Ponto de Vista - Viver a Vida e a antagonista que vira protagonista
abril 20, 2010Por Wander Veroni*
As novelas de Manoel Carlos ficaram famosas por possuir ingredientes que caracterizam os seus folhetins. Uma Helena, o bairro carioca Leblon, um garanhão e uma campanha social. Pelas chamadas, Viver a Vida tinha tudo para ser a melhor telenovela de Maneco, mas não foi. O que é uma pena, pois tinha fôlego para isso: pela primeira vez teríamos uma protagonista negra na novela das oito que não discute, necessariamente, questões ligadas ao preconceito racial – o que é um avanço.
Até aí tudo bem. Só que a Helena – de Taís Araújo, é muito chata e estereotipada. Ela vive um drama que não é necessariamente seu e adora sofrer o problema dos outros. Parece que só agora, nos 45 do segundo tempo, que a Helena vai viver um drama bem particular: se envolver com o filho do seu ex-marido – sem ela saber desse detalhe no início do relacionamento, no melhor estilo tragédia grega. Ou seja, vem aí mais um clichê.
Além disso, a trama é arrastada. Nada acontece. Se você ficar sem assistir um capítulo por uma semana (ou mais) o telespectador continua entendendo tudo o que se passa. A falta de agilidade dos acontecimentos me cansou e, pelo menos nesse horário, prefiro assistir outra coisa. Dica: para quem curte seriados americanos e não tem TV Paga, assista o Terra TV. Tem vários títulos totalmente de graça. Recomendo.
Mas, voltando ao assunto...acabou que Lilian Cabral e Aline Moraes se tornaram protagonistas da novela, pela qualidade e verdade das suas interpretações como Tereza e Lucina, mãe e filha, respectivamente. A campanha social da personagem cadeirante de Luciana é sim o ponto forte da trama, assim como o tema superação. O elenco tem vários destaques como Bárbara Paz, Mateus Solano, Christine Fernandes, entre outros. Outra característica interessante são os depoimentos no final de cada capítulo que são exemplos de força de vontade e otimismo. Muito bem sacado!
Os diálogos, em muitas das cenas, são bem feitos, mas falta ao autor de Viver a Vida humildade para reconhecer que precisa de uma supervisão de texto para dar um ritmo maior aos acontecimentos da novela. O telespectador da novela das oito quer emoção na história, mas também precisa de ritmo, de agilidade, e menos lenga-lenga. Leblon? Isso é muito década de 90. Agora o lance é ir para Búzios...rs.
___________________________________________
*Observação: Este artigo faz parte da minha participação do projeto Ponto de Vista, do site do Cena Aberta, onde três jornalistas publicam um artigo mostrando pontos diferenciados sobre o mesmo assunto. Todo sábado você vai encontrar, no blog do Cena Aberta, uma concha de retalhos dos principais pontos de cada artigo escritos por Endrigo Annyston, Emanuelle Najjar e Wander Veroni. E, no site, o texto individual de cada autor.
Gostou do Café com Notícias? Então, siga-me no Twitter, participe da comunidade no Orkut ou assine a newsletter.
Wander Veroni
Jornalista
As novelas de Manoel Carlos ficaram famosas por possuir ingredientes que caracterizam os seus folhetins. Uma Helena, o bairro carioca Leblon, um garanhão e uma campanha social. Pelas chamadas, Viver a Vida tinha tudo para ser a melhor telenovela de Maneco, mas não foi. O que é uma pena, pois tinha fôlego para isso: pela primeira vez teríamos uma protagonista negra na novela das oito que não discute, necessariamente, questões ligadas ao preconceito racial – o que é um avanço.
Até aí tudo bem. Só que a Helena – de Taís Araújo, é muito chata e estereotipada. Ela vive um drama que não é necessariamente seu e adora sofrer o problema dos outros. Parece que só agora, nos 45 do segundo tempo, que a Helena vai viver um drama bem particular: se envolver com o filho do seu ex-marido – sem ela saber desse detalhe no início do relacionamento, no melhor estilo tragédia grega. Ou seja, vem aí mais um clichê.
Além disso, a trama é arrastada. Nada acontece. Se você ficar sem assistir um capítulo por uma semana (ou mais) o telespectador continua entendendo tudo o que se passa. A falta de agilidade dos acontecimentos me cansou e, pelo menos nesse horário, prefiro assistir outra coisa. Dica: para quem curte seriados americanos e não tem TV Paga, assista o Terra TV. Tem vários títulos totalmente de graça. Recomendo.
Mas, voltando ao assunto...acabou que Lilian Cabral e Aline Moraes se tornaram protagonistas da novela, pela qualidade e verdade das suas interpretações como Tereza e Lucina, mãe e filha, respectivamente. A campanha social da personagem cadeirante de Luciana é sim o ponto forte da trama, assim como o tema superação. O elenco tem vários destaques como Bárbara Paz, Mateus Solano, Christine Fernandes, entre outros. Outra característica interessante são os depoimentos no final de cada capítulo que são exemplos de força de vontade e otimismo. Muito bem sacado!
Os diálogos, em muitas das cenas, são bem feitos, mas falta ao autor de Viver a Vida humildade para reconhecer que precisa de uma supervisão de texto para dar um ritmo maior aos acontecimentos da novela. O telespectador da novela das oito quer emoção na história, mas também precisa de ritmo, de agilidade, e menos lenga-lenga. Leblon? Isso é muito década de 90. Agora o lance é ir para Búzios...rs.
___________________________________________
*Observação: Este artigo faz parte da minha participação do projeto Ponto de Vista, do site do Cena Aberta, onde três jornalistas publicam um artigo mostrando pontos diferenciados sobre o mesmo assunto. Todo sábado você vai encontrar, no blog do Cena Aberta, uma concha de retalhos dos principais pontos de cada artigo escritos por Endrigo Annyston, Emanuelle Najjar e Wander Veroni. E, no site, o texto individual de cada autor.
Gostou do Café com Notícias? Então, siga-me no Twitter, participe da comunidade no Orkut ou assine a newsletter.
Wander Veroni
Jornalista
24 comentários
Boa análise das "novelas helenísticas" de Manoel Carlos.
ResponderExcluirAs tramas dele seguem uma fórmula enfadonha e desgastada.
não assisto mais novelas. é perda de tempo. hehehe
ResponderExcluirtá por dentro do assunto, hein Wander?
Essa novela começou com uma explosão sem igual.
ResponderExcluirMas depois foi murchando, murchando, até virar o que é hoje: uma lentidão sem igual!
Eu concordo com o título, Helena agora não passa de mais uma personagem, e Luciana agarrou o prêmio da "protagonização".
@Harley Coqueiro: Obrigado, Harley. O Maneco precisa se reiventar e trazer mais agilidade para as suas novelas. Abraço
ResponderExcluir@Daniel Silva: Respeito a sua opinião. Confesso que atualmente tb não estou assistindo nenhuma novela. Mas gosto de ficar por dentro do que anda acontecendo na TV. Abraço
@Laura Ribeiro: Pois é, um personagem precisa de história. Não adianta a Helena viver a dos outros e não ter um conflito particular para resolver. Acabou que a Luciana - até pela sua história, virou a protagonista. Abraço
eu não assisti essa novela, mas o que mais escuto quando comentam sobre é a tal da Luciana.
ResponderExcluirCara adorei suas observações sobre a novela!
ResponderExcluirNo início eu estava vendo, mas depois não consegui mais consiliar o horario p assistir, até pq adoro as novelas dele somente.
E é uma coisa que eu percebo, fico 2 semans as vezes sem assistir um capitulo e quando volta a ver, não me parece ter perdido muita coisa!
Em primeiro lugar novela é entretenimento e só...jamais mostraria a realidade assim como ela é, a novela se passa no RJ fraco, sem bala perdida o tempo todo? Sem gente perdendo tudo por causa de acidentes naturais? Sem trafico e viciados? Novela é passatempo, onde o q mais da ibope são os bafões no melhor estilo big brother, talvez isso esteja faltando sim, um pouco mais de baixaria p/ novela ficar mais animadinha auhauahauauah.
ResponderExcluirOlá,Wander!
ResponderExcluirNão asssitia novelas há muito em função da faculdade,mas tentei assistir viver a vida.
Novela é uma obra aberta ,e nem mesmo diante dessa oportunidade de transformar o texto,o autor prefere seguir na mesmice.
Ponto pra ti:Helena é chaaaaaata!srsrsr
Bjs!
Até quando li na sua chamada a palavra "protagonista", pensei de imediato na personagem Luciana. Eu nasci em 1991 e em praticamente todas as novelas do Manoel Carlos que acompanhei, a tal Helena nao tinha carisma. Nao só a Helena, como para mim a novela inteira do Manoel Carlos é sem graça.
ResponderExcluirEu costumava adorar as tramas dele, mas agora percebo que é uma mesmice sem fim. Até esses depoimentos me lembram a anterior, "Páginas da Vida"!
O Maneco precisa de mais do que um supervisor, de um co-autor, alguém que o faça perceber que queremos algo novo.
pois é, as coisas nao saem como o planejado, as vezes um personagem nao agrada, ae o autor diminui o papel dele, ou entao chega a matar o personagem!
ResponderExcluirOlha, confesso que não sou nenhuma apreciadora de novelas e afins, neste sentido não seria justo analisar sua síntese. Embora, viver a vida é uma sugestão para aqueles que de repente ficam vidrados nas possíveis "telinhas" e se esquecem de viver.
ResponderExcluirhttp://memoriaspsicodelicas.blogspot.com
A grande novela do Maneco, de fato, é Por Amor. Regina Duarte: aquilo sim era uma Helena. Drama, amor, ódio e segredos. A mãe que desesperadamente troca os bebês. Depois, Laços de Família e uma Helena de Vera Fischer apagada. A careca de Carolina Dickman foi a protagonista. Agora, de novo. Helena apagada e uma jovem atriz com um personagem dramático é a protagonista.
ResponderExcluirEu gosto das tramas de Manoel Carlos, mas me decepcionei muitissimo com Viver a Vida.
ResponderExcluirChataaaaaaaaaaa
E Thais Araujo esta tao mal qto seu personagem.
Gosto dela, mas nessa ficou devendo.
Bjsss
Parabéns pela análise Wander!!!
ResponderExcluirAté então achava que a Helena de Cristiane Torloni em Mulheres Apaixonadas (2003) tinha sido a mais apagada das Helenas. Essa de fato achei mais...
Acho q a trama começou a morrer depois que foi deixado de lado a arqui-rivalidade entre Teresa e Helena. Acho que foi muito cedo pras duas voltaram a ter uma convivencia tão branda, mesmo com a situação da Luciana (q considero mto bem abordada, ainda que em excesso). Acho que se tivesse permanecido essa rivalidade a Helena de Tais Araujo poderia ser melhor explorada do que agora, com esse rolo com o filho do Marcos.
Resumindo, mais do que um drama, uma novela também é movida pelo conflito.
Abçs!!!
Parabéns pela análise Wander. Concordo plenamente com o colocado.
ResponderExcluirABS
Novelas são quase sempre, a pior e mais rasteira forma de dramaturgia. Mas essa, foi pior: péssima em todos os sentidos. Trama ruim e cheia de furos, personagens estereotipados, hipocrisia e cheia de estranhas mensagens subliminares - principalmente pintando todos os homens como cafajestes ou palermas. Os únicos seres "divinos" para Manoel Carlos são os médicos ... Uma novela terrível, horrorosa, bem em sintonia com essa insuportável onda politicamente correta que assola o mundo.
ResponderExcluirai, novela chata mesmo...
ResponderExcluiri love lilia, a mulher atua muuuuuiiiiitttoo!
O problema é que ele se repete muito. E eu particularmnete acho os depoimentos do final um porre. Sem contar no romancezinho sem pé, nem cabeça, nem história da araújo com o lacerda. Tipo "oi". "oi". "Ah, eu te amo". O.o'
ResponderExcluirManoel Carlos tem piorado novela após novela. Acho "Viver a vida" a pior. E olha que "Páginas da vida" já foi "difícil". Sua mais nova Helena não tem maiores dramas, conflitos. Como você disse, ela sofre (e como sofre) a dor, o dilema dos outros. Alguém próximo dela quebra o unha do dedão do pé, e ela precisa ir pra Búzios pra se "recuperar". Haja paciência. Abraços e sucesso com o blog!
ResponderExcluirassisti pouco da novela porque enjooei dela¬¬
ResponderExcluirmas a campanha de cadeirantes é mto legal
sempre assisti as novelas do Manoel Carlos. acho um excelente escritor, mas dessa vez ele errou feio. uma história sem nenhum atrativo que se arrastou por meses. acho que com o sucesso de suas antecessoras o ritmo de Viver a Vida foi o que provocou esse fiasco.
ResponderExcluirhttp://blog-do-faibis.blogspot.com/
Acabo assistindo a novela por tabela, o pessoal aqui de casa não perde um capítulo, isso não é desculpa de quem não quer assistir pois se fosse isso me ocuparia de outra coisa no horário como por exemplo um livro, o "problema" é que me apeguei a trama mesmo concordando com tudo o que foi escrito acima acabei cedendo as imagens paradisíacas do Rio que nem sempre correspondem a realidade e a interpretação fantástica da L. Cabral.
ResponderExcluirCompadre, vc tem toda a razão. Está um lenga-lenga essa novela e a Lília Cabral roubou a cena literalmente. A câmera adora ela e ela abusa da emoção que provoca com aqueles lindos olhos verdes. A Taís está totalmente apagada, patricinha demais, insuportável. O enredo mudou demais, ninguém é capaz de dizer qual é a história central dessa novela, mas, ultimamente, virou, com certeza, o drama de Luciana.
ResponderExcluirParabéns para as duas e a vc por essa leitura tão lúcida do folhetim. E que venha Passione! rs
Mais beijos!
Já acompanhei muita novela antes, mas esse tempo já passou e confesso que nunca fui muito fã do estilo meio manjado do Manoel Carlos. As aberturas parecem ser sempre as mesmas, não aguento mais de tanta repetição.
ResponderExcluirTenho visto um pouco do que tem se falado das personagens de L. Cabral e Aline Moraes e confesso que fiquei surpreso ao ver esse jogo de virada mesa acontecer tanto pelos personagens como pelo trabalho das duas atrizes, ao qual sempre acostumei a ver como vilãs ou algo do tipo. Essa talvez tenha sido a novidade da novela.