Caso Isadora Faber – Estudante prova o poder mobilizador e informativo das redes sociais
agosto 28, 2012
Carteiras quebradas, maçanetas enferrujadas, vaso sanitário que
não funciona, falta de cobertura na quadra da escola e bullying. Este é o
retrato de muitas escolas públicas brasileiras. No entanto, mais do que
relatar, a estudante Isadora Faber, de 13 anos, aluna do sétimo ano e natural
de Florianópolis, em Santa Catarina, resolveu partir para a ação e chamar a
atenção da comunidade escolar: criou a fan
page Diário de Classe no Facebook para denunciar a falta de estrutura da
escola onde estuda.
A iniciativa, que é uma prestação de serviço, não foi vista com
bons olhos pelas autoridades. Em assédio, professores, alunos e a direção
tentaram censurar Isabela, ao invés de incentivá-la. A garota ativista, mal
sabe que praticou jornalismo nas redes
sociais ao expor para o mundo os problemas estruturais do lugar onde
estuda. Isadora foi corajosa. E, graças a Deus, tem pais que a apoiam e a
incentivam a usar as redes sociais de forma coesa e ética.
Em questão de dias, a página
no Facebook alcançou a marca de 114 mil curtições, até o fechamento deste
post. Isadora ficou famosa. A Secretaria Municipal de Educação está
temerosa com a repercussão negativa que as “medidas disciplinares” usadas pela
escola de Isadora possam causar ao Estado, sem contar no fato de que o colégio
não é o único no Brasil que passa por esse tipo de situação. Em um ano
eleitoral, todo mundo fica ouriçado.
Veja também
Mais do que intimidar uma criança de 13 anos que postou as
irregularidades da escola na internet, o papel de um educador não é reprimir um
aluno e sim incentivá-lo a desenvolver o seu lado crítico em relação ao mundo e
ao lugar onde mora. Educação não é só decorar matérias e obedecer as normas da
escola. Educação é reflexão, é debate. E o jornalismo é isso: expor os
problemas da sociedade para a sociedade.
Mesmo sem saber, Isadora fez o uso intuitivo do jornalismo.
Denunciou e mobilizou a sua comunidade em torno de um problema pontual que faz
parte da realidade dela. Mais do que censurar, é hora de resolver a questão. A
ditadura acabou na década de 1980, mas muita gente ainda teme expor os
problemas do Governo como se isso fosse “falar mal”. Não é. Isso é ser sincero!
Tomara que o “jeitinho brasileiro” não jogue este caso para dentro do tapete.
Isadora é um exemplo dessa nova geração de jovens que questiona,
que quer debater e entender o mundo que vive. Por conta da sua ousadia e
criatividade, ela se tornou a personagem da semana. Muitas matérias e
entrevistas dela virão por aí. Quem sabe, Isadora seja a primeira de muitos
outros alunos que tenha a coragem e a ética de cobrar dos nossos governantes a
tão sonhada qualidade do ensino público. Algo a se pensar.
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Jornalista
6 comentários
Educação não é só decorar matérias e obedecer às normas da escola. Educação é reflexão, é debate. E o jornalismo é isso: expor os poréns da sociedade para a própria. Mesmo sem saber, Isadora Faber fez o uso intuitivo do jornalismo. Palmas para ela, que tem consciência cidadã! Leitura de 1a. tem de ser compartilhada. Texto simples e informativo. Cumpre com perfeição ao que se destina. Parabéns!
ResponderExcluirEssa menina é um exemplo para as pessoas que veem as redes sociais apenas como entretenimento. Ela colocou a boca no trombone de uma maneira polida e reivindicando o melhor para a escola dela. Tem o meu aplauso e respeito.
ResponderExcluirUma professora que repreende uma aluna dessa por falar a realidade da escola não merece ser chamada de profesora. Educação tem que ter respeito e diálogo. Adorei o texto. Beijos
ResponderExcluirIsso é cidadania pura, o mais legitimo e constitucional dos direitos de um cidadão. Apóio totalmente a atitude dela, visto que a TV e as Propagandas caríssimas que o Governo pões no Ar é só para ludibriar o POVO.
ResponderExcluirEscolas limpas, com carteiras pintadas, estrutura de bibliotecas e informática, tudo isso é uma raridade e as propagandas da "Dilmis" quer nos mostrar o contrário.
A verdade deve ser sempre mostrada pela população. Temos que aproveitar o momento em que temos muitas formas de expor a realidade.
A internet e suas redes sociais estão aí para isso e nós temos o dever de apresentar as pessoas a pura realidade que é desfarçada por meio de publicidade Governamental (traduz-se: Babela #protário ver.
E de otária esta garota não tem nada. Parabém e que mais pessoas tenhasm ideias como a dela.
Realidade sim (balela) Não. Fora enganação.
Obrigado pelo espaço democrático e verdadeiro de seu Site.
Este é sem dúvida alguma um exemplo a ser seguido e incentivado.
ResponderExcluirEspero que ela apareça nos programas de tv, assim ficará mais difícil calar sua voz.
Um grande abraço
É muito legal ver o ativismo on line deixando de ser sofativismo e revolução de sofá e gerando resultados.
ResponderExcluirE eu não tinha parado para pensar do uso jornalístico feito pela adolescente. Realmente, o que ela fez foi Jornalismo (de verdade e com J maiúsculo), coisa que os jornalistas da grande imprensa, ultimamente, não têm feito.
E eu também falei a respeito disso: http://blog-do-lucho.blogspot.com.br/2012/08/enfim-o-ciberativismo-teve-algum.html