#FicaDuda: Justiça Mineira tira guarda de filha adotiva de casal

outubro 18, 2013


Laços de família desfeito pela Justiça Mineira. Esta é a frase que descreve a página no Facebook do #FicaDuda, após a surpreendente decisão judicial que pode colocar em xeque o modo como a adoção é feita no Brasil.

O #FicaDuda é um movimento criado por amigos, familiares e apoiadores que ficaram escandalizados com a decisão judicial que fez com que a pequena M.E., de 4 anos, seja devolvida para os pais biológicos, após ficar dois anos e meio com os pais afetivos que tinham a guarda provisória.

Na manhã desta sexta-feira (18/10), eles protestaram na porta do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) contra a decisão que deixa um ar de insegurança em diversas famílias que estão em processo de adoção e que não querem perder os filhos, de uma hora para outra, por conta de uma lei que enaltece os laços de sangue e enfraquece os laços de amor.

Na época em que foi levada para a adoção, a garotinha tinha apenas dois meses de vida e vivia em um lar desestruturado, com o pai alcoólatra e a mãe com transtornos psicológicos que não tinham condições de estabelecer um lar saudável e harmonioso.

Os pais biológicos foram denunciados por maus-tratos e, naquela época, perderam a guarda da criança e de mais seis filhos. Foi aí que o empresário Valbio Messias da Silva e a esposa dele, Liamar Dias de Almeida, adotaram a pequena Duda.

Na noite desta quinta-feira (17/10), após audiência realizada na Vara de Infância e Juventude de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, o Juiz determinou que a garotinha voltaria, aos poucos, ao convívio dos pais biológicos até que possam ter a guarda definitiva.

Por ora, durante os próximos quatro meses, a menina fica com os pais adotivos, mas passará a conviver mais com os biológicos. Neste período, haverá um processo de transição para que a criança possa se acostumar com a “nova família”, além da obrigação de passar por acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais na Vara da Infância e Juventude de Contagem.

Muito abalada com a decisão, Liamar desabafou aos jornalistas que estavam na porta do tribunal. “Não é o fim. Nada vai fazer com que eu deixe de ser a mãe da minha filha. Mãe é quem cria, quem educa”, disse. Ela ainda se mostrou descrente com o processo de adoção no país. “Não adote, não caia nessa fria. Não desejo essa dor nem para meu pior inimigo”.

Valbio também ficou bastante revoltado com a decisão. “Quem vai querer adotar depois disso? Vamos recorrer até a última instância. Espero que a lei não me abandone. Queremos nossa filha de volta”. Os advogados da família adotiva prometem recorrer da decisão.

Enquanto isso, a família biológica comemora a volta da filha. “Se ela se acostumou com eles, acostuma com a gente também. (...) Finalmente vou ter meu anjinho de volta”, disse o mestre de obras Robson Ribeiro Assunção que, ao lado de Maria da Penha Nunes, comprovaram a reestruturação no lar, após serem denunciados em 2009 por maus-tratos.

Opinião

Mais do que dizer com que fica ou para quem vai a pequena M.E., a Justiça de Minas Gerais precisa levar em conta os laços emocionais e familiares que já foram formados, desde que os pais afetivos assumiram a garotinha como filha.

Como bem lembrou o advogado da família biológica, a criança não é um objeto que pode ser colocada em um lugar de um dia para o outro. É preciso respeitar os laços afetivos que foram criados para não gerar trauma, muito menos sensação de abandono.

Em nenhum momento, não está sendo levada em consideração a alienação parental. A garotinha tem o direito de saber quem são os pais dela e, dependendo da situação, até conviver com os pais biológicos.


Mas, ao dar a guarda novamente para os pais biológicos que possuem um histórico de agressão e maus tratos, a Justiça passa a mão na cabeça desses adultos que erraram e pune de uma forma covarde os pais afetivos que se dedicaram de corpo e alma a essa pequena menina.

E é por isso que a adesão ao #FicaDuda nas redes sociais tem sido tão intenso e caloroso. Como pode a Justiça ser tão injusta?

Pai e mãe não é só um laço de sangue. É um laço de amor. Pai e mãe não são apenas os que geram, mas os que criam, os que educam. Leis foram feitas para deixar a vida em sociedade menos injusta. Ao não olhar as particularidades do caso e se basear apenas em leis, o judiciário se mostra insensível ao conceito contemporâneo de família, de afetividade. É preciso evoluir!




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Jornalista

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3 comentários

  1. É muita falta de sensibilidade desse Juiz de deferir uma coisa desta. Quem garante que a menina vai ser bem tratada com os pais biológicos? Será que eles não vão agredi-la de novo? Tô chocada e revoltada com esta história.

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  2. Triste porque a menina tinha dois meses quando foi adotada ... e a própria mãe biológica disse que não tinha condições de ficar com as criança...já passou tempo de mais pra querer a pequena ... que lei é essa nosso País é uma vergonha...é bandido que ficam soltos e quando é preso tem regalias que uma pessoa doente não tem como direito a benefício e pior é bem maior que o salário,,,muitas família não vão querer adotar porque não vai ter mais segurança com seus filhos do coração e muitos não vão ter um lar pra receber amor é BRASIL que só funciona com futebol e carnaval...

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  3. Penso da mesma forma. Ao seguir apenas a lei o juiz em questão está deixando de priorizar a sanidade emocional e psicológica desta criança. É triste e muito assustador.
    Abraços

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