Café Convidado - Impressões do Rock in Rio 2011

outubro 03, 2011



O blog @cafecnoticias preparou uma cobertura especial
do maior evento musical do ano, o #RockinRio2011. Clique aqui para ler o outro post do Café sobre o @RockinRio. Na seção Café Convidado de hoje, a amiga e jornalista @flavyapereira topou o desafio de resenhar os shows, falando da expectativa dos fãs em relação a apresentação de determinados artistas. Bora conferir? Então, leia o texto abaixo:



Impressões do Rock in Rio 2011


Por Flávya Pereira*


Fã de Red Hot Chili Peppers desde os 12 anos e por ter babado no Rock in Rio 2001, disse com convicção que iria ao próximo. Eis que em 2010, saiu o nome de algumas bandas confirmadas. Lá, estavam eles. Sábado, 24 de setembro de 2011, teria Red Hot no Palco Mundo do Rock in Rio.

Não comprei o Rock in Rio Card (ingresso vendido em 2010 antes de confirmar todas as atrações) por questões financeiras na época. Deixei para comprar juntos com todos. Fiz besteira. Na madrugada do sábado de 07 de maio de 2011, lá estava eu com cartões de crédito nas mãos e notebook tentando comprar o ingresso para o dia 24/09 em um site. Três horas jogadas no lixo. Inúmeras tentativas, inúmeros preenchimentos de cadastros. Na parte de finalização da compra, o sistema do site caía. Três horas tentando fez-me cansar. Pensei: “tento mais tarde”. Inocência minha.
Red Hot Chilli Peppers - Rock in Rio 2011 - 24/09/2011. 

Crédito da foto: Glaucio Burle/Estácio.

No sábado à tarde, quando cheguei do trabalho, o primeiro site de notícias que abro já tinha de todo o tamanho: “Rock in Rio – ingressos para o dia 24 estão esgotados”. Aquilo acabou comigo. Pensei: “Legal. Foi-se a vontade (pra não dizer sonho) de ir ao Rock in Rio. De ver, minha segunda banda preferida (Red Hot Chili Peppers. The Beatles é a primeira). Foi frustrante. Também não quis saber de comprar ingresso para os outros dias. É, mas no sábado dia 01/10, assistindo em casa pela internet, deu um baita arrependimento. O Coldplay - uma das minhas bandas preferidas – deu um show. O público, um show à parte.

O que vi pela internet

O primeiro show que vi foi justamente o de Red Hot pelo Youtube. É que no primeiro fim de semana de Rock in Rio, viajei e não levei computador. O show? Bom. Clássicos e canções foram apresentadas, mas faltaram alguns que certamente levaria a plateia ao delírio. Exemplo: “Snow”. Como tinham canções novas, isso fez o público ficar mais calado e interação é tudo, né pessoal? Além disso, o novo guitarrista ainda está em período de experiência. Em alguns solos, não fez um bom trabalho. E isso mata algumas canções. Também não estava tão em sintonia com o resto da banda. A impressão que tive é que não perdi nada em não ter visto o show deles de perto como eu queria. Porém, pretendo ir à próxima turnê dos caras no Brasil. Vale a pena ver Anthony Kiedis e sua trupe. Ô se vale.

O segundo show que vi foi Ivete Sangalo. A apresentação dela, sabemos, foi muito polêmica porque ela é do axé. É música baiana, não rock, mas foi e mostrou que pode cantar no Rock in Rio, do Brasil. E mandou bem. Eu já fui à um show dela. A mulher é boa de cantar para multidão. Ela interage com o público, faz todo mundo sair do chão, mesmo quem não gosta do estilo dela. É impossível ouvir Sangalo e não balançar o corpo. Muito menos não cantar as músicas que ouvimos em rádios, programas de televisão e em festas. A baiana ainda tocou “Easy”, de Lionel Ritchie no piano e violão dedilhando a romântica “More Than Words”, do Extreme. Agradou, porque todos cantaram com ela.
Ivete Sangalo - Rock in Rio 2011 - 30/09/11.
Crédito da foto: Geisy Almeida/Estácio.

Dei sequência e vi Lenny Kravitz. Só digo que foi um show muito, mas muito morno.  Quase frio. Está certo que Ivete Sangalo tira a energia de qualquer um e naquela mesma noite teria a dançante e empolgante Shakira. Mas Lenny não teve muita resposta do público. Era perceptível o quanto outras apresentações animaram mais a plateia do que ele. Exemplo: Shakira.

Tá bom, Shakira dispensa muitos comentários. Linda, simpática, tem uma voz potente, dança muito. No palco dançando, é ótima. No palco cantando, é ótima. No palco interagindo com o público, é ótima. No palco tocando, é muito boa. Para ter resposta positiva do público, é ótima. Fazendo covers, ela também é ótima. Shakira mandou uma versão acústica de “Nothing Else Matters”, um clássico do Metallica. Com direito a flores amarelas que ela jogou para o público. Sério, foi incrível essa parte do show. Com certeza, os metaleiros presentes no Rock in Rio que são fãs da banda dona da música aprovaram a versão da colombiana. Ah, mas ponto alto da noite foi Shakira e Ivete Sangalo cantando “País Tropical”. O público foi ao delírio com as duas cantoras mais pops da América do Sul. Um encontro bem bacana!

