Obituário – Dona Canô: despedida e a nova Terceira Idade
dezembro 26, 2012
“Ninguém pode viver sem amor, sem
festa e sem devoção”. Esta era uma frase de Dona Canô, uma mulher de fibra, nascida
e criada no recôncavo baiano, na cidade de Santo Amaro da Purificação, na Bahia.
Claudionor Viana Telles Velloso, 105 anos - mas conhecida como Dona Canô,
morreu nesta terça-feira (25/12), na casa dela, ao lado de amigos e familiares,
na manhã de Natal. Ela teve oito filhos – entre eles Caetano e Bethânia. Clique
aqui e veja a repercussão no meio artístico.
A frase que abre este texto é de
citação de Maria Bethânia, durante uma entrevista ao programa Viver com Fé, de Cissa Guimarães, no
canal GNT, onde ela fala com muito carinho da mãe. É uma frase tão forte e impactante, que virou título de um álbum
lançado por Bethânia em 2010 que marcava os 40 anos de carreira da cantora e
era uma homenagem linda à Dona Canô.
Por coincidência, no final de semana,
antes mesmo de Dona Canô ter falecido, ela tinha virado pauta [na minha vida]
de uma maneira bem particular. Coincidiu de eu ver a entrevista de
Bethânia no Viver com Fé e o documentário “Pedrinha de Aruanda”.
Desse modo, a história de Dona Canô ficou muito forte na minha cabeça. Pelo
noticiário, eu vi a alta dela do Hospital na sexta-feira passada e, como muitos brasileiros, acreditei
que ela já havia melhorado.
Na verdade, após ler as matérias
publicadas a respeito da sua morte, vi que ela havia feito o pedido para ir
para casa, junto aos seus. Achei isso forte, principalmente porque a “partida”
dela se deu no Natal. É uma data simbólica. A notícia do falecimento dela mexeu
comigo. Travei. Não consegui escrever nada na hora. Lembrei da perda da minha
avó materna e o quanto isso mexeu comigo. Não é fácil....
Bato palmas para as pessoas que
passam pela vida e vivem de forma intensa por tanto tempo. Que deixam legado.
Que construiu toda uma família, que viveu [e vive] tantas histórias. Um pouco
mais de um século de vida não é para qualquer um: é só para vencedores! Dona
Canô não era só a mãe de filhos talentosos, ela tinha a sua história e mostrou
Santo Amaro para todo o Brasil.
Creio que Dona Canô é representante
de um novo modelo de idosos que vivem plenamente [e ativamente] todos os seus
prazeres e limites da Terceira Idade. Que é não só aquela avó [e mãe] acolhedora, mas também uma mulher vaidosa, que trabalha e tem os seus compromissos. Quem me dera
viver assim por tanto tempo! Ver que as sementes que plantei viraram raiz,
galhos, ramos, folhas e frutos. Ensinamentos. O legado continua e a história
abrirá apenas um novo capítulo: não terminou. Força e fé!
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Jornalista
2 comentários
Ei querido. Lindo isso que vc escreveu sobre a Dona Canô. Uma das homenagens mais bonitas que li na internet sobre a partida dela. Beijos
ResponderExcluirO que mais admiro a Dona Canô é a liberdade cultural que ela criou filhos tão talentosos. Como você mesmo disse, chegar a essa idade que ela chegou não é para qualquer um mesmo.
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