Obituário – Ale Rocha, cobertura da TV e o empreendedorismo da blogosfera

dezembro 07, 2011



Difícil falar da perda. Falar da morte. Da dor de perder alguém que admiramos. A gente tenta, em um primeiro momento, não acreditar. Mas ela está ali, diante dos nossos olhos. Alguns dizem que é renovação, renascimento. Outros já falam que é a única certeza da humanidade. Mas, mesmo ela estando ali ou acolá, nos rondando, prefiro acreditar na VIDA. Vida que segue e continua, sempre.

Foi com muita tristeza que recebi no final da manhã dessa terça-feira (06/12), a notícia do falecimento do jornalista e blogueiro, Ale Rocha, criador do blog Poltrona e colunista do Yahoo!. O Poltrona, criado em 2006, foi o maior blog independente sobre TV no Brasil. Em 2010, o blog foi editado e publicado como livro.

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Descobri a notícia pelo Twitter porque as tags #RIPAleRocha e Ale Rocha estavam entre os assuntos mais comentados do Trending Topics. Inicialmente, tomei um susto. Fiquei em estado de choque. Coisa de dias atrás tinha lido no blog da @rosana e da @anamagal sobre o estado de saúde do @alerocha e fiquei super contente de saber que ele tinha conseguido um transplante de pulmão que ele tanto lutava.

Infelizmente, na manhã dessa terça-feira (06/12), Ale teve uma infecção generalizada e não resistiu. O velório foi realizado por volta das 17h30 dessa terça-feira, no Cemitério Parque das Oliveiras, em Mogi das Cruzes. O enterro está marcado para as 8h desta quarta-feira (07/12). Confesso que ainda estou muito triste com a notícia. Não era amigo pessoal de Ale, mas me senti como se estivesse perdendo um amigo, uma pessoa que admirava pela qualidade do trabalho e pela luta por um transplante – algo que daria a ele mais qualidade de vida e a possibilidade de poder voltar a brincar com o filho.

O Ale era muito inteligente, sagaz e bem humorado. Adorava vê-lo na TV, na época de A Fazenda, no Hoje em Dia, entrevistando os ex-participantes ao lado de Camila Borowsky (Editora Abril), Fabinho Almeida (site Área VIP) e Lele Siedschlag (R7/Te Dou Um Dado?). O Ale fazia sempre as perguntas mais impactantes e por conta daquele sorrisão de “cara gente boa” sempre conseguia arrancar boas respostas. Em 2011, por conta dos problemas de saúde, achei tão bacana quando ele indicou o @fefito para substituí-lo no quadro. Vi ali um voto de confiança importante e uma forma de valorizar o trabalho do colega.

Sempre fui fã de TV, de ficar por dentro dos bastidores de Televisão e, principalmente, de entender como essa mídia funciona para poder construir qualquer tipo de análise. Descobri o Poltrona, por acaso, ainda na época da faculdade. É até hoje é um dos blogs que está marcado na pasta de favoritos do meu navegador. O Ale me inspirou, de certa forma, a também me aventurar na resenha televisiva e me interessar pelo mundo das séries.

Descobri as séries True Blood e Glee, ao ler uma resenha na coluna dele no Yahoo!, por exemplo. Por incrível que pareça, são as minhas séries favoritas, desde então. Não tenho vergonha de dizer que muito do meu jeito de escrever vem da minha admiração pelo trabalho do Ale. Vez ou outra mexia com ele no Twitter ou mandava email. De uma forma solicita e sempre muito educada, Ale me respondia.

Não éramos amigos próximos. Mas, pelo menos para mim, o considerava um amigo, um colega no mundo dos blogs e da crítica televisiva. Um profissional que, ao lado da @rosana, me inspiram a fazer uma blogosfera cada vez melhor e mais autoral. Pena que o Poltrona foi descontinuado, porque os artigos antigos eram uma viagem no tempo. Atualmente, só acompanhava o Ale pelo Yahoo!.

Quando um blogueiro se vai, é como uma estrela que se apaga no céu. E a morte do Ale mexeu muito comigo. Posso parecer ufanista, mas de longe, aqui do outro da telinha, acreditava que ele iria se recuperar, ia dar a volta por cima. Ser o primeiro paciente que recebeu um transplante de pulmão e sobreviveu. Pelos tweets do Ale, já conseguia imaginar ele postando fotos jogando futebol com o filho em questão de meses. Era uma torcida sincera. Mas Deus, no auge da sua sabedoria, quis nos dar um outro final. Propor um novo começo para uma história que deixa um legado.

