Avenida Brasil tem história envolvente, mas peca na abertura

março 27, 2012



Embalada pela adaptação mais comportada do hit angolano Kuduro, a novela Avenida Brasil, exibida às 21h, pela Rede Globo, estreou nesta segunda-feira (26) com uma média de 37 pontos e 40 de pico, de acordo com dados do Ibope da Grande São Paulo. Em Belo Horizonte, a novela alcançou 40 pontos de média. Focalizando mais uma vez no embate entre duas protagonistas, a trama de João Emanuel Carneiro e direção de Ricardo Waddington vai além ao colocar a Classe C no olho do furacão do horário nobre e propõe uma história envolvente com personagens populares no contexto do subúrbio carioca.

Divino – nome do bairro que também batiza o time de futebol do folhetim, serve de cenário para uma história que promete polarizar o acerto de contas entre Rita/Nina (Debora Falabela) e Carminha (Adriana Esteves), onde a heroína injustiçada pretende se vingar na mesma moeda das maldades que sofreu no passado. Enquanto o principal conflito começa a ser desenhado, no primeiro capítulo a vilã da história roubou a cena – o que promete ser o melhor personagem da carreira de Adriana Esteves em anos. Na outra ponta, a jovem atriz Mel Maia encantou a todos com a sua doçura e firmeza em alertar o pai para os perigos da madrasta jararaca que quer dar o golpe no pai dela. Mais uma jovem atriz que promete!

Ainda falando no bairro, é lá que uma das histórias mais divertidas acontecem. Numa referência direta ao um ex-jogador de futebol que virou empresário de marketing esportivo, Tufão foi descoberto pelo Divino Esporte Clube e em 1999, época que se passou o primeiro capítulo, é um craque do Flamengo que vive mais da fama que conquistou do que pelo futebol que produz em campo. Na final do campeonato carioca, há toda uma expectativa para que ele faça o gol que defina o placar. Tufão é a estrela que ofusca o nome do time. Algo muito comum no futebol brasileiro e uma crítica que se faz necessária de ser refletida.

O lado cômico da história fica por conta de Candinho (Alexandre Borges) e as suas duas esposas - Verônica (Deborah Bloch) e Noêmia (Camila Morgado), e daqui alguns capítulos, mais uma amante se junta à trupe, Alexia (Carolina Ferraz). Outro ponto de comédia da novela é o núcleo do salão de beleza formado por Monalisa (Heloísa Périssé) e Olenka (Fabiula Nascimento) que rendeu ótimas cenas e muitas gargalhadas.

Apesar do começo eletrizante, Avenida Brasil peca somente na abertura da novela que não tem nada a ver com a história. Não se trata de gostar ou não da música tema. Isso vai do gosto de cada um. Mas a batida dançante – por mais que seja um ritmo angolano, lembra muito o lado caliente dos ritmos latinos como o merengue. Seria falta de criatividade ou uma referência implícita à Dancin Days (1978), de Gilberto Braga?

Talvez, essa seja mais uma das muitas dicas que João Emanuel Carneiro oferece em seus textos para o telespectador. Avenida Brasil é um novelão clássico com personagens pensados para falar diretamente com o povão. E isso não é um demérito, muito pelo contrário. É uma qualidade, uma característica do autor e da “sua alma latina”.

Quando falo de pistas, Avenida Brasil já dá sinais claros do que está por vir. O lixão não está à toa na história. Nos capítulos seguintes, Max (Marcelo Novaes), amante e comparsa de Carminha, levará Rita para um lixão. Só que a madrasta megera não contava que a sorte poderia sorrir para a Rita e ela será adotada por uma abastada família argentina com o nome de Nina e mais tarde retornar ao Brasil com sede de vingança. Mas, porque levar a menina para o lixão? Será que Carminha teve um passado naquele ambiente? Nilo (José de Abreu), morador do lixão e explorador de crianças, será o pai de Carminha? Só o tempo dirá. Enquanto isso, o telespectador fica na torcida daquela que promete ser o “novelão” das 9.




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Jornalista


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4 comentários

  1. Excelente a sua resenha do primeiro capítulo de Avenida Brasil, Wander. Também não entendi o pq dessa música na abertura....ficou sem sentido. A menina para mim roubou a cena ao lado veteranos Tony Ramos e Adriana Esteves. Já sou fanzoca dela. Beijos

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  2. Ai, Wander...como é bom ver uma novela bem escrita, com bons atores e com uma imagem linda. Eu adorei o primeiro capítulo e concordo contigo que esse vai ser o personagem mais marcante da Adriana Esteves. Parabéns pela resenha, querido. Beijos

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  3. É uma novela muito boa e que prende o telespectador por conta da história princiapal que já ganhou o público, com certeza. Boa resenha.

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  4. Meu amigo Wander Veroni, quando pensamos que não seremos mais surpreendidos, vc nos surpreende mais uma vez com mais um excelente texto. Parabéns hj e sempre por seu trabalho e pelo profissionalista e competência que trata seu trabalho.

    Avenida Brasil em dois dias já mostrou a que veio. Impossível não se envolver com o texto de JEC e com os personagens. Como em outras novelas, o autor consegue manter o tom dos personagens, a a dinâmica de sua escrita. A direção consegue trasportar pro vídeo as palavras escritas do autor.

    Quanto a abertura, acho que não compromete a obra. A música é marcante, representa a tal classe C, tira um pouco a tensão que nos dá enquanto assistimos a novela. Ontem estava quase tendo um treco enquanto aquela menininha linda (esqueci o nome. rs) subia no telhado, cheguei a levantar do sofá e roer as unhas, de repente veio a abertura e eu pensei: ufa, posso pelo menos tomar agua e recuperar a energia pro próximo bloco. rs ...

    Acredito que as pessoas representadas na abertura representam os variados tipos que circulam pela avenida brasil, ricas, pobres, pessoas que sofrem, mas que sabem viver a vida. Acho que este é o espírito da novela. Só posso dizer duas coisas: Avenida brasil é um novelão e JEC é sim um mestre no que faz e tem muito a nos presentear nos próximos trabalhos.

    Ahhhh, e tbm como bonus, elogiar mais uma vez pelo seu texto neste arquivo sobre AB. O bom do jornalista é que independente do texto, seja pra qquer classe, não deixa a sua essência de lado. Parabéns mais uma vez Wander. E continue nos presenteando com seu trabalho. Grande abraço do seu face-amigo e seguidor do Café com Noticias, Angelo Moraes.

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