Ponto de Vista – A violência no Rio assusta, mas não é de hoje

novembro 27, 2010


Nessa última semana, os olhos do mundo se voltaram para o Rio de Janeiro. A cidade conhecida por ser o cartão-postal do Brasil se viu sitiada por bandidos. Tudo começou quando criminosos armaram um ataque na rodovia Rio-Magé (BR-116), na altura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no fim da noite de sábado (20/11), em resposta à implantação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Durante toda semana, a onda de violência continuou. Veículos foram queimados, cabines da polícia metralhadas e inocentes feridos em meio ao fogo cruzado.

Desde quinta-feira (25/11), a Polícia Civil, Militar e Federal tem concentrado a operação na Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio de Janeiro, sob a liderança do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e apoio das Forças Armadas. Foi exatamente nesse dia que uma cena impressionou o mundo: vários bandidos correndo entre os morros, fugindo da Vila Cruzeiro em direção ao Complexo do Alemão. A polícia acredita que 500 criminosos estão escondidos no complexo.



A paz que os traficantes querem é a paz que eles tiveram todos esses anos de omissão do Estado.Paz para tocarem seus negócios livremente !less than a minute ago via web



Pelo noticiário, a ação das autoridades é acompanhada como se fosse um reality show. Ou melhor, um frame do recente “Tropa de Elite 2”, como bem lembrou o jornalista e blogueiro @alerocha na sua coluna. Na película de José Padilha, as autoridades cariocas se encontram numa situação semelhante, onde a sociedade pressiona por uma resposta a onda de violência que se instalou. No filme, tanto a polícia, quanto a política local, estão entrelaçados com a criminalidade. Na vida real, temos a ligeira impressão, que as autoridades querem resolver o problema. Só espero que não sejam ações imediatistas, mas sim de longo prazo.

Ligeira impressão porque o problema do tráfico de drogas no Rio e o “poder paralelo” que existe nas favelas não é de agora. É antigo e existe há muito. Na falta de anos de ausência do Estado, o “poder paralelo do tráfico” criou novas leis, hábitos e uma população oprimida pela pobreza e pelo medo, afinal ninguém quer morrer em um “microondas” da vida.

Vendo as cenas do Rio de Janeiro, mais especificamente das ações de enfrentamento à violência na Vila Cruzeiro, temos a certeza que estamos em uma guerra civil que não vai terminar agora, mas que exige um trabalho a longo prazo de transformar toda uma sociedade, passando pela política local, pela polícia e, principalmente, pela educação da sociedade. Ver as Forças Armadas na rua mostra o quanto a coisa é séria e que a polícia está falida. Não adianta clamar pelo Capitão Nascimento – nosso anti-heroi tupiniquim preferido do momento. O buraco é mais embaixo!



» Clique aqui e leia o desabafo do internauta Ricardo Ferrarez, no site Cena Aberta, sobre a onda de violência no Rio de Janeiro.



*Fotos: Portal R7




___________________________________________

*Observação: Este artigo faz parte da minha participação na seção Ponto de Vista, do site do Cena Aberta, onde três jornalistas publicam um artigo mostrando pontos diferenciados sobre o mesmo assunto. Todo sábado você vai encontrar
artigo escritos por Endrigo Annyston, Emanuelle Najjar e Wander Veroni.





Gostou do Café com Notícias? Então, siga-me no Twitter, assine a newsletter e participe da página no Facebook e da comunidade no Orkut.





Wander Veroni
Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

6 comentários

  1. A situação do Rio de Janeiro assusta mesmo. Mas acredito que foi bom por um lado isso ter acontecido. Já era hora das autoridades fazerem alguma coisa. Parabéns pelo blog e pela crítica. Abcs

    ResponderExcluir
  2. Ola Wander

    O que estamos assistindo hoje, é apenas o início de uma "guerra" sem precedentes, que certamente deixará marcas, não pelas ações, e sim pelas vítimas que ainda estão por vir.
    A polícia carioca tenta de uma forma planejada ocupar "territórios", os quais perdeu o controle e cmando a muitos anos, abrindo espaço para os traficantes.
    Temos que ter em mente de que isto é necessário, não podemos conviver com a idéia de nos tornarmos uma a "colombia brasileira"
    Devemos acreditar e pedir a Deus que esta guerra traga a paz ao povo carioca, e que ela não deixe sequelas severas.
    Um forte abraço
    Mad

    ResponderExcluir
  3. Uma ação necessária. Espero que o Estado se faça presente para as comunidades abandonadas e que a ocupação seja permanente, garantindo a todos o direito à cidadania.

    ResponderExcluir
  4. Não adianta prender dezenas de traficantes pé-de-chileno. Tem que ir atrás dos peixes grandes, que são os manda-chuvas do tráfico. Enquanto estes caras estiverem impunes, nada irá mudar. Abraços.

    ResponderExcluir
  5. O que assistimos no Rio de jneiro,foi só uma demonstração de que é possivel reprimir o tráfico e a violência de forma direta,é claro que a forma preventiva com a fiscalização em portos,aeroportos e fronteiras além de politicas sociais para as cominidades mais atingidas é o ideal pra que possamos combater esse problema com mais eficiência,porém,e indiscutivel que é necessario combater o caos ja instalado.De parabéns todos os atores que participarem desta histórica operação.

    ResponderExcluir
  6. Muito bom o artigo!

    Realmente o Rio é uma cidade maravilhosa,com praias lindíssimas,merce uma ação como esta..não dá pra aguentar tanto contraste..

    Abraço!

    ResponderExcluir