#CaféEntrevista: Tutti Maravilha fala sobre a emoção de fazer parte da história do rádio mineiro

outubro 07, 2009




Com óculos redondos, olhar atento e um bom humor fora de série. Essa é a primeira impressão que se tem ao ver o jornalista e apresentador Tutti Maravilha. Geralmente, o rádio exerce esse fascínio: como será a fisionomia por detrás da voz?

O que era impressão se confirmou ao longo da matéria, quando Tutti e a sua produção me receberam para fazer um raio-x do programa Bazar Maravilha, da Rádio Inconfidência FM 100,9 - Brasileiríssima, veiculado de segunda a sexta-feira, de 14h às 16h. A atração completou 22 anos no ar em julho e pode ser ouvido também via internet, pelo site da rádio.

Famoso produtor cultural da década de 1970, Ailton José Machado – mais conhecido como Tutti Maravilha, é um aquariano nascido no dia 13 de fevereiro de 1950 e que entrou para o rádio de forma inesperada, apadrinhado pelo ex-jogador de futebol Reinaldo, eterno ídolo do Atlético Mineiro.

A produção do Bazar Maravilha é composta pelo próprio Tutti Maravilha que faz questão de acompanhar todo o fechamento do programa como editor-responsável, do jornalista e produtor Flávio Henrique da Silva Silveira, de 32 anos, apelidado por Tutti de “Batuquinha” e do operador de áudio José Luiz da Silva, de 41 anos, mais conhecido como Zé Lu – que trabalha com Tutti como operador de áudio há 15 anos.

“O mais bacana do rádio é esse entrosamento que o locutor tem com o operador. Só de olhar pelo vidro do estúdio sei o que o Zé quer me dizer e o que quero que ele faça. Há uma cumplicidade. Por isso que considero que o operador faz parte da produção do programa”, diz.

E essa amizade entre o jornalista e o operador rendeu pauta para o Bazar. Considerado um sósia do presidente americano Barack Obama e, anteriormente, Zé ter feito para Tutti uma imitação de pingüim, Zé Lu foi rebatizado por Tutti e virou: Zé Obama Pinguim Lu.

“Esse apelido para mim é uma homenagem de Tutti. Os ouvintes do programa se identificam com a brincadeira pelo fato de Tutti fazê-la no ar. Ele sempre pergunta se o Obama vem antes ou depois do Pinguim, no apelido, ao encerrar o programa. Para mim é um barato!", conta Zé.

Em julho, a cantora Preta Gil, depois de ser entrevistada por Tutti, ficou impressionada com a semelhança de Zé Lu com o Obama. Ela tirou foto com operador de áudio e enviou para os fãs que a acompanham pelo Twitter. Nas próximas linhas, conheça um pouco mais de Tutti Maravilha, um mineiro, natural de Belo Horizonte, do bairro Barro Preto, que encanta diariamente ouvintes de ouvido de fino trato na Rádio Inconfidência. Abaixo, confira a entrevista:

1) Tutti, o Bazar Maravilha estreou cinco anos após a inauguração da Rádio Inconfidência FM (100,9), em 29 de julho de 1983. Como surgiu a ideia do programa?
Quem me deu o start para o nome de "Bazar", no rádio, foi o Fernando Brant que me disse uma vez que o programa que fazia na TV Alterosa, bem antes de entrar na Inconfidência, parecia um "bazar". Daí, quando o Claudinê Albertine veio montar a Brasileiríssima (slogam da Rádio Inconfidência por tocar somente MPB) na década de 1980, me convidou para ter uma atração vespertina. Como já tinha o nome, fui criando vários quadros que poderia usar em dias alternados, mas sem esquecer de falar de música e cultura brasileira, que é a pauta principal da Rádio Inconfidência.
2) O programa tem um tom intimista e uma audiência muito fiel. Você tem noção desse alcance todo? E por falar em intimidade, você já fez muitas entrevistas no seu programa. O que um entrevistador deve fazer para obter uma boa entrevista?
As pessoas me falam que o programa parece uma conversa íntima com o ouvinte, como se estivesse na cozinha de casa. Acho impressionante esse poder do rádio! Mas, um bom entrevistador precisa ser atento, paciente e "fazer o dever de casa" direitinho e perguntar para o entrevistado aquilo que o público gostaria de saber. E o bacana de uma boa entrevista é quando a gente consegue passar esse tom de conversa, sem ir para o lado do interrogatório.
3) O rádio tem uma certa magia por brincar com a imaginação do ouvinte. Você é um dos poucos radialistas que ainda usam elementos sonoros, porquê?
Sabe, o rádio é muito mágico. O Felipe Andreoli - do CQC, quando veio no Bazar me disse a mesma coisa sobre esses "elementos sonoros". Gosto de brincar com esses sons, pois isso, de certa forma, me aproxima do público. Todos os dias entro na casa das pessoas e elas devem me imaginar de um jeito - do mesmo jeito que as imagino também. O som de animais como o cachorro, gato, a vaca e o sininho de recepção de hotel – marca registrada quando inicia o programa, é uma forma de brincar e instigar a imaginação do ouvinte.
4) Você faz uma homenagem diária à cantora Elis Regina. Como surgiu a ideia desse quadro?