Vamos ao sábado? Frejat abriu muito bem a penúltima noite de shows do Rock in Rio 2011. Cantando sucessos do Barão Vermelho e da carreira solo, o cara conquistou e empolgou o público. Num clima bem de luau, todos cantavam suas baladas românticas. Frejat mostrou que o bom e velho rock nacional continua, pelo menos na memória.

Outro grande e bom show nacional foi Skank. Na lista de músicas, 12. Na boca do povo, 12. Era notável a alegria e emoção de Samuel Rosa ao ver e ouvir um coro com 100 mil, ou quase, pessoas cantando os hits da banda. Não só cantaram, como pularam, vibraram, gritaram e certamente, namoram ao som das baladas românticas. Aliás, Negra Li participou do show dos mineiros. Que parceria leve e gostosa entre Skank e Negra em “Ainda gosto dela”. O show acabou com gosto de quero mais. Foi tão bonito, com uma energia tão legal que deu para sentir de casa. Parecia torcida feliz com a vitória do seu time, de tanta euforia.

A noite de sábado prosseguiu com o pop rock mexicano de Maná. O grupo é bom, vencedor de “Grammys” Latino, porém, poucos conheciam todo o repertório. Com isso, o público se dispersou e foi curtir outras coisas. Maná ficou ali no Palco Mundo fazendo seu trabalho, mas ouviu um coro em “Vivir sin Aire”. A música mais conhecida do grupo no Brasil. E porque já foi trilha sonora em novela.
Maroon 5 - Rock in Rio 2011 - 01/10/11.
Crédito da foto: Mauricio Maia/Estácio.

É, parece que a penúltima noite do festival foi uma das melhores. E foi mesmo. Muitos torceram e torcem o nariz para as apresentações. Só que o público gostou. Isso já basta. Eles compraram o ingresso, eles escolheram ver o show do Maroon 5. Que show! Com vários hist na boca do povo, eles fizeram um show empolgante, gostoso e animadíssimo. O grupo tem muitas músicas que tocaram nas rádios brasileiras. Isso ajuda um pouco porque as pessoas sabem cantar e conhecem um pouco do trabalho da banda. Foi positivo. Começaram com a nova, uma homenagem à Mick Jagger. Duvido que alguém tenha ficado parado ao som de um som pop, mas gostoso, dançante. Pelas câmeras do site G1 que transmitiu o Rock in Rio, era possível ver a animação do público. E ouvir também. Meninas gritavam histéricas para o dono de um belo rosto e par de olhos azuis, o vocalista Adam Levine (eleito o galã desta edição), e claro, sua trupe. Aliás, um cara que tem muito fôlego. Emendava uma música a outra e com isso, a plateia não perdia o ritmo. Foi um bom show, que a imprensa insistiu em dizer que foi morno.

Quem fechou com chave de ouro o sábado dia 01 (mesmo sendo já no dia 02) foi Coldplay. Bom repertório, banda boa, bom som, um show visual e a simpatia de Chris Martin fizeram deste um dos melhores shows do Rock in Rio, pra mim e para muitos. Algumas declarações carinhosas ao Rio e ao Brasil, canções cantadas em coro, trapalhadas e acertadas de Martin, homenagem à Amy Winehouse com o refrão de “Rehab” ao piano, uma energia e felicidade contagiantes em “Viva la Vida” e um show de luz em “Yellow” fizeram do grupo britânico um dos mais ovacionados, aplaudidos e aclamados pelo público no festival. Um show que foi solicitado bis, inclusive em 2013.

Sobre os shows de domingo, serei econômica nas palavras.

Detonautas: os caras têm uma energia legal e músicas românticas, porém, fofas. Que marcaram a adolescência de muitos que estavam ali. O show teve uma pegada bem política. Palavrões para Sarney, mensagens contra a corrupção no telão e discursos políticos do vocalista Tico Santa Cruz. Para o público, foi possível pular, gritar, xingar, cantar e até namorar ao som das baladinhas. Foi um bom show.

Pitty: Um show muito dos bons. O início foi meio caidinho. O público não cantava com tanta empolgação, mesmo sendo hits. Porém, acordaram em tempo de aproveitar o bom som da cantora baiana. “Equalize”, “Pulsos” e “Me adora” empolgaram mais. Foi possível ouvir com fortaleza cada frase, principalmente, refrões e os “Ôoooo”. Antes de terminar o show, assim como os Detonautas, Pitty mencionou os 20 anos do álbum “Nevermind”, do Nirvana. Só que soltou a voz em “Smells like teen spirit”, principal música da turma do saudoso Kurt Cobain. Claro, os 100 mil presentes, aproximadamente, cantaram com ela. Foi legal demais, mas ninguém supera a também saudosa Cássia Eller interpretando essa música.
Evanescence - Rock in Rio 2011 - 02/10/11.
Crédito da foto: Marcelo Cortes/Estácio.

