#CineCafé: Filme Uma Manhã Gloriosa retrata bastidores de um programa de TV

abril 20, 2011


Produzir conteúdo para televisão não é fácil. Além disso, boa parte do público confunde TV com glamour. Fazer televisão (comercial) diária é correr contra o tempo: exige dedicação, criatividade, bagagem cultural, boa equipe e, acima de tudo, jogo de cintura para lidar com os mais variados tipos de ego e aborrecimentos. 

A partir dessa premissa, chega às telas o filme Uma Manhã Gloriosa (Morning Glory, EUA, 2011), que narra a reviravolta na vida da jovem produtora de TV, Becky Fuller (Rachel McAdams), que se vê, muitas vezes, indecisa entre ter um vida social ou mergulhar de cabeça no trabalho para conquistar o sucesso profissional.

Com direção de Roger Michell – que dirigiu Um Lugar Chamado Notting Hill (1999), e roteiro de Aline Brosh McKenna – que fez a adaptação de O Diabo Veste Prada (2006), o filme Uma Manhã Gloriosa consegue mostrar ao público, em tom de comédia, os bastidores de um programa de TV diário, no acirrado e cada vez mais complicado horário matutino. No elenco, nomes como Rachel McAdams, Harrison Ford, Patrick Wilson, 50 Cent, Diane Keaton, Jeff Goldblum, Arden Myrin. Assista, abaixo, o trailler do filme:


Uma curiosidade sobre o Uma Manhã Gloriosa é que ele foi gravado, simultaneamente, em Nova York e Nova Jersey, nos Estados Unidos, além de utilizar uma locação real de estúdio e redação para dar vida à fictícia emissora de TV IBS. Outro fato que chama a atenção é que boa parte das cenas de noticiário mostrado ao longo do filme são verdadeiras, como as enchentes de 2008 no estado de Iowa, quando Cedar Rapids teve mais 400 quarteirões da cidade submersos.

Para quem é entusiasmado com TV e vive as atribulações da complicada vida de jornalista, o filme parece uma terapia de grupo, onde é possível se identificar com cada problema vivido por Becky que, entre uma ou outra trapalhada, dá a volta por cima e consegue se firmar no mercado de trabalho.


Divertido, o filme nos propõe uma reflexão interessante sobre o que está acontecendo – de uns anos para cá, na TV aberta brasileira, com a explosão de programas matutinos que misturam jornalismo e entretenimento, tendo como público-alvo as donas de casa, mas sem esquecer de falar também com o marido, crianças, adolescentes, avós, ou seja, para toda a família.

No Brasil, temos vários exemplos de programas como o Daybreak: o Hoje em Dia (Record), Bem Estar (Globo), Dia-Dia (Band) e Manhã Maior (RedeTV!), onde o telespectador possui uma variada opção de programas que, em suma, querem enlaçar o mesmo tipo de público. Quem acompanha esse panorama, logo faz a associação: é como se Becky – a heroína do filme, fosse contratada para colocar o Manhã Maior para brigar pela vice-liderança.

Situação difícil, não? Muito, mas não impossível. Para jornalistas e produtores de TV, o filme é algo inspirador, pois mostra o quanto é importante ser empreendedor, criativo e não deixar a peteca a cair para que, desse modo, se consiga sempre cativar a preferência do público. 

Voltando ao caso do filme, Becky só consegue fazer o Daybreak acontecer quando promove uma mudança estrutural no programa e percebe, de forma sutil, que o YouTube está ajudando a divulgar a atração entre o público, ao emplacar micos dos apresentadores como hits.


Dentro dessa revolução, Becky dá prioridade ao jornalismo factual, investe em pautas amenas e divertidas, além de convencer o premiado jornalista Mike Pomeroy (Harrison Ford) – que possui um ego bastante inflamado, a co-âncora do programa ao lado de Colleen Peck (Diane Keaton). 

Na medida em que Mike e Colleen se confrontam, primeiro nos bastidores e depois no ar, o caso de amor de Becky com o colega produtor Adam Bennett (Patrick Wilson) começa a desmoronar e logo Becky se vê lutando para salvar o seu relacionamento, sua reputação, seu emprego e o próprio programa. Para quem gosta, trabalha ou tem curiosidade em entender os bastidores da TV, o Uma Manhã Gloriosa é uma excelente opção. Vale a pena conferir!





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Jornalista

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4 comentários

  1. Tenho muito curiosidade em saber mais sobre os bastidores de um programa de TV. Ainda não assistir o filme, mas acho uma boa pedida para o feriadão de agora. Parabéns pela crítica! Aguçou a minha curiosidade.... :)

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  2. Assisti o filme, mas não tinha me dado conta desse detalhe de bastidores, nem tão pouco fiz a comparação com a TV brasileira. Achei bem água com açucar e confesso que não é o tipo de filme que mais gosto. Depois que li o seu artigo é que me atinei para esse lance dos bastidores. Realmente, visto desse ponto jornalístico, é um bom filme.

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  3. Opa...quero muito ver. Pelo conteúdo, pelo seu comentário e pelo diretor! Ah, e ainda mais por trabalhar em TV.

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  4. Ahhh compadre, fiquei super orgulhosa da tua resenha, perfeita! Não sabia que aquelas imagens se referiam a fatos reais, você foi a fundo, adorei!

    Conheço alguém que a-do-ra trabalhar em TV... rs

    Beijoconas!

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