Verticalização da Pampulha abre polêmica sobre uso do espaço urbano

março 07, 2012


Os moradores da região em torno da Lagoa da Pampulha estão revoltados. Tudo porque, a prefeitura de Belo Horizonte resolveu mexer na lei de uso e ocupação do solo da área – que até então inibia a construção de edifícios, para a construção de dois hotéis de até 15 andares. Considerada uma área verde e residencial, a Pampulha sofre também com outro problema: degradação ambiental e a falta de vontade política de explorar o turismo de negócios.

De autoria do executivo da capital mineira, foram criadas as Lei 9.952 – conhecida como Lei da Copa, e a Lei 9.959, que revisou a Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo de Belo Horizonte, aprovada em 2010, tirando quadras da Área de Diretrizes Especiais (ADE) da Pampulha. O objetivo dessas leis é estimular a melhoria da infraestrutura para a Copa de 2014. Nesta sexta-feira (09/03), o Ministério Público pretende se pronunciar oficialmente sobre o caso, depois que um grupo de moradores entregaram o pedido de representação.

No meio de toda essa questão – e aproveitando o forte apelo comercial da especulação imobiliária, dois hotéis foram construídos a 700 metros da Lagoa da Pampulha. De acordo com reportagem publicada no jornal Estado de Minas, "o Bristol Stadium Hotel prevê 13 andares e 334 unidades em seus 48 metros, além de 174 vagas de estacionamento. Já o Hotel Go Inn terá 15 andares, 375 unidades e 137 vagas de estacionamento. Os dois estão na Avenida Alfredo Camarate, Bairro São Luiz. O Bristol Skalla tem previsão de 15 andares e 176 unidades e está na esquina da Avenida dos Palmeiras e da Rua Roquete Mendonça, no Bairro São José".

Em 2008, durante a campanha eleitoral, o atual prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda, era contra a verticalização da Pampulha. Veja aqui. Em maio de 2010, já eleito, o prefeito mudou de ideia e apresentou um projeto de lei alterando o uso e ocupação do solo na capital mineira, o que foi um ponta pé inicial para a construção dos hotéis. Estranho isso, não? Mais estranho ainda é não debater os problemas ambientais da Pampulha, como esgoto, lixo e assoreamento que estão latente há várias décadas. Um dos principais cartões-postais da cidade está esquecido no meio de um joguete político-empresarial. Lamentável.

Opinião

Sou morador da região da Pampulha. O debate aqui é sobre a verticalização da área em torno da Lagoa que é proibido por lei. Claro, sou contra a construção de vários prédios e condomínios gigantescos em volta da Lagoa. Isso tiraria o charme do local, com certeza.

O mais bonito da Pampulha é ver a Lagoa, a área verde em torno da orla. No entanto, entra ano e sai ano, a Lagoa da Pampulha está cada vez mais poluída. Sei que sou leigo no assunto, mas o único jeito de "salvar" a Pampulha da degradação ambiental que a lagoa está atualmente é investir no turismo e nos esportes náuticos.

Quem mora aqui na Pampulha sabe que o pessoal que mora em torno da orla torce o nariz quando tem muvuca, mas Belo Horizonte precisa aprender a fazer negócios de turismo. Gente, a Lagoa da Pampulha é linda! É nosso cartão postal! Vamos ter alguns jogos da Copa daqui a pouco, e região não tem um grande hotel. Isso é fato. Sei que muita gente vai me jogar pedra, mas é preciso jogar com a realidade também.

A Lagoa da Pampulha tem potencial turístico. Quem sabe, explorando este potencial turístico de forma consciente e respeitando o meio ambiente não conseguiremos dar um "up" na Pampulha? Não custa tentar. Mais do que debater a verticalização, eu quero mesmo é debater a despoluição. Quero ver a lagoa limpa, sem esgoto, sem bicho morrendo naquela água suja. Meu sonho enquanto belo-horizontino é passar pela orla e vê que a lagoa está limpa e que tem gente trabalhando por conta turismo. Sim, sou utópico, mas essa é minha bandeira, por ora.



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Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

2 comentários

  1. Wander, é a especulação imobiliária. Tal como em BH, aqui em Salvador estamos com o mesmo problema com a famigerada LOUOS (Lei de Ordenamento do Uso do Solo) que praticamente acaba com a representatividade dos conselhos da cidade e do meio ambiente. E um dos projetos é a permissão para a construção de edifícios com até 27 pavimentos ( 54 metros) na orla marítima de Salvador. E tem mais: reservas de mata atlântica que são muito reduzidas na cidade estão sendo derrubadas sem pena para a construção de condomínios fechados para classes sociais mais abastadas;

    Por aqui o Ministério Público entrou na briga, a Câmara de Vereadores é uma vergonha e ainda vamos ver como isso vai ficar. Pelo jeito, aí em BH, a coisa vai no mesmo caminho. :(

    E só para encerrar: hoje "tudo" que se faça tem como justificativa "por causa da Copa do Mundo". Especulação imobiliária inconsequente e sem respeito às leis ambientais, construção de estádios e sistemas de transporte sem licitação, sem transparência...agora, na hora de pagar a fortuna de R$ 1.451,00 para o piso nacional do magistério, ahhhh, aí NUNCA tem dinheiro! Ô país, ô povo, vamos acordar!

    Valeu, Wander! Um abraço!

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  2. Oi Wander! Muuuuuuuuuuuuita saudade do Café Com Notícias. O tempo ta super complicado, quase não entro nas redes. Fica aqui um grande beijo e toda minha saudade. Quero continuar comentando e participando desse espaço sempre que puder. Se você permitir é claro rsrsrs.
    Beijos amigo.

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