existe uma receita pronta. Cada um tem uma história.
Saí do evento pensando na minha
história. De como gostaria que o jornalismo fosse mais empreendedor, e menos reclamão. E eu me coloco na categoria
dos que reclamam também. Creio que a salvação do jornalismo contemporâneo seja
o empreendedorismo e a paixão pela profissão.
Vira e mexe vemos relatos de
demissões, de assédio moral, de produtores coagidos a disseminar ideias que nem
sempre vão de encontro com os interesses da sociedade, prevalecendo interesses
comerciais, econômicos e políticos. Um jornalismo cada vez mais panfletário e
menos prestador de serviço.
Creio que já passou da hora do
jornalismo aprender a empreender. De mais jornalistas investirem em blogs,
sites, portais, canais de vídeo, revistas, jornais, agencias de conteúdo e de
prestação de serviço. De um começar a unir forças com o outro ou começar a
ajudar o outro a desenvolver um projeto, nem que seja com o apoio moral pelas redes
sociais.
Pior do que o jornalismo tradicional
estar caduco, é o jornalista não querer evoluir, de não aceitar que existe vida
profissional fora da redação e de uma assessoria de imprensa. Do jeito que está
não está bom para ninguém. Vamos falar a real. É hora de mudar. Bora empreender?
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Jornalista
1 comentários
Estive lá e presenciei a historia do Fred. Muito bacana. Confesso que nos primeiros minutos da fala dele eu pensava diferente. Critiquei silenciosamente a postura simplória e se não haveria ninguém melhor para falar sobre o assunto. Após outros minutos fui absorvendo toda a fala dele e comecei a refletir sobre mim mesmo. Quem sou eu, este babaca criticando este fantástico jovem empreendedor? O que eu fiz de tão bom para merecer estar alí sentado na audiência? E por que não sou eu falando ali no lugar dele?
ResponderExcluirSinto humildemente orgulhoso de receber a mensagem do Fred como um tapa na cara. Parabens Fred. O que o Brasil precisa é de milhares de Freds e menos "eus".