Café Convidado – Morte do Page View como única métrica na Internet

abril 05, 2013



Na seção Café Convidado de hoje, o empresário de negócios e publicidade na web, Guga Stocco, fala sobre a morte do Page View como única métrica na internet. Para Guga, o fato do internauta não estar somente no desktop (computador), mas também estar no mobile (tablet e smartphone) configura uma nova possibilidade para que os produtores de conteúdo e investidores comecem a criar formas mais interessantes de desenvolver publicidade, promovendo engajamento e satisfação com o público, pensando não só nos números. Leia o artigo completo, abaixo:


A onipresença da informação e a morte do Page View


*Por Guga Stocco



A publicidade é essencial na vida das empresas, o que faz com que as corporações de mídia movimentem orçamentos gigantescos. As mídias tradicionais, como rádio, televisão, jornais e revistas dominavam esse mercado. Na década de 1990 observamos a chegada da internet e com ela uma mudança radical na forma de como a informação é consumida. Em um primeiro momento chegaram os diretórios e os portais, depois os meios de busca, os vídeos, seguidos das redes sociais.

Nos últimos dez anos, ao olharmos os gráficos da quantidade de pessoas que entram na internet, percebe-se que hoje somos mais de 2 bilhões de usuários, com taxas de crescimento exponenciais. Conforme estudos do eMarketer, os gastos publicitários na internet já ultrapassam os jornais e revistas juntos e o próximo passo é ultrapassar a TV. Tendo em vista esse crescimento, inúmeros negócios foram criados para aproveitar essa oportunidade e o aumento da audiência, que cresce a taxas de dois dígitos todos os anos.

Porém, tivemos um fenômeno no último ano onde a quantidade de page views das principais propriedades de internet caíram ou tiveram um crescimento muito abaixo do esperado. A tendência agora é que essa audiência comece a cair mais e mais e que todos esses modelos baseados em page views percam força, isto é, uma fortíssima ruptura nos modelos de negócios atuais e que estão por vir.


Por que isso ocorre? O acesso à internet está saindo do computador e os modelos de negócio que se estabeleceram devem mudar agora para não desaparecerem no futuro. Os usuários acessam o conteúdo por meio de múltiplos dispositivos com formatos diferentes e isso faz com que, mesmo com o crescimento da internet, a audiência dos sites caiam, as projeções financeiras comprometam-se e as despesas com servidores e TI aumentem. Eu chamo isso de onipresença da informação.

Vamos exemplificar: a rede social japonesa MIXI tinha 85% do seu tráfego oriundo de desktops ou notebooks em 2005 e 15% do seu tráfego vinha de dispositivos móveis. Em 2010 esse gráfico se inverteu e 85% do acesso provêm de dispositivos móveis. Imagina se todo o modelo de negócios fosse atrelado apenas à publicidade de venda de banners ou links? O sucesso teria destruído a empresa, pois sem fonte de receita no mobile, o seu faturamento poderia cair 85% em cinco anos.

Outro ponto importante é que o acesso a informação de um usuário comum pode variar. O conteúdo que era consumido via um computador, hoje pode ser consumido de várias formas diferentes como aplicativos mobile, para computadores, SmartTvs, tablets, kindles entre outros. Por meio do conceito da onipresença da informação podemos ajudar a explicar situações como o porquê da queda das ações do Facebook, isto é, se o fenômeno da Mixi ocorrer com o Facebook e 85% da sua audiência passar a acessar pelo mobile, os resultados serão comprometidos e se não existir um modelo de monetização no mobile a capacidade de crescimento da empresa ficará comprometida.

Outro aspecto que podemos ressaltar é por que o Facebook pagaria 1 bilhão de dólares por uma empresa sem faturamento como o Instagram? Esse valor exemplifica o desespero de conquistar um mercado que não é o dos desktops e notebooks e sim o dos celulares (smartphone), já que o aplicativo do Instagram crescia a taxas maiores do que as do próprio Facebook.

Temos que estar atentos a essa mudança de mercado. Na onipresença da informação, uma decisão de tecnologia errada pode comprometer bilhões. Em recente palestra de Mark Zuckerberg, no Tech Crunch Disrupt, ele disse que um dos maiores erros do Facebook foi ter apostado no HTML5 para a produção do seu aplicativo. Zuckerberg afirmou que se antecipou a uma tecnologia que não estava madura o suficiente.

Quando se trata da onipresença da informação é relevante destacarmos que deve-se tratar com diferentes variáveis e tecnologias para construir uma empresa ou um produto que atenda o seu público. Se você estiver usando o computador, além dos sites na internet, você deve criar aplicativos para MAC e para o Window 8, eles permitirão que você use todo o poder de processamento do computador e o acesso a internet para trazer mais interatividade aos usuários.

Já os dispositivos móveis, têm acesso à internet, a localização do usuário, além de permitir o uso de tecnologias como acelerômetro, giroscópio, NFC entre outras. Tudo isso está à disposição para melhorar a experiência do seu conteúdo. Outro dispositivo que não deve ser ignorado é a própria SmartTV, que permite que você crie aplicativos que rodam na TV, além de novos produtos que têm saído, como relógios Bluetooth, que acessam os dados do seu celular, entre outros.

Se não bastasse toda essa miríade de produtos, é importante pensar em como eles interagem entre si. Podemos ter aplicativos em smartphones e tablets que sirvam de suporte para assistir televisão tornando o programa mais interativo. Por exemplo, podemos assistir um seriado e ao mesmo tempo, no iPad termos informações adicionais sobre o capítulo, além de poder conversar e interagir com meus amigos durante o programa.

A onipresença da informação veio para ficar e devemos pensar em modelos de negócio que atendam essas necessidades. Muitos modelos atuais, baseados em page views, devem se reinventar e tudo isso deve ser feito em menos de dois anos, se não pode ser tarde demais. Eu posso afirmar que muitas empresas de internet de sucesso deixarão de existir em pouco tempo e esse fenômeno vai chegar mais rápido do que o mundo corporativo está acostumado.



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*Perfil: Guga Stocco é vice-presidente de desenvolvimento de negócios do Buscapé Company. Atua a frente de empresas no mercado de e-commerce, como Lomadee, plataforma de publicidade online; SaveMe, maior agregador de sites de compras coletivas da América Latina. Além disso, acumula também a vice-presidência de Mobile do Grupo.







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Jornalista

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4 comentários

  1. Concordo com o artigo. Acho que o modelo de publicidade na internet está mudando e vai mudar ainda mais, pois o internauta que ser surpreendido, gosta de novidade. Abraço

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  2. Muito bom esse artigo. Vou compartilhar com o pessoal da minha faculdade. Estudo publicidade no Espírito Santo. Parabéns pelo blog, cara. Leio sempre, apesar de não comentar muito. Abcs

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  3. É uma discussão que sempre temos aqui na agência que trabalho. Números são legais, mas e o engajamento? Qual foi o envolvimento que o internauta teve com a campanha com o conteúdo? Nem sempre algo que é visto 1 milhão de vezes tem uma avaliação positiva. Está mais do que na hora de repensarmos isso. Parabéns pelo artigo.

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