Belo Horizonte: há perspectiva para novos horizontes?

dezembro 28, 2012



Nos últimos dias, ao acompanhar o noticiário político de Belo Horizonte tenho tido crises de gastrite de raiva e de revolta. Desculpe se estou sendo passional, mas é o que sinto. Será possível que o belo-horizontino não vê o que está acontecendo na nossa política local? A oposição está acabando. Os Partidos já não existem mais. O cenário político está se desenhando, a cada dia, por joguetes e acordos por permanência no poder, e não mais por causas de engajamento social.

O que dizer de uma Câmara Municipal que não se preocupa com a sua própria imagem institucional e, ao que tudo indica, irá permanecer nos mesmos erros da sua Legislatura anterior? O que dizer de um Prefeito que quer interferir diretamente no Legislativo da cidade, seja escolhendo o próximo Presidente da Câmara, seja querendo mudar a Lei Orgânica do Município ao propor a redução da verba da Educação para viabilizar as obras da Copa?

Isso tudo me causa enjoo. Não contente, com todos esses acontecimentos, a Prefeitura de Belo Horizonte vem com mais presepadas para a população. A primeira é o aumento do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) na cidade para 5,78% em 2013, que renderá R$ 1.047.675.415,96 aos cofres públicos. Já o outro aumento é o da passagem de ônibus em 5,66%, ou seja: a passagem custava R$ 2,65 e passa agora para R$ 2,80.

Não sou louco: o IPTU é necessário para qualquer cidade. É o imposto que viabiliza vários projetos e programas que estão acontecendo ou que vão ser colocados em prática pela administração municipal. O que me assusta é a “cara de pau” de fazer um aumento tão significativo, uma vez que o cidadão que mora nas regiões mais afastadas é o mais carente de equipamentos públicos de qualidade. Fora que o Orçamento Participativo quase que morreu no mandato anterior e só foi ressuscitado aos 45 do segundo tempo por causa das eleições. Lamentável.

Além disso, acho uma maldade absurda aumentar o valor da passagem de ônibus enquanto o belo-horizontino não tem um transporte público de qualidade e, muito menos, tem a sua mobilidade urbana na cidade garantida como cidadão e cliente. Não temos ônibus bons e, em determinados dias e horários, é cada vez mais complicado andar de ônibus de uma região da cidade para outra por falta de veículos ou pelos inúmeros engarrafamentos.

Aumentar a passagem de ônibus é um incentivo subentendido para que as pessoas andem mais de carro ou de moto. Para o trabalhador comum, é muito mais vantajoso gastar os R$ 2,80 diários colocando combustível, do que pegar um ônibus lotado e demorado.

Mesmo com a Lei Nacional de Mobilidade Urbana já sancionada pela presidente Dilma Roussef no início do ano, BH dá um passo para trás e não investe na ampliação do metrô, na redução da passagem de ônibus, no maior número de ofertas de Táxi Lotação em diversos pontos da cidade, muito menos em ciclovias com aluguel de bicicletas, como acontece no Rio de Janeiro.

Fora que andar a pé em Belo Horizonte está cada vez mais complicado. Atravessar uma grande avenida parece uma “maratona”. Se você não correr, o sinal abre e você corre o risco de ser atropelado. As passarelas são projetadas por pessoas que não conseguem pensar em funcionalidade, com inúmeras rampas que ao invés de ajudar quem tem mobilidade reduzida, só atrapalha.

Dia desses, também noticiaram que finalmente vão colocar em prática um projeto de despoluição da Lagoa da Pampulha. Vários jornais noticiaram que o projeto já nasce cheio de problemas e que não vai desassorear, nem despoluir a Lagoa por completo, uma vez que falta o principal: conscientização ambiental. Seja dos técnicos, dos políticos e, principalmente, da população que mora no entorno ou em bairros que possuem ribeirões que alimentam a Lagoa da Pampulha. A maquiagem tem tempo de duração e desperdiça o dinheiro público. Será que é tão difícil perceber isso?

Eu amo BH radicalmente, mas “não tampo o sol com a peneira”. Estou recoltado com tantos problemas e ninguém faz nada para mudar. Quando falo ninguém – falo dos nossos políticos, aqueles que foram eleitos e que se acomodaram no joguete do “toma lá, da cá” para permanecer no poder.

Claro, ainda tem políticos honestos e realmente preocupados com o bem-estar da população, mas eles estão ficando cada vez mais raros....e fazem o trabalho de “gritar contra o vento”, de “remar contra a maré”. São heróis. Minha dúvida atual é por quanto tempo eles conseguirão. É hora de repensar em quem votamos e fiscalizar de perto quem recebeu o nosso voto. A cidade que temos é reflexo dos políticos que elegemos. Belo Horizonte: há perspectiva para novos horizontes?







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Jornalista

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6 comentários

  1. Lol, gostei do título do artigo!

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  2. Francisco Bertoletta30 de dez. de 2012, 09:07:00

    Compartilho da mesma revolta do seu texto, Wander. É um absurdo ver algumas coisas acontecendo em Belo Horizonte e não tem ninguém que compre essa causa de querer fazer as coisas direito. Aumentar o próprio salário foi o fim da picada.

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  3. Enquanto a população de BH e a imprensa continuar cada vez mais chapa branca tudo vai continuar assim, do jeito que os caciques querem. Tenho a minha consciência tranquila: não votei em nenhum desses, anulei meu voto em protesto.

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  4. Me arrependi de ter votado no Lacerda. Mas a gente tinha opção decente na época da eleição? Até simpatizo pelo Patrus mas o PT não tem mais meu voto.

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  5. Tenho nojo dessas politicagens. Fico triste de ver a Câmara Municipal de BH se perdendo por causa de poder...deixar Leo Burgues e Pablito disputarem a presidência é uma vergonha e falta de coerência com a história política da cidade.

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  6. Vou divulgar esse post entre os meus colegas da faculdade. Tem muita gente que nem sabe o que está passando em BH...é um meio de alertar e fazer barulho. #ForaLacerda #CMBHTransparenteJá

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