Primavera Brasileira – Mobilização Social por meio da internet pode ser o início da Nova Revolução
setembro 08, 2011Sempre me questionei o porquê do patriotismo do brasileiro ser mais inflamado em uma partida de futebol da Seleção Brasileira do que no Dia da Independência ou, até mesmo, no aniversário do país. Não sou utópico, nem quero tampar o “sol com a peneira”. Sim, o Brasil tem vários problemas estruturais, muitos deles ligados à corrupção. Entretanto, falta mais auto-estima e amor-próprio às cores e à história da nossa nação. O Brasil não conhece o Brasil, já cantava Elis Regina. E isso é triste.
Mais do que ser um sonhador, eu acredito na revolução por meio da educação, do conhecimento e da união do povo em torno de uma causa. O Chile tem dado um exemplo muito positivo em torno desse tipo de mobilização para melhorar a educação de seu próprio país. A população já está colocando a boca no trombone pelas redes sociais. Só falta canalizar essa energia para a ação. O mundo virou os olhos para o Brasil por conta da Copa do Mundo, das Olimpíadas e, principalmente, por sermos um mercado em expansão dos mais variados tipos de negócios.
Entretanto, o nosso "calcanhar de Aquiles" ainda está na Educação. Sem educação, o povo ainda é manipulado, vota errado e a corrupção continua livre, leve e solta. E quando falo de educação, não é só da educação do conhecimento aprendido em sala de aula, mas do que se aprende em casa e no trato das pessoas no dia-dia. Ainda temos muito que avançar.
Infelizmente, somos um país que se orgulha de ter crianças matriculadas nas escolas, mas que mal sabem ler, interpretar ou fazer cálculos simples. Fica complicado exigir patriotismo – ou, no mínimo, a história da própria nação. Qual é a criança ou adulto que sabe cantar o Hino Nacional? Clique aqui para ver a pesquisa que mostra que 44% dos alunos do 3º ano ainda não sabem ler, nem interpretar.
Mas não podemos desistir. Para não deixarmos que esse problema se torne ainda maior nas próximas décadas, se faz necessário um esforço gigantesco para que a próxima geração não cresça ainda mais alienada e inverta os valores. A educação liberta e é o maior bem do ser humano. A nossa revolução social tem que começar por aí. É preciso que saibamos que a história do nosso país ainda está sendo escrita. Há muito ainda para ser conquistado. Por isso é tão importante conhecermos a nossa própria história para que a próxima geração não cometa os mesmos erros da anterior.
E um esforço para que isso aconteça já existe. Para alguns de forma mais tímida. Já outros, de forma intensa. Há ainda aqueles que vêem apenas a pipoca. Tudo é válido! O ativismo social já chegou às redes e quer provocar debate e, principalmente, chamar para a ação. Precisamos de uma Primavera Brasileira e os caminhos para que ela se desenhe já estão sendo traçados. Trata-se de uma Nova Revolução que está ganhando forças nas redes sociais e tem mobilizado pessoas de diversas partes do país para reinvidicarem os seus direitos para propor um país mais justo e menos desigual.
A Primavera Árabe começou assim nas redes sociais e nas mensagens de textos do celular. Um foi convocando o outro para algo maior em prol da sociedade. Demorou anos para ter o contorno revolucionário que estamos acompanhando hoje pela imprensa. Não foi de uma hora para outra. Será que estamos caminhando para uma Primavera Brasileira? Setembro esta aí, e não seria nada mal. Enquanto o brilho da estação não chega, lidamos com a “faxina dos ministérios” e não podemos aceitar calado o corporativismo sujo do nosso legislativo de absorver ladrões disfarçados de representantes públicos.
Por isso, muito me entusiasma ver que, no dia 07 de setembro, a Marcha Contra a Corrupção, em Brasília (DF), conseguiu mobilizar cerca de duas mil pessoas, durante os Desfiles do Dia da Independência. Os manifestantes lavaram a rampa do Congresso Nacional e dos ministérios do Esporte e da Agricultura, ambos envolvidos em suspeitas de corrupção. Segundo a organização, o movimento ganhou força depois da absolvição da deputada Jaqueline Roriz, no último dia 31, na Câmara Federal. A deputada foi flagrada recebendo dinheiro de Durval Barbosa, que revelou o esquema do mensalão do Democratas do Distrito Federal. Ela era acusada de quebra de decoro parlamentar e foi absolvida.
Claro, o ato é simbólico e o somatório de manifestações em outras cidades do país não representa nem a metade da população brasileira. Mas, mesmo assim, de forma pacífica e consciente, a Marcha chama a atenção das pessoas e, conseqüentemente, da imprensa, para que aos poucos todos possam tomar consciência da importância do seu voto para que a máquina pública brasileira deixe de ser vampirizada por pessoas amorais que se esqueceram da diferença entre público e particular.
Além disso, manifestações como essa – e porque não dizer de tantas outras por aí, nos mostram que o povo brasileiro não é tão indiferente às maracutaias e cambalachos de alguns dos nossos representantes eleitos que não merecem ser chamados de político. Com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no DF, que dá suporte jurídico aos participantes do movimento, a Marcha Contra a Corrupção reivindica o voto aberto no Congresso Nacional, a votação do projeto de lei apresentado no Senado que considera a corrupção crime hediondo e a aplicação da Lei da Ficha Limpa.
Mesmo que tenha sido pontual, a visibilidade que a ação teve e a quantidade de matérias, artigos e reportagens que gerou nos mais variados veículos de comunicação já servem de estímulo – mesmo que seja virtual, para que possamos resgatar o amor próprio pelo nosso país. Observe: a revolução já está dando um start interessante pelas redes sociais. Cabe você aceitar, participar ou ficar indiferente. A história do Brasil está acontecendo agora, diante dos seus olhos.
Você vai mesmo ficar aí parado? Em todo caso, independente da sua resposta, para que esta Nova Revolução aconteça e ganhe contornos de uma Primavera Brasileira, é importante que ela não fique apenas no mundo online e vá também para as ruas, cara a cara, olho no olho. Só assim, de mãos dadas e corações unidos, conseguiremos alcançar um único desejo e dar um basta nessa corja. CHEGA DE CORRUPÇÃO!!!
Fotos: Ueslei Marcelino/Reuters, Pedro Ladeira/France Presse e Eraldo Peres/Associated Press (Galeria da Folha.Com).
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Jornalista
3 comentários
Esse seu texto mostra um lado ativista que nós, leitores já desconfiávamos, mas não sabíamos que era tão intenso. Seria ótimo acontecer uma Primavera Brasileira. Mas, mesmo vendo que os movimentos sociais já estão ganhando uma força significativa na internet, ainda acho que temos que comer muito arroz com feijão....o povo não se interessa por política, o que é uma pena.
ResponderExcluirNada contra os militares, mas se eles fazem um desfile pq a sociedade civil não pode se organizar e expor os podres da política brasileira? Nada mais justo, não? Assim como vc sonho com um dia termos a nossa Primavera Brasileira....seria muito bom dar um basta na corrupção.
ResponderExcluirObrigado por partilhar pois estou divulgando nas redes sociais disponíveis na web, pois seu tema " Primavera Brasileira – Mobilização Social por meio da internet pode ser o início da Nova Revolução" e ainda com sua conclusão de Efeito que reescrevo aqui bem assim: "Você vai mesmo ficar aí parado? Em todo caso, independente da sua resposta, para que esta Nova Revolução aconteça e ganhe contornos de uma Primavera Brasileira, é importante que ela não fique apenas no mundo online e vá também para as ruas, cara a cara, olho no olho. Só assim, de mãos dadas e corações unidos, conseguiremos alcançar um único desejo e dar um basta nessa corja. CHEGA DE CORRUPÇÃO!!!!"
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