A morte da velha mídia e o nascimento do Neo Jornalismo

junho 11, 2013


O ano de 2013 vai ficar marcado para sempre como o ano em que a velha mídia – ou a mídia tradicional, sucumbiu. E olha que o ano nem acabou ainda e não se fala de outra coisa nas redações: as demissões em massa que estão pegando todo mundo de surpresa. E, querendo ou não, configuram um novo período para o Jornalismo – e para a produção de conteúdo, de um modo geral: o empreendedorismo.

Chega a ser assustador ver, apenas neste primeiro semestre, demissões na Rede Record, na Rede Minas e no Grupo Abril. Publicações de peso como o Valor Econômico, a infanto-juvenil Capricho ou até mesmo a antológica PlayBoy correm o risco de deixar de circular. Já o caso da MTV Brasil é o mais triste: o Grupo Abril não renovou os direitos da franquia e a Viacom pode assumir a marca no Brasil até o final do ano.

Quem é da área sabe que é geral o clima de apreensão e medo. Ninguém sabe para aonde o jornalismo vai ou como vai ficar. Para quem está chegando no mercado neste exato momento o clima ainda é mais desesperador: o empregador paga pouco é quer um profissional multifuncional e com dedicação exclusiva. Será que vale a pena? Quem nunca foi explorado que atire a primeira pedra.

De modo contestador e muito reflexivo, a agência Pública divulgou nesta segunda-feira (10/06), uma excelente reportagem mostrando como está o clima de apreensão entre os jornalistas que estão prestes a ser demitidos ou que foram demitidos de forma sumária por veículos de comunicação que nem sequer levaram em conta a dedicação, as horas trabalhadas ou até mesmo as entrevistas exclusivas que conseguiram.

Escrita por Camila Rodrigues, Bruno Fonseca, Luiza Bodenmüller e Natalia Viana, a reportagem "A revoada dos Passaralhos" é mais do que uma denúncia: trata-se de um grito de desabafo de centenas de jornalistas (e demais profissionais de comunicação) que estão cansados de serem assediados moralmente, de serem perseguidos ou de não poderem dar a notícia à população de forma correta e isenta por conta de interesses políticos ou de grupos econômicos.

Infelizmente, o panorama que se desenha para o jornalismo impresso, de rádio e de TV não é favorável. Equipes cada vez mais reduzidas, estresse, muitas horas de trabalho, ausência de qualidade de vida, falta de respeito e salários baixos. Será que vale a pena fazer jornalismo nestas condições? Se há quase 30 atrás lutávamos por democracia, hoje a luta é por liberdade de expressão e respeito. A ditadura virou ditabranda...quase invisível, porque todo mundo tem medo de dizer que o rei está nu.

Assim como os grupos de humor encontraram na internet a sua alforria e independência financeira, chegou a hora dos jornalistas se mostrarem empreendedores, de arregaçarem as mangas e batalhar pela sua alforria intelectual. Seja montando um blog, um site, um portal de notícias, uma revista eletrônica ou até mesmo um canal no YouTube. Chega de sermos acomodados! Já passou da hora dos jornalistas criarem o seu próprio negócio e ver a velha mídia agonizar diante da falta de prestígio e dos recursos de publicidade que estão cada vez mais restritos.

Se a produção de conteúdo mudou, a publicidade segue para o mesmo caminho. Hoje em dia, mesmo com essa maré de crise econômica, anunciar numa página de jornal ou de revista e, principalmente, num intervalo comercial de TV, é muito caro e nem sempre é garantia de que o público está se envolvendo com tal produto a ponto de criar engajamento não só pelo preço, mas pelo boca-boca.

Na internet os custos são menores. As campanhas tem um target muito mais apurado e direcionado. O cliente sabe que está falando para o mundo, mas o mundo que foi atrás daquela palavra-chave ou pela indicação de um amigo via redes socais. Mas, o mais fantástico da internet é a aceitação do erro.

Tudo bem, aceitação pode ser uma palavra muito forte. Mas, na falta de uma outra, vai essa mesmo. Digo aceitação porque ninguém sabe muito bem para aonde vamos, quais são os caminhos para o pote de ouro. O erro é tolerável porque todo mundo está buscando o acerto. Além disso, as diretrizes da internet estão sendo construídas a todo momento e daqui a seis meses tudo pode mudar, tudo mesmo.

O grande problema das mídias tradicionais é que elas não ouvem o público, muito menos se permitem errar porque tem muito dinheiro em jogo. Um erro pode ser fatal e gerar demissões ou perda significativa de lucro. Fora que o público hoje não espera mais o próximo dia para ler as notícias no impresso ou as manchetes do telejornal. A informação está em tempo real está na internet – inclusive a opinião e a informação mais aprofundada também migraram para a web há muito tempo.

O público hoje está no celular, no tablet e no desktop. Tudo bem que ainda tem pessoas que gostam de ler jornais, ouvir rádio no aparelho e ligar o televisor, mas o que quero dizer é que o público não está em um só meio, mas sim em vários meios ao mesmo tempo. E quem não está em nenhum ou só pensa ficar em um se torna obsoleto e ultrapassado.

Se alguém tinha alguma dúvida da revolução da comunicação que estamos vivendo, aperte os cintos. Estamos vivendo um momento histórico: a morte da velha mídia e o nascimento do Neo Jornalismo. Um jornalismo onde o próprio jornalista é dono da plataforma que trabalha. Um jornalismo independente, plural, empreendedor e que pode construir um novo marco na ordem mundial: a tão sonhada liberdade de imprensa, e não de empresa. Viva la revolución!





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Jornalista

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3 comentários

  1. Trabalho no interior de Minas e morro de medo dessas ondas de demissões chegarem por aqui também. Tudo bem que o jornalismo está mudando, mas a falta de respeito com o profissional não deveria ser tão gritante como está sendo atualmente. Ótimo artigo. Beijos

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  2. Este assunto merece entrar com mais frequência na grade das faculdades de Jornalismo, que ainda produzem profissionais para a se inserirem na caótica estrutura midiática atual.

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  3. Eu não sou jornalista, mas parece ser uma ótima ideia ele virar "autônomo". Vejamos hoje, no youtube: tem muita gente que ganha a vida só publicando vídeos lá, exprimindo sua opinião. Ganham com anúncios do Youtube. Blogueiros também.

    Se deixar, os "empreendedores" pisam mesmo na cabeça do jornalista.
    --
    Djoni Filho Debate
    Twitter: @djonifilho
    Facebook: /DjoniFilhoDebate

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