Café Convidado – Internet banda larga no Brasil deixa a desejar
maio 22, 2013
Na seção Café Convidado de hoje, o advogado Dane Avanzi fala sobre a qualidade do serviço de banda larga e de
internet móvel no Brasil que deixa muito a desejar em relação a outros países.
Com uma tarifação cara e com o serviço que não atende de forma plena o
consumidor, as operadoras ainda enfrentam outro problema: o número crescente de
aparelhos celulares e de pessoas com acesso à internet. Abaixo, confira o texto:
Banda larga móvel: um serviço caro e
de pouca qualidade
*Por Dane Avanzi
Segundo
informações da União Internacional de
Telecomunicações (UIT), Agência da
ONU, focada na organização e padronização para a indústria de produtos de
telecomunicações, a quantidade de aparelhos celulares e assinantes de serviços
de telefonia móvel, cresce a uma taxa maior que a população do planeta. Outro
dado interessante, é que o número de assinantes de celulares ativos, ainda este
ano, superará o número de pessoas na terra, hoje estimado em 7,1 bilhões de
habitantes em face de 6,8 bilhões de linhas ativas no início de 2013.
Até
o final deste ano, a previsão é de que sejam ativadas mais de dois bilhões de
linhas. Destaca-se nesse cenário a Coréia do Sul, que possui 98% do serviço de
banda larga móvel com velocidade de acesso igual ou maior que 10 megabits,
seguida por Hong Kong e Japão, ambas com 88% do respectivo serviço ativado.
Porém,
o que mais chama atenção e é considerado muito significativo, é a grande
desigualdade na tarifação do serviço, que chega a custar dez vezes mais em
países em desenvolvimento como o Brasil se comparado com os Estados Unidos e a
Comunidade Europeia.
A
UIT também aponta que a banda larga fixa é mais barata em países desenvolvidos
e possui maior abrangência territorial, havendo os preços de pacotes nos
últimos quatro anos despencado 82% na média mundial. Com isso, temos hoje
mundialmente, somente com a internet fixa, 41% da população mundial com acesso
a rede, representando cerca de 750 milhões de residências assinantes do
serviço, estando o Brasil no grupo dos mais tarifados.
Embora
a banda larga móvel, hoje e nos próximos anos, tenha forte tendência de
crescimento mundial, acredito que o serviço de banda larga fixa possui mais
vantagens que a móvel, como por exemplo, disponibilidade, confiabilidade e
qualidade de conexão, e, em razão disso, acredito que aqueles que podem pagar
pela banda larga móvel e fixa irão manter as duas assinaturas.
A
expansão territorial das redes fixa e móvel, fazem com que a Europa se torne a
região com maior taxa de penetração no mundo, marcando expansão de 75% na
última década, seguida das Américas, que acumulou no mesmo período 61% de
avanço na ampliação das redes.
No
geral, somando as duas plataformas de acesso à internet, temos hoje 39% da
população mundial plugada na web, o que equivale a 2,7 bilhões de internautas.
Ainda segundo a UIT, o Brasil possui quase 50% do serviço de banda larga móvel
disponível aos assinantes, sendo que a maior parte das conexões está entre 2
megabits e 10 megabits. Agora com a introdução do 4G a perspectiva é que esse
número evolua.
Mesmo
sabendo que as realidades e demandas são diferentes e a carência de
investimentos em países em desenvolvimento como o Brasil é grande, “10 vezes
mais” ainda é um número que assusta bastante. Mas onde o Brasil está errando?
Acredito que ao liberar as operadoras para estipular o preço que elas bem
entendem, criou-se uma “carta branca” para conquistar o cliente com pacotes de
serviços de baixo custo e que nem sempre entregam o serviço que foi prometido.
Que
a concorrência deve ser estimulada, isso ninguém discute, desde que se
preservem os índices de qualidade do serviço, bem como a taxa de penetração da
rede em áreas sem atendimento, lembrando que o serviço de telefonia móvel é
ferramenta de implementação de políticas públicas importantes, como educação a distância,
por exemplo.
Não
podemos nos esquecer de que a disparidade de tarifas, em parte, é fruto da
carga tributária escorchante que afeta toda a cadeia produtiva do Brasil, desde
a indústria nacional até a taxa de importação, sendo que muitos dos produtos
utilizados pelas operadoras são importados, além de ICMS, FUST, FUNTEL,CFRP,
TFI, TFF e PPDUR que direta e indiretamente são cobrados nas tarifas pós e
pré-pagas aos brasileiros.
Como
cidadãos, esperamos que as autoridades competentes fixem um preço justo,
trabalhem com afinco na redução da carga tributária deste e de outros setores e
encontrem um meio termo para o consumidor e a concessionárias provedoras do
serviço. Mas é de extrema importância que não se deprecie a taxa de penetração
em regiões rurais que precisam se desenvolver, bem como a busca de qualidade e
preços mais próximos aos países desenvolvidos.
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*Perfil: Dane Avanzi é advogado e empresário
do Setor de Engenharia Civil, Elétrica e de Telecomunicações. Atua também como diretor
Superintendente do Instituto Avanzi, ONG de defesa dos direitos do Consumidor
de Telecomunicações.
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Jornalista
5 comentários
Aqui na minha cidade a internet é horrível, principalmente a pelo celular. Tem lugar que nem o sinal não pega, imagina a rede 3G. Ainda precisamos caminhar muito para ter uma internet de qualidade.
ResponderExcluirO que mais me incomoda é que a internet no Brasil é muito cara. Morei um tempo na Espanha e a internet lá é muito mais acessível do que aqui.
ResponderExcluirCom esse negócio de internet do celular, eu fico conectada o dia inteiro. Olho e-mails e entro nas redes sociais. Pelo menos a minha experiência como cliente é mais em relação a péssima qualidade da ligação do que o do sinal de internet. Tem lugar aqui em BH, até mesmo no centro, que não tem sinal para ligar ou a ligação cai do nada...um absurdo.
ResponderExcluirPois é Wander, e ainda querem fazer com que a gente acredite que a tecnologia 4G funcionaria perfeitamente por aqui. Abraços.
ResponderExcluirE COMO deixa a desejar. E o pior é o atendimento de várias 'operadoras' que te tratam como um lixo. abçs
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