#Crônica: Briga entre vizinhos e a arte da convivência

outubro 27, 2009


Viver em sociedade não é uma tarefa fácil: exige paciência e muito jogo de cintura. Se a convivência diária entre familiares já exige ponderações, imagina com pessoas desconhecidas? Outro dia, li uma matéria de jornal que um corretor dizia que o mais difícil de se vender um imóvel - pelo menos aqui em Belo Horizonte, é quando o histórico de vizinhança não é bom.

Pode parecer um detalhe bobo, mas a vizinhança faz toda diferença na hora de comprar um imóvel. Claro, não se trata de uma investigação detalhada com um dossiê de cada família. Não é isso. Ninguém vai querer morar ao lado de um bar, uma igreja ou de vizinhos que põe o som na maior altura, por exemplo.

Pesquisando na internet descobri que no dia 23 de dezembro é comemorado o Dia do Vizinho, que nada mais é do que morador de casa/apartamento próxima àquela onde moramos. Acaba que muitos vizinhos se somam à nossa família pela amizade conquistada e por nos ajudar nas horas mais complicadas. Outros, já parecem ter vindo sob encomenda para atazanar a nossa vida.

Há mais de 20 anos minha família mora na mesma casa e, na medida do possível, cultivamos um bom relacionamento com os vizinhos. Mas um, em especial, sempre nos torrou a paciência por causa do muro dos fundos.

Não sei se é recalque ou frustração, mas durante muitos anos ele vinha aqui em casa ou nos chamava aos gritos pelo quintal para reclamar do muro. Foram inúmeras encheções de saco, literalmente. Ele foi um dos últimos a ocupar a quadra e quando construiu a casa dele o muro já estava pronto.
E por causa desse muro já estar pronto isso se tornou um problema danado. Para esse vizinho tudo era culpa do muro: na visão dele não foi planejado adequadamente. 

Meu pai chegou a propor que ambos refizessem o muro e dividissem os custos. Ele era do contra, literalmente um chato. Na visão dele se fizemos o muro uma vez, deveríamos fazer de novo e, desse modo, resolver a questão.

Todo problema que acontecia na casa dele era por a culpa no muro. Uma hora era o excesso de chuva que fazia que água da enxurrada levasse um grande volume de água barrenta para dentro da casa dele. 

Bom, de certo modo, ele tinha razão. Belo Horizonte não é uma cidade plana e vários bairros possuem ladeiras e morros. Minha casa fica no lote de cima e a dele no debaixo.

Como a água precisa de saída, boa parte do volume de água da chuva descia para o quintal dele. Resolvemos o problema com a criação de uma caixa de esgotos - que de esgoto não têm nada, que nada mais é do que levar a água da chuva até o bueiro da rua debaixo.

Situação que teve que ser mediada pela associação de moradores e a regional da Prefeitura, para vocês terem uma ideia. Esse vizinho não sabe conversar e quer resolver tudo no grito, na discussão. Como detestamos brigas, vejo que esta foi a melhor solução.


Pensa que as reclamações acabaram? Depois, o problema foi a árvore do quintal que era muito frondosa, fazia sombra no quintal dele e os galhos poderiam cair no muro e quebrar uma parte. 

Outra hora era a bananeira que deu um cacho bem no lado do muro dele e ele não gostava de banana e ainda, adivinha: poderia quebrar o muro. E para piorar a situação, na visão dele, o muro era muito baixo e quando estamos no 2º andar da casa tiramos a privacidade da família dele. Tenha dó, né?

Foi tanta chatice que meu pai acabou pedindo a Prefeitura para cortar a árvore do quintal - contra a minha vontade, mas graças a Deus a bananeira e outros pomares ficaram. De tempos em tempos, o vizinho vinha aqui em casa reclamar de algo relacionado ao muro. Até que um dia fechamos o portão na cara dele e o deixamos falando sozinho. Chega: paciência tem limite!

E foi assim que por milagre de Deus (ou semancol) o vizinho aumentou o muro sem falar com o pessoal daqui de casa. Na hora, meus pais ficaram bravos com a ousadia. Mas, logo os convenci que ganhamos um verdadeiro presente. O vizinho olhava para gente como se esperasse que brigássemos com ele, mas demos indiferença.

O muro cresceu meio metro e todos ganhamos privacidade e, principalmente, paz. Se soubesse que era só aumentar o muro, eu mesmo já tinha feito isso há tempos. Por que não tive essa ideia antes? Assim como as histórias da carochinha, não há final mais apropriado: "...e viveram felizes para sempre". Claro, cada um no seu quadrado. Ou melhor, na sua casa.




Ilustrações: Daniel Paiva, Era um Kinder e Saber Partilhar.








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Wander Veroni
Jornalista

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17 comentários

  1. Muito bom!
    Parece,inclusive,o que aconteceu aqui na minha casa há tempos atrás. Uma briga por causa do muro,só que o vizinho queria abaixar o muro.
    Ainda bem que vocês conseguiram resolver! E dá pra ver que,afinal de contas,o vizinho só queria atenção.
    Seu blog é muito bom,meus parabéns!

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  2. Concordo contigo a convivência com alguns vizinhos é difícil demais.
    Os meus aqui colocam som no maior volume do carro deles na frente da minha residência não consigo falar no telefone, ver tv ou conversar dentro de casa por causa do som.

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  3. concordo! um muro ajuda muito! se bem q ser amigo do vizinho é melhor...

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  4. Sempre tem vizinho que é do contra, não é fácil.
    Ótima crônica, Wander!

    Abraços

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  5. Essa situação de aumentar o muro já aconteceu comigo também hihihi! Mas, o vizinho é pior, pois ao pintar a parede da casa do lado nosso e aumentar o muro, destruiu nosso jardim pisando nele! XP Eles acham que por ter mais money podem detonar o que é dos outros saca? hihihi Aiai fazer o que né? Dá vontade de aprender a mexer com TNT e fazer umas demolições hihihi ^^
    Gostei da sua postagem, muito legal mesmo!!!

    Sucesso com seu blog, abraços!

    neowellblog.wordpress.com

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  6. Vizinho e sogra são muito bons longe, pena que vizinho não tem jeito, mais é isso mesmo. Sempre aparece um para contrariar.
    Abraços forte

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  7. Puxa, aonde eu trabalho o vizinho fez um corredor paralelo ao muro que separa os terrenos e fez muito mal feito e agor aquando chove a agua da chuva penetra pelo corredor e o vão do muro e infiltra para o nosso lado da empresa, para se ter uma idéia o tatnto de agua que invade é que as caixas de tomada da parede escorre agua que parece uma torneira, agora o coitado do meu patrão vai ter que entrar com um processo pois o vizinho alega que ele não pode fazer a chuva parar, é mole!!!

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  8. huaha realmente viver em sociedade.. exige disciplina..pois vivemos com regras..

    Bela crônica..
    Um bjO.

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  9. Bom... pena que não descobristes antes mesmo a solução para terem paz.

    Olha, fez me lembrar que a mãe tem uma vizinha com o tal muro esse, também.
    Ocorre que ela tem um pé de bergamota (mixirica pra vocês) e o ano passado as frutas caíram para o lado da vizinha. Foi um caos! Disseram que não queria as frutas para seu lado.

    A mãe, quando chamou o jardineiro para podar constatou que não havia uma bergamota sequer para pegar do lado do vizinho! comeram tudo!! rsrs

    Pode?

    Assim é a vida com vizinhos.
    Mas ...se usa da diplomacia e vai se vivendo.

    Maria Souza - Porto Alegre - RS

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  10. Eu sou uma anti-social....

    aqui no meu predio é uma quantidade de pessoas sem educação q perco a linha sabe.....

    eu fico calada....dou so bom dia/tarde/noite e olhe lá ¬¬

    nao gostou de mim?? nao fala cmg uai.

    nao sou antipatica, so quero que respeitem meu espaço, nem todo dia to afim de sorrir....ai vem logo um...."ta de cara feia hj"

    putz...ta pedindo pra levar um fora né????

    bjo

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  11. Realmente é a verdade. Ás vezes, é bem difícil conviver com um vizinho, porque tem sempre um que é do "contra" como disse o Rodrigo.
    Ótimo post!

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  12. Queria eu que a convivência fosse a tarefa mais fácil de ser superada na ordem das coisas que acontecem na minha vida.
    Eu, como uma quase jornalista formada que sou, sofro isso mais do que ninguém.
    Sou questionadora, sou crítica, inteligente e isso faz com que as pessoas criem uma certa averssão à minha pessoa.
    Queria ser burra, pelo menos um dia, pra ver se vale a pena...
    Hahahah.

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  13. Mto bom seu blog, e é bem isso msmo, a eterna briga com vizinhos... aqui no meu prédio a reclