Ponto de Vista: Incertezas na grade da TV aberta

maio 03, 2010





No post da semana passada falamos sobre os 45 anos da Rede Globo. A emissora carioca é conhecida pelo público por ter horários fixos na sua grade de programação tradicional, como por exemplo as atrações do horário nobre. Mesmo que não se acompanhe nenhuma novela do “Plim-Plim”, você sabe que depois do Jornal Nacional passa a novela principal da “Vênus Platinada” há algumas décadas. TV é hábito. E não adianta fugir disso, porque o telespectador precisa se identificar – como já diziam Walter Clark e Boni quando implantaram o Padrão Globo de Qualidade, na década de 197o.

Não por acaso, é muito comum as pessoas se programarem – por mais incrível que pareça, a partir de um programa de TV. Tenho uma amiga que só sai de casa depois que a novela das oito acaba. E não adianta falar ou argumentar que ela se programa totalmente por causa da novela. Mas, porque eu voltei a falar da Globo?

É para, justamente, fazer essa comparação: nas outras emissoras é quase impossível assistir ou acompanhar um programa em um determinado horário. Quem não se lembra da grade voadora do SBT há uns tempos atrás? Depois de perceber o tamanho do erro, finalmente, hoje a emissora de Silvio Santos tenta, aos prantos e barrancos, manter uma grade estável.

E mesmo com toda essa experiência negativa no SBT – e o exemplo de sucesso da programação tradicional da Globo, as outras emissoras de TV ainda não aprenderam o básico: criar hábito no telespectador. Por favor, não me interprete errado: não estou falando que a programação da Globo é a melhor, mas sim o fato dela ser tradicional, e do público saber que pode seguir um programa em um determinado horário e que ela não vai passar o
Pica-Pau de uma hora para outra, só para dar mais audiência.

Nessa semana, vimos várias emissoras se orgulharem na mídia ao falar que mais uma vez vão mudar tudo de horário. O telespectador que se vire para assistir a novela infanto-juvenil que passava no horário nobre e que agora passa a ser exibida de manhã, ou do programa que era para passar às 23 horas e só começa por volta da meia-noite.

Não. Sinceramente, cansei. Simplesmente paro de assistir uma emissora quando ela muda um programa de horário ou acha mais fácil todo mundo colocar seriado às 21 horas só porque está dando audiência para B e C. Me poupe! Esse ano, por exemplo, parei de assistir “O Aprendiz” na TV aberta, e vejo o episódio anterior na íntegra pela internet. Desse modo, não passo raiva pela falta de tradição de horários da grade da emissora em que ele é veiculado.

A TV aberta está em crise. Todos os sucessos de audiência dessa década foram de formatos importados dos gringos. Aonde está a criatividade da TV aberta brasileira? Os nossos produtores não são capazes de criar novos formatos ou atrações? Será que a medição de audiência emburreceu a TV ao invés de incetivá-la a brigar por melhores posições na preferência do telespectador? A resposta está nas incertezas da grade da TV aberta e na falta de respeito ao telespectador. É aquela velha história: a pouca prática está fazendo escola...o que é uma pena.


___________________________________________

*Observação: Este artigo faz parte da minha participação do projeto Ponto de Vista, do site do Cena Aberta, onde três jornalistas publicam um artigo mostrando pontos diferenciados sobre o mesmo assunto. Todo sábado você vai encontrar, no blog do Cena Aberta, uma concha de retalhos dos principais pontos de cada artigo escritos por Endrigo Annyston, Emanuelle Najjar e Wander Veroni. E, no site, o texto individual de cada autor.





Gostou do
Café com Notícias? Então, siga-me no Twitter, participe da comunidade no Orkut ou assine a newsletter.





Wander Veroni
Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

13 comentários

  1. Essa maldita luta pelo ponto a ponto do IBOPE é que acaba com a programação da TV aberta.
    Eu sinceramente quase não assisto mais a TV aberta, tirando um ou outro programa que eu gosto como o CQC, fantástico e o novo aprendiz.
    A globo não está no topo do ranking a toa e as outras deveriam seguir os bons exemplos deixados.

    ResponderExcluir
  2. Esse modelo fracassado de televisão começou justamente quando as redes acharam que era "a massa" das classes C,D e E que deveria "ditar as regras" da TV. Daí para frente... só fizeram bosta.

    ResponderExcluir
  3. É como já ouvi falar de um critico muitas emissoras concorrentes a Globo fizeram pesquisa e descobriram que para competir tinha que fazer grade de programação bem semelhante,sendo assim passar os mesmos programas com assuntos semelhantes.

    Eu parei de assistir a tv aberta (só as vezes assisto) só vejo jogos de futebol e alguns programas!!rsrs
    Já está na hora de a Tv e internet ser uma só!,quero dizer que as emissoras passem a mesma coisa na tv e na internet ao mesmo tempo e de graça..

    Abraço!

    ResponderExcluir
  4. Wander!
    Tudo bem?
    Tem selo Dardos pra vc lá no Poete!
    Bjs!

    ResponderExcluir
  5. Wander,

    eu acreidto que por mais que a TV aberta tenha programas de qualidade duvidosa, às vezes, bem inferior à tv a cabo, essas atrações de gosto duvidoso são necessários para a televisão.