Evanescence: A minha expectativa da noite. Uma das bandas da minha geração tinha que arrasar com seus hits. Amy Lee mesclou conhecidas com as canções da nova turnê. Não empolgou. Aparentemente, sem fôlego e com a voz cansada, ela não deu conta de concluir as notas mais altas em “Going Under”. Mas deu um show em “My Immortal” tocada ao piano e depois com a entrada da banda, bem original ao disco. O público calou-se para ouvir Amy Lee nessa música tão romântica e dramática. Show prosseguiu, plateia quieta até vir os acordes de “Bring me to life”, um dos maiores sucessos do grupo. Amy Lee e banda picotaram a música, cortaram a participação masculina que tinha no disco e nos shows antigos e ela não deu conta de soltar o vozeirão que tem. Foi um show legal, deu pra recordar a adolescência, mas não o suficiente para ser bom.

System of a Down (S.O.A.D.): Confesso, não conhecia uma música se quer até o dia anterior ao show. Até que o dono deste blog, Wander Veroni, apresentou-me duas. Gostei e fiz questão de assistir ao show. Bons vocais, bom som, banda muito boa, letras bem politizadas e plateia delirando ao ver SOAD pela primeira vez no Rio de Janeiro, em sua primeira visita ao Brasil. Um show com som mais pesado, mas valeu a pena conhecer. Aliás, foi um bom show.

Guns N’ Roses: Ah seu Axl. Com 1h37 de atraso, ou seja, 2h44, Guns entrou no palco. Sob chuva forte, com direito a palco encharcado e plateia molhada, lá entrou um dos mitos do rock. Eu vi o show deles quando passaram por BH em 2010. A acústica do Mineirinho é horrível e ouvi muito três guitarras, a bateria e o show de pirotecnia ao longo do show. A voz do Axl? Ficou muito comprometida. Engano meu. Nesta edição do Rock in Rio, foi possível ver e ouvir que, de fato, a voz do líder da banda não é mais a mesma. Desafinou, parecia fazer cover dele mesmo, a banda não ajudou e sarcástico, se desculpou com o público pelo atraso dizendo: “Bom dia”. Quem esperou para vê-lo, fã de verdade, não ligou. Na lista, promessa de cantar quase 40 canções, mas incluindo os solos dos músicos ao longo do show. Eu ainda não descobri se cantaram todas as músicas. Só digo que ele não seguiu lista nenhuma, pulou várias canções e o show teve duração de 2 horas e meia, como li em portais de notícias. Assisti quase 1 hora e meia de show e me senti no Mineirinho. O show foi muito parecido. Inclusive, os fogos fajutos que estouram o tempo todo. Em “Live and Let Die”- canção de Paul McCartney quando tinha a banda The Wings – o “show” de fogos foi uma tragédia. Os ex-Beatle em suas apresentações solo ainda apresenta essa música. A forma de tocar, cantar e soltar fogos é algo incrível. Axl e turma precisam aprender com o Sir McCartney como apresentar essa canção em público.
Guns´N Roses - Rock in Rio 2011 - 02/10/11.
Crédito da foto: Bruno de Lima/R2.

Pontos altos até a parte do show que assisti: a segunda canção do show (que sempre foi a primeira) “Welcome to the Jungle” que levou a plateia ao delírio e ao encanto de estar ali presente no show de um mito. E a mais conhecida do grupo “Sweet child o’mine”. Os pacientes fãs cantaram, pularam e gritaram com Axl “Ô ooooooo sweet child o’mine...”, mas foi perceptível que dois, três guitarristas nunca substituirão Slash.  Sobre o Axl, apesar de jovem – 49 anos, ele não é mais o mesmo. Está fora de forma, menos sexy, sem fôlego, não tem voz tão aguda como antes e não grita tanto mais. Do Axl do Rock in Rio de 1991 só restou o nome, a bandana vermelha e os óculos de sol no cabelo loiro.


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*Perfil: Flávya Pereira, 24 anos, é mineira, jornalista formada, produtora, repórter e diretora de TV e rádio. É também apaixonada pelo veículo que conheceu ainda na caixa de madeira e com imagem em preto e branco.













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Wander Veroni
Jornalista

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3 comentários

  1. Parabéns à Flávya pelo texto e a você Wander por fazer do Café um espeço diferenciado e que sempre oferece um novo olhar para as pautas. Concordo em boa parte do que ela falou sobre o Rock in Rio. Não curto muito os artistas internacionais que passaram pelo festival. Gostei mais dos nacionais como o Capital Inicial, o Paralamas, Frejat, Pitty, que souberam valorizar a chama que ainda resta do rock nacional.

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  2. Bruno Marcondes Viana4 de out. de 2011, 08:06:00

    Excelente análise...concordo com tudo que que foi apontado no texto. Adorei o show da Katy Perry e da Shakira...para mim foi uma das melhores apresentações do lado pop do Rock in Rio.

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  3. Texto muito bom....parabéns pela análise. Quando crescer também quero escrever assim...hehehe. Beijos

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