Sou grato ao Ale por ter me apresentado ao mundo dos blogs e ao jornalismo empreendedor online. Mais grato ainda foi por ter aprendido aqui do outro lado do monitor que não basta apenas relatar ou aceitar informações oficiais. É preciso ter opinião, apuração e caráter para informar aquilo como realmente acontece. É triste ver que alguns colunistas de TV, da safra atual, ventilam qualquer porcaria em nome de um furo que nem sempre é real.

Peço a Deus que ilumine a família do Ale e, em especial, o filho dele, há quem ele sentia total amor e a esposa pela devoção de todos esses anos. A história não acabou. Ela continua nos nossos corações para todo o sempre. Você vai fazer falta, Ale! Hoje é dia de saudade (e de luto), bebê! Descanse em PAZ!



Fotos: Rede Record, Arquivo Pessoal e Divulgação.



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Jornalista

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8 comentários

  1. Ei Wander! Que triste essa notícia do Alê, hein. Não sei nem o que dizer....também fiquei sabendo ontem pelas redes sociais. No mais, parabéns pelo post. Você fez uma bela homenagem, querido. Beijos

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  2. Há alguns anos também acompanhava o trabalho do Ale e a luta dele pelo transplante. As resenhas dele sobre TV vão fazer muito falta.

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  3. Francisco Bertoletta7 de dez. de 2011, 11:30:00

    Wander, sou sicero em dizer que não conhecia o Ale Rocha. Mas na hora que li aqui no seu post que ele já participou do Hoje em Dia, me lembrei vagamente. Não sabia que ele tinha um doença tão séria assim e que pelo até aonde sei nunca se colocou como coitadinho...foi a luta e isso foi a lição que tirei dessa despedida. Parabéns pelo post!

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  4. Que descanse em paz, Ale Rocha! Parabéns pelo post, Wander...muito justo e merecida a homenagem.

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  5. Linda homenagem ao Ale, Wander. Tenho certeza que ele aonde estiver deve estar feliz com tantas manifestações de carinho. Legal saber que o Ale foi a sua inspiração para fazer as resenhas televisivas do Café com Notícias. Um forte abraço

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  6. Amigo, o falecimento de alguém nunca me tocou tanto quanto o dele. Estou chateada desde ontem quando li pelo TV a Ver que ele tinha falecido. Estava a caminho de uma externa no interior e li o tweet. Acho que foi quando a morte foi divulgada. Daí, todos começaram a comentar. Fiquei mal, estranha e rezei por ele na hora. Acompanhei alguns tweets de amigos dele e fiquei triste comigo por ter tido conhecimento dele e do Poltrona só este ano. Como não acompanhei o Hoje em Dia pela manhã no ano passado, nem o vi comentando sobre A Fazenda. Este ano, o conheci pelo Twitter. Passei a segui-lo (o que não faço mais. Ele faleceu. Não justifica tê-lo nos meus followers) e me divertir com alguns tweets. Li os de TV, de música e um dia, li o post sobre a luta dele. A partir daí, passei a admirá-lo como ser humano. Um pai, um filho, um marido que lutava dia após dia pela vida. Toda vez que ele postava sobre dores, mal estar, expectativa de ser chamado para a cirurgia do transplante, eu replicava com mensagens de torcida. Ele respondia para todos em geral. No Rock in Rio, ele e eu tuitamos assiduamente sobre o festival. Os dois até altas horas fazendo quase que os mesmos comentários sobre os shows. Hora eu discordava e respondia, hora eu quase morria de rir. As apresentações de SOAD, Shakira e Coldplay foram as que ele mais comentou. Quando Shakira entrou no palco com saião e cantou "Nothing Else Matters" do Metallica, Ale, acho, quase caiu da poltrona. Babou na linda cantora via tweets. Guardarei essa lembrança dele. Assim como os tweets sobre o SWU e a divertida apresentação de Hole e Courtney Love. Ale se divertiu demais assistindo essa apresentação e eu li.

    Um abraço amigo! Lindo post!

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  7. Pois é. Acompanhei o drama da busca do Alê por um pulmão nas postagens dele lá no Poltrona. É uma tristeza perceber que, mesmo ao conseguir realizar esse sonho (e foi uma luta), no final ele não conseguiu. Uma perda enorme para a blogosfera e um talento a toda prova que se vai.

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  8. Wander, estou me sentido péssima agora: não sabia da morte do Ale Rocha....tinha viajado de férias e fiquei completamente por fora de notícias, de internet, de tudo...gente, estou chocada mesmo....que coisa mais triste...me emocionei lendo o seu post porque acompanho o trabalho do Ale desde o Poltrona. Que Deus ilumine a família e a você Wander pela linda homenagem aqui no Café com Notícias. Beijos

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