    Não estou defendendo, mas tenho que concordar que são necessários pq a sociedade quis que fosse assim.

    O BBB por exemplo: se ninguém se interessasse tanto em saber de coisas inúteis da vida do outro, fofocas, baixarias, pessoa escovando o dente, coisas banais, etc, não faria sucesso.

    Então boa parte dos programas da TV aberta são determinados pelo público alvo que é o povão, em sua maioria. Daí, os profissionais de TV não tem muito o que fazer nesse sentido, senão eles vão à falência, cada um cuida da sua parte, não é assim que se diz?

    Bjs,

    http://www.pequenosdeleites.blogspot.com

    ResponderExcluir
  6. @30 e poucos anos: Confesso que tenho assistido pouco a TV aberta. Uma coisa ou outra me atrai. Mas, essa medição de audiência ao invés de contribuir para que as TVs cresçam, as deixaram mais "acomodadas", se é que vc me entende. Abraço

    @Arthurius Maximus: Pois é, a TV é feita para todos os públicos. Ter uma grade popular não significa que as pessoas mais pobres esperem baixaria. Essa lógica beira ao preconceito dos produtores que acreditam nesta premissa. Abraço

    @webprincipiante.com: Há alguns anos atrás se acreditavam que uma programação de sucesso era fazer a mesma coisa que a Globo. A ideia não é essa, mas sim criar uma identidade editorial e uma alternativa inteligente para o telespectador. Abraço

    @carol sakurá: Obrigado, Carol. No final de semana passo lá para pegar o selo, combinado. Beijos

    @Kelly Christi: Respeito a sua opinião, apesar de não concordar com ela. O que se tem hoje é uma produção de conteúdo para TV acomodada na TV aberta. Nada se cria, todos os formatos são prontos ou batidos. O público mudou, só a mentalidade de quem produz/dirige que ainda não. Obrigado pelo comentário. Beijos

    ResponderExcluir
  7. Wander,

    Muito bom o seu post!
    Concordo contigo.

    Há algum tempo que não paro em frente à TV. Não tenho mais paciência pra tanta porcaria que tentam nos empurrar garganta abaixo. A maioria dos programas são ruins. Claro que assito uma coisa ou outra, mas meu tempo é restrito a determinado programa.
    Entretanto, a Globo tem essa característica que você citou: uma agenda com a qual você pode contar. Não é mais preciso uma pessoa ter um calendário. Quer saber o dia da semana? Basta ver o que está passando na TV. Isso fideliza quem assiste e, como você disse, muitas pessoas se programam de acordo com a grade dessa emissora, tornando-se escravos.

    No meu modo de ver, o que acontece é o que chamam de "Agenda Setting". Isto é, tanto a imprensa quanto a TV bombardeiam a população com os assuntos que eles querem que sejam abordados. Embora se tenha a liberdade de pensar o que quiser, ainda assim se pensa e discute sobre os assuntos impostos. O BBB, por exemplo, mesmo que muitas pessoas não parem em frente à TV para assistir, acabam discutindo sobre o assunto porque ele quase sempre está em pauta nas rodas de conversa. Mesmo que não seja o assunto principal, sempre aparece.
    O mesmo acontece com as notícias. Ninguém fala do que não está aparecendo toda hora nos telejornais, revistas, etc. Enfim, esses profissionais fazem o possível para ter audiência. Afinal, sem audiência não existiriam anúncios e sem anúncios uma emissora não sobrevive...pelo menos a maioria.

    Muito legal o seu blog!

    Um forte abraço!

    ResponderExcluir
  8. Eu acho que as Tv`s que fazem isso, na verdade, não tem respeito pelo seu público e essa e a razão pela qual elas não estão entre as preferidas.

    Adorei o blog.

    já estou seguindo!

    bjs

    ResponderExcluir
  9. Deixei um selo pra vc no meu blog, só pegar ok?!

    Bruh
    Uta...

    ResponderExcluir
  10. eu particularmente não tenho tempo pra assistir tv durante a semana, mas durante o fim de semana, me recuso a assistir tv aberta...faustão na globo? nem pensar...sbt então só algum que outro programa do Silvio, e nada mais...tenho tv a cabo e não abro mão...parabéns pelo post, muito interessante...

    www.dinheirooportunidade.com.br (o blog que ensina a ganhar dinheiro com seus blogs)

    www.arcadetotal.com (tudo sobre games)

    ResponderExcluir
  11. Não adianta, els não aprendem que ela nunca vão consegui pater a globo se não tiver o famoso Padrão Globo de Qualidade! que pena, elas não parendem nunca!

    ResponderExcluir
  12. Essa falta de respeito com o telespectador é terrível.Quarta feira então?Depois da novela das oito na Globo,você está fadado a assistir futebol ou um programa voltado a mulheres.Prefiro dormir.

    ResponderExcluir
  13. Realmente, era impossível acompanhar o SBT. Todos os programas mudavam de horário. Completamente atormentante. Conheço várias pessoas que se guiam pela TV também.
    (Gostei muito mesmo do texto, muito gostoso e interessante de ler =D)
    Abraços, Vik

    ResponderExcluir