Café Convidado – A valorização da arte no Brasil
agosto 17, 2013 |
| Foto: Lucas Ribeiro / Site Ideia Fixa / Reprodução. |
Na seção Café Convidado de hoje, a blogueira e fotógrafa Fernanda Cabral,
autora do blog Câmera Ativa, traz um artigo sobre
a valorização da arte no Brasil. No texto, ela conta um caso recente de outra fotógrafa
que recebeu um convite para expor o seu trabalho na Itália e que não conseguiu
patrocínio de empresas brasileiras e teve que bancar tudo sozinha. Fernanda ainda dá um exemplo de como os outros
países se preocupam mais em oferecer ao público um contato maior com as artes. Abaixo, confira o texto:
A arte no Brasil
*Fernanda Cabral
Recentemente,
me deparei com uma questão que me fez refletir sobre a valorização da arte no
nosso país. A fotógrafa Cris Celentano
teve suas fotos selecionadas para a IX
Bienal de Firenze, que ocorrerá de 30 de novembro a 08 de dezembro, na Itália.
Em
busca de patrocínio para enviar suas fotos e com o prazo apertado para
confirmar sua inscrição, Cris acabou lançando mão de suas economias para bancar
a viagem. O custo envolveu impressão e moldura das fotos, embalagem, transporte
e seguro. Saiba mais, aqui.
Algumas
pessoas podem pensar: “Ah, é justo, as fotos são dela”. A questão é que as
fotos estão representando não apenas a fotógrafa, mas marca a presença do
Brasil em um evento importante para a fotografia internacional.
Perguntada
sobre o que achava do valor dado à arte e à fotografia no Brasil, Cris
respondeu: “Como vejo a valorização? Nula. Se eu fosse jogador de futebol,
valeria 100 milhões. Se posasse nua, valeria 1 milhão. Quando pedi 15 mil reais
para grandes empresas...nenhuma me ajudou”.
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| Foto: Cris Celentano. |
Já
tive oportunidade de viajar para outros países e a manifestação cultural nesses
lugares acentuou ainda mais essa minha impressão. Em Berlin, me surpreendeu a
quantidade de museus e monumentos e como estes estavam sempre cheios.
Em
Londres, tive a oportunidade de assistir Romeu e Julieta num teatro amador,
numa rua obscura e estava lotado. Em Santiago, no Chile, uma apresentação de ballet no
meio da tarde, numa praça, com as pessoas sentadas na grama em volta, foi uma
grata surpresa. Assim, como um festival de dança no centro de Praga.
Talvez,
essa desvalorização aqui ocorra pelo fato do Brasil ter a tão pouco tempo
alcançado o status de país em desenvolvimento. Até a pouco tempo atrás, a
preocupação da maior parte da população era a sobrevivência e a arte era um
supérfluo. Atualmente, ainda é para muitos. O preço do cinema, exposições, livros, DVDs
e CDs ainda é muito mais caro que em outros lugares e inacessível para muitos.
Resta
que nós, artistas e amantes da arte em geral, possamos nos unir e tentar
reverter esse quadro. Afinal, o Brasil é um país de gente alegre, criativa,
animada e isso tem tudo a ver com arte! E se você quiser ajudar a Cris a ir ver
suas próprias fotos em Firenze, participe da “vakinha online” abaixo:
Espero
que a Cris consiga ir ver seu próprio trabalho e que nós consigamos ver os
nossos sendo cada vez mais valorizados!
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Jornalista
1 comentários
Nanda disse tudo e mais um pouco.
ResponderExcluirIsso é uma questão que não é mais falta de incentivo do governo, mas sim algo que está virando cultura de várias famílias.
Muitos pais preferem assistir a um filme em casa ou pagar um filme pirata para seus filhos do que ir ao teatro. Muitos pais preferem ficar em casa sem fazer nada do que ir a um museu. Muitos pais permitem seus filhos irem ao shopping que fica ao lado do que se locomoverem e os levarem a um museu que fica do outro lado da cidade. São N fatores que influenciam isso... me sinto desvalorizada como cidadã e como atriz/artista.