Ponto de Vista – Cordel Encantado chega ao final com saldo positivo, apesar da barriga na história

setembro 24, 2011



Mostrar que a roda da vida não pára. Foi com essa mensagem que as autoras de Cordel Encantado, Duca Rachid e Thelma Guedes, encerraram a novela das seis, da Rede Globo, nesta sexta-feira (23/09). “Apesar do mal sempre pairar sobre a Terra, o bem sempre prevalecerá”, como bem lembrou o Profeta Miguézinho no último capítulo, Cordel quis mostrar para o público a importância da união do povo para fazer a diferença na sociedade, mesmo que isso renda mais uma outra batalha contra o mal.


O final da novela mostrou também a união do casal protagonista, Jesuíno e Açucena; a reconstrução da Vila da Cruz depois do incêndio provocado por Timóteo e a redenção [da morte] da Duquesa Úrsula nos braços do Capitão Herculano. Além disso, mesmo de modo irreverente, fez um alerta importante sobre as eleições municipais do próximo ano com a eleição do Príncipe Felipe como o novo prefeito de Brogodó. E, para mostrar que a vida continua, um novo coronézinho chega à fazenda, com o mesmo ar de arrogância e despeito do vilão da novela, Timóteo Cabral, que morreu incendiado na igreja de Vila da Cruz.

Cordel chega ao capítulo final com um saldo bastante positivo, apesar da baixíssima repercussão nas redes sociais devido ao início do Rock in Rio e da barriga monstruosa nos últimos meses. Na sexta-feira (23/09), o folhetim marcou 29 pontos de média e pico de 34, segundo a prévia do Ibope na Grande São Paulo. No total, a novela teve uma média de 26 pontos, o mesmo que Escrito nas Estrelas, e dois a mais que a problemática Araguaia que a antecedeu.

A novela da dupla Duca Rachid e Thelma Guedes entre para a história da teledramaturgia da Globo por ousar na linguagem cinematográfica e mostrar que é possível fazer um novela misturando histórias tão distintas de épocas diferentes. Com impressionantes cinco meses no ar – a novela estreou dia 11 de abril, Cordel Encantado se despede com a impressão de ter ficado muito mais tempo no ar, devido a total afinidade que o público teve com a trama.

Como apreciador de um bom texto, tenho que tirar o chapéu para as autoras pela qualidade da história e dos diálogos, principalmente no primeiro mês de novela. A impressão que tive é que o capítulo final, na verdade, seria a união do de quinta (22) e sexta-feira (23). Duca Rachid e Thelma Guedes foram muito felizes de fechar a história de modo “fantástico”, assim como o início, mostrando que a história do “amor aparentemente impossível” entre Açucena e Jesuíno rende um bom Cordel, cantado em verso e prosa pelo sertão.

Durante um tempo, como telespectador, fiquei afastado de Cordel por conta da barriga na história que me irritava. As autoras me deixaram mal acostumado com o ritmo frenético da novela no início. Cada semana era uma virada na história. E de repente, aquilo tudo deu uma pausa. O fato de Timóteo nunca morrer e sempre sair fortalecido de suas presepadas me decepcionou. Por mais clichê que esse recurso possa ser, esperava ansioso por um “quem matou” básico.

O casal protagonista, Jesuíno e Açucena, pelo menos para mim, sempre me passaram verdade. O amor deles era algo tão maior que enchia a tela e nos fazia torcer para que os dois conseguissem o tão sonhado “e foram felizes para sempre”. Cordel teve vários destaques e difícil pensar em quem não merece um elogio. Todo o elenco estava afiado. Bruno Gagliasso, mais uma vez, mostrou para todos que é mais que um rostinho bonito na TV, mas sim um ator de verdade que consegue dar um ar diferente a todos os seus personagens. Timóteo Cabral sai de cena, mas entra para a história da teledramaturgia, assim como Ternurinha, Patássio Peixoto, Dona Neusa, Nidinho, Rainha-mãe Efigênia, Capitão Herculano, Doralice/Fubá, Miguézinho, entre outros. Cordel Encantado termina mostrando que assim como a vida, as histórias continuam. Um fim sempre pode render um novo começo. 



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*Observação: Este artigo faz parte da minha participação na seção Ponto de Vista, do site do Cena Aberta, onde três jornalistas publicam um artigo mostrando pontos diferenciados sobre o mesmo assunto. Todo sábado você vai encontrar artigo escritos por Endrigo Annyston, Emanuelle Najjar e Wander Veroni.




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Wander Veroni

Jornalista

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4 comentários

  1. Fábio Antônio dos Reis24 de set. de 2011, 19:07:00

    Cordel foi uma ótima novela....e é incrível que ficou tão pouco tempo no ar. Pena que as autoras não conseguiram fazer a história dar um gás no meio....mas o final foi muito bom. Parabéns pela análise. Abraço

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  2. Achei o final bem estranho com aquele lance do casal de mesmo nome ouvir o Cordel e as autoras fazendo uma pontinha....só agora que li o seu texto é que fui entender a proposta desse capítulo final.

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  3. Melhor novela do ano....via fazer falta! História muito boa do início ao fim. Não concordo com a barriga....para mim a novela estava perfeita.

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  4. Com a avalanche informacional de hoje é preciso estratégia para ver novela: uma semana sim, outra não. Por que? Porque parece que você a deixou no ponto que parou de assistir. Entretanto, Cordel foi diferente por todos os motivos litados na postagem: linguagem cinematográfica, atuação, duplos sentidos... Confesso, no entanto,que os casamentos ao final me pareceu clichê novelístico, mas de fato Wander Veroni fez uma excelente arremate final sobre a novela. Vamos avaliá-la pelo todo e não por detalhes...Afinal a TV tem tentado dar um salto qualitativo que deve ser considerado relevante.

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