Esse momento acontece bem no meio do programa, por volta das 15h. É uma homenagem à saudosa "baixinha" – apelido carinhoso que dei à Elis Regina, conhecida no meio artístico por ter um gênio difícil...não é à toa que ela ficou conhecida como "pimentinha". Elis me chamou para viver com ela em São Paulo e tínhamos uma relação de amizade e viramos compadres. Anos mais tarde, quando estreei no rádio, ela me deu uma entrevista exclusiva que repercutiu nacionalmente. Por isso que esse quadro é uma homenagem muito pessoal, não só a nossa amizade, mas pelo trabalho dessa artista ímpar da música brasileira.
5) Uma última pergunta, Tutti: Você é contra ou a favor do diploma de jornalismo para exercer a profissão?

Nem contra, nem a favor - apesar de ter feito faculdade e me formado pela PUC-Minas. Mas temos que evoluir e respeitar os jornalistas de outras épocas que exercem a profissão com ética e dignidade. Ao mesmo tempo, não podemos desrespeitar quem opta por fazer a faculdade. Encontrar um meio termo seria o ideal. O fato que pega disso tudo é o desrespeito à educação de uma forma geral, pois isso tem um contexto mais amplo do que imaginamos e pode ser um risco a longo prazo para a sociedade.






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Jornalista

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16 comentários

  1. Amigo muito boa matéria parabéns, ótima entrevista.
    Abraços forte

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  2. Oi Vander!
    Delícia de entrevista!
    Acompanho o Tutti desde pequena por influência de minhas irmãs mais velhas.E hoje,mulher feita sempre corro às 14:00 pro cantinho do Bazar.
    Parabéns pela sua matéria que foi gostosa e informativa.
    Beijo!

    Carol Sakurá
    http://lepoeteenfleur.blogspot.com/

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  3. super bacana a entrevista!
    gostei da posição dele sobre não ser mais necessario se formar em jornalismo pra ser jornalista.

    boa sorte com o blog, abraço!

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  4. não conheço este jornalista nem o programa dele pois sou do sul do Brasil. mesmo assim, muito boa reportagem.

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  5. Eu não conhecia esse Radialista, mas parece apresentar um programa de ótima qualidade. Ainda bem que tem a net pra encurtar essas distâncias!

    Amigo da Elis, que demais! Ele deve ter várias histórias malucas pra contar. :)

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  6. Ótima matéria Wander.
    Profissionais excelentes mas desconhecidos aqui em sampa, mas acredito que o priograma deve ser excelente.

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  7. Graaande Wander, sempre trazendo coisas novas e coisas novas... assunto batido é pouco pra ti :D




    Entrevistas são bem legais, cara e a tua introdução tá ótima, as perguntas também.. a rádio realmente exerce certo fascinio de "qual a cara por tras da voz?" e com certeza esse se superou.

    Te convido pra passar no www.degaragem.com, estamos concorrendo ao Premio Podcast 2009 e qualquer voto e ajuda é bem vinda.
    Abração.

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  8. Wander, do fascínio que uma voz sem rosto causa nas pessoas eu entendo bem. Afinal, além de jornalista eu sou locutor e dublador.

    Na dublagem é pio (ou melhor! rs) ainda, pois, a gente tem a chance de colocar a voz na boca do Brad Pit, Tom Cruise...

    Isto causa uma certa confusão na cabeça das pessoas que misturam realidade com ficção.

    O problema é quando as mulheres escobrem que eu tenho 56 anos, 1.60 e 90 kg! hehehe

    Quanto ao seu entrevistado, foi legal saber da carreira dele e ver que ele é igual à caricatura! rs

    Só uma dúvida: ele é anão ou vc tem 2.15m??? kkk

    Abç, Leo

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  9. @Principe Encantado: Obrigado pelo elogio, Príncipe! Abraço

    @carol sakurá: Que delícia esse seu relato, Carol. Tb cresci escutando o Tutti. Beijos :D

    @Um cara ai: Tb gostei. O meio termo seria o ideal para o Jornalismo e para a sociedade. Abraço

    @Paty: Valeu, Paty! Fica o convite para escutar o programa do Tutti via internet. Abraço

    @Diogo C. Scooby: E como o Tutti tem boas histórias para contar, viu! Fico feliz dele ter ganho mais um ouvinte. Abraço

    @30 e poucos anos.: Valeu, Erich! Vale a pena conhecer mais de perto o trabalho do Tutti. É uma aula de cultura e radiojornalismo. Abraço

    @Uriel: Obrigado pelas palvras, cara. Pode deixar que depois vou dar uma passada no "De Garagem". Acompanho o trabalho do blog desde o início e torço para que ele tenha muitas vitórias. Abraço

    @Leo Pinheiro: Opa! Sabe que eu imaginava o Tutti de várias formas. Por mais que a gente vê uma foto, ver o dono da voz por detrás do microfone é outra coisa. Caramba: vc tem 56 anos, Léo! Parece um garoto, hein! Ainda vou lhe perguntar quais os filmes que vc já dublou. Tenho certeza que são vozes que todo mundo já ouviu...hehehe. Léo, o Tutti é baixinho mesmo, mas não é "anão"...rs. Eu tenho 1,75 m. Não sou baixo, nem muito alto. Tô na média, como diria o outro...rs. Abraço e vlw pelo comentário!

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  10. Radialistas como esse fazem falta aqui no Recife. Eu queria ouvir o Bazar qualquer dia desses!

    Abraço!

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  11. Querido, amei a entrevista! Amo o Tutti!

    Há tempos sou fã desse profissional sensacional e do Bazar. E, detalhe: a Brasileiríssima é demais, não é? Adoro a programação que ela apresenta. Ultimamente não tenho ouvido muito rádio, mas aquele sininho de hotel que ele gentilmente toca é inesquecível: não consigo falar em Tutti sem lembrar do bendito sininho, rs...

    A pergunta é meio suspeita, mas vou perguntar assim mesmo: o Tutti é tão bacana pessoalmente quanto o que ele demonstra ser pelo rádio?

    Por favor, não me decepcione com a resposta, ok?

    Bjos da sua amigona de sempre,

    Vivi

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  12. @Strider: Então lhe convido para escutar o bazar via internet. Tenho certeza que vc vai gostar. Abraço

    @Viviane Righi: Oi Vivi! Ôh, minha amiga querida...adorei ler o seu relato, viu! Também sou fã do trabalho do Tutti, principalmente por ele fazer um programa cultural e informativo no rádio. Respondendo a sua pergunta, o Tutti é uma alegria só: muito divertido e carismático. Eu adorei ter conhecido ele pessoalmente! Beijos

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  13. Wabnder, entrevista reveladora e que mostar a outra face do jornalista, o lado humano! e mais do que isso , mostra quie não é apenas uma voz! é a figura humana! abs, leandro Depois, se der me diga lá no MFC, sua opinião sobre segredos e lendas do Rock and Roll, ok? abraços, leandro

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  14. Ola´... Parabéns pela entrevista.. ótima qualidade...

    parabéns pelo blog...

    Valeu pela visitá lá no meu blog e saiba que será sempre bem vindo lá!!!!

    Sucesso pra nós sempre!!!!!!

    Abraçossssss

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  15. Wander,

    Parabéns pela homenagem a Tutti Maravilha. Devemos lembrar, que o rádio embora esquecido pela sociedade, continua sendo o veículo pioneiro da notícia. A principal fonte de informação, devido à agilidade e precisão com que propaga os fatos.
    Viva o rádio! Viva Tutti Maravilha e todos os radialistas que tanto contribuíram para o avanço da comunicação em nosso país.

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  16. Compadre, amei a entrevista com o Tutti Maravilha! Se for possível, gostaria de conhecê-lo um dia, vc me apresenta?

    Achei muito bacana o fato de ele fazer uma homenagem diária à Elis e de ter morado com ela, deve saber histórias excelentes, pois Elis botava pra quebrar. rs

    A relação entre o locutor e o operador precisa ser mesmo de muita confiança e cumplicidade. Como faço locução, quando comecei, ainda com um operador de som, me sentia totalmente nas mãos dele, a gente fica vulnerável, é bom sempre ter o operador como um bom amigo. hehehe

    Show de boa a matéria toda, compadre, como diria o Alê Brendim. rs

    Beijocas pra vc!

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