Absolvição injusta de Natan Donadon mostra que o Brasil precisa ir às ruas novamente
agosto 30, 2013
Esta semana, a Câmara dos Deputados, em Brasília-DF,
deu mais um sinal de que não ouviu nenhum um pouco o barulho das ruas no final
do primeiro semestre. Será que vai ser preciso mais uma onda de protestos e
ocupações nas casas legislativas para os políticos acordarem? Está parecendo.
Ao votarem pela manutenção do mandato
do deputado Natan Donadon (ex-PMDB,
de Rondônia) – e consequentemente, a sua absolvição enquanto representante do
povo na Casa Legislativa, os outros deputados colocaram mais uma faísca numa
crise de imagem política sem precedentes na história recente do nosso país. O
legislativo está cada vez mais desacreditado.
Mas, porque o deputado foi absolvido?
Não está na cara que ele foi preso e condenado pela Justiça por peculato, formação
de quadrilha e desvio de R$ 8 milhões dos cofres públicos? Donadon não está
preso? Onde foi parar a ética?
Para os deputados isso tudo só faz
sentido com o microfone da imprensa ligado. Na hora da votação secreta, o que
pôde ser visto foi corporativismo claro da classe política que costura acordos
em meio ao vale tudo pelo poder.
Para ser cassado, o deputado Donadon
precisaria de 257 votos (ou mais) a favor da perda do mandato. Porém, obteve apenas
233 votos foram a favor da cassação de Donadon. Ainda, 131 deputados votaram
contra a cassação e 41 abstenções. Com medo da opinião pública, Donadon acabou
afastado por decisão do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
O deputado Natan Donadon foi condenado à prisão por oito anos. Foto: EBC / Reprodução. |
Considerado o primeiro deputado em
exercício a ser preso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF),
Donadon, curiosamente não teve a cassação parlamentar feita de forma automática
pela Justiça, mesmo após a sua condenação. Coube aos seus pares a incumbência de
fazer isso por voto secreto.
São essas pequenas brechas na Justiça
que fazem os poderes – e porque não dizer a política, ficar desacreditada entre
a opinião pública. Tudo bem que o Brasil tem poucas décadas de Democracia
recente, mas ética e bom senso não deveria ser uma lei imposta, mas sim um
código de conduta social de extrema importância, sobretudo para quem trabalha
representando o povo.
Mais do que ir às ruas novamente
protestar, já passou da hora de exigirmos uma mudança na nossa política, no
modo como entendemos a nossa democracia. O Brasil precisa de outro modelo
político, um modelo que dê menos poder aos políticos, no sentido de não darmos
mais um “cheque em branco” para eles e que os políticos entendam de uma vez por
todas que eles trabalham para o povo, e não o contrário.
A impressão que tenho é que por mais
que estejamos na democracia, ainda vivemos um ranço de monarquia, de ordem, de
nomeações, de protocolos, de burocracia e cerimoniais. Não queremos nada disso.
O povo quer ações e menos demagogia eleitoreira. Ah...e, sobretudo, menos cara
de pau. Chega de passar a mão na cabeça da corrupção. Precisamos voltar às
ruas. Já passou da hora.
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Jornalista
3 comentários
Democracia de fechada!
ResponderExcluirCada dia mais tenho nojo desses políticos e dos acordos que eles são capazes de fazer em nome do poder. É por essas e outras que anulo meu voto. Nenhum deles me representa.
ResponderExcluirTenho nojo desses deputados que fazem esses acordos só para se safarem. Vontade de ir para a rua de novo como fiz em Junho. Chega de injustiça!
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