Os segredos de uma boa reportagem

abril 12, 2012


Existe muito glamour no jornalismo, principalmente quando se é repórter. Mas ser repórter não é uma tarefa tão simples, muito menos glamorosa. Independente do veículo ou formato de mídia, exige dedicação e pesquisa. Muita pesquisa. Dependendo do assunto, o repórter pode ficar dias, semanas ou meses na apuração de um determinado caso. Quando se produz uma matéria com uma boa apuração, o jornalista sai do senso comum, do achismo. Uma boa reportagem se cerca de entrevistas, documentos, pesquisas, dados e comparativos.

O que diferencia um repórter do outro é a curiosidade. Nenhum bom repórter é um detetive. Simplesmente, ele sabe pesquisar e não tem preguiça de ir além. É preciso ter audácia de saber o que tirar da fonte e não ter medo de perguntar quando não se sabe. Ninguém sabe de tudo, nem é dono da verdade. Por isso é tão importante a “cara de pau”, mas sobretudo, a humildade. Jornalismo é o exercício diário da pesquisa e da entrevista.

Ano passado, ao participar do 6º Congresso de Jornalismo Investigativo da Abraji, muito se falou sobre o que diferencia uma boa reportagem da outra: o banco de dados e as suas fontes. Mas, para chegar em um bom banco de dados é preciso saber pesquisar e aonde pesquisar. E, por incrível que pareça, existem jornalistas que não sabem pesquisar no Google, muito menos tem o hábito de interagir nas redes sociais.

Tem jornalista que tem medo de troca, que vê o colega de trabalho – ou que trabalha em outro veículo, como adversário. A briga é dos veículos, não é sua. Fora que, por questões de poder político ou publicitárias, tem editor ou dono de veículo que limita a ação da sua equipe de reportagem.  Isso empobrece o jornalismo. É precisa abrir a cabeça e saber trocar. Não ter medo de interagir com público, muito menos com os colegas de profissão. Hoje, as notícias circulam primeiro nas redes sociais e depois vão para as chamadas mídias tradicionais, como impresso, web, rádio e TV.

No Congresso da Abraji, muitos jornalistas/palestrantes falam sobre compartilhar dados e informações entre colegas, fontes e público. Às vezes, por conta da exigência do factual, alguns jornalistas deixam de lado a apuração mais detalhada....e isso é muito perigoso. Não existe boa reportagem sem pesquisa, sem compartilhamento. Na primeira parte do vídeo abaixo, a jornalista Angelina Nunes, do Jornal O Globo, fala da experiência dela em reportagem e como é importante compartilhar informação com os colegas dentro de uma redação. Acompanhe:



Projeto 1000 em 1

Entrevistar, dentro de um ano, os mil jornalistas brasileiros mais relevantes, segundo ranking feito pelo Jornalistas & Cia. Este é o objetivo do Projeto 1000 em 1 que pretende reunir, em depoimento audiovisual, histórias sobre os bastidores de suas pautas premiadas e como é a rotina de produção desses conteúdos. O projeto será realizado por 100 duplas de estudantes. Cada uma delas deve entrevistar, durante o ano, dez profissionais.

A ideia surgiu durante o 6º Congresso deJornalismo Investigativo da Abraji, em conversa entre Sérgio Gomes, diretor da Oboré e idealizador do projeto Repórter do Futuro, e Angelina Nunes, editora assistente da editoria Rio em O Globo e diretora da Abraji. A inspiração de Angelina surgiu quando, para receber um prêmio, teve que detalhar o passo a passo de sua matéria. Durante a premiação, ao ter contato com o trabalho de outros profissionais, percebeu que esse conhecimento sobre a boa prática jornalística deveria ser passado adiante. Por isso, “é preciso trocar informação, informar aos colegas e estudantes como uma matéria deu certo”, diz ela.

O trabalho será coordenado pelo Sérgio Gomes, que está em busca de parcerias para oferecer uma ajuda de custo aos alunos. A Oboré realizará encontros com estudantes de diversas faculdades de Jornalismo para convocar estudantes a participar do projeto. A primeira reunião está marcada para 17 de abril, na ECA-USP, às 11h30 e às 18h30, na CJE (sala a definir), na av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária, São Paulo. Não é necessário fazer inscrição, apenas aparecer em um dos dois horários marcados. Para outras informações, acesse o site da Oboré.



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Jornalista

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5 comentários

  1. Excelente artigo, Wander. Principalmente pelas dicas que você está passando aos jornalistas que estão começando agora.

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  2. Nossa querido, tinha uma ideia completamente diferente de jornalista, de repórter. Não sabia que tinha tanto trabalho assim, principalmente de pesquisa...achei que era só chegar perto do entrevistado e pronto...mas é bem mais complexo do que imaginava. Gostei deste post!

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  3. Os jornalistas novatos tem muito o que aprender com os veteranos. E os veteranos tem muito o que aprender com os novatos. Jornalismo é troca. Quem não pratica isso, pode desistir da profissão.

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  4. Muitos estudantes de jornalismo se sentem encantados pela profissão por causa do glamour, de uma bancada de um telejornal ou de prêmios da vida. Isso é a mais pura falácia! Repórter de verdade tem um trabalho árduo e não se deixa encantar pelo glamour. É preciso ter caráter para saber que trabalho vem antes de sucesso.

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  5. Sou fã do trabalho da Angelina no O Globo. É uma jornalista de mão cheia, além de um coração maravilhoso. Fico feliz de saber deste engajamento dela. Parabéns pela postagem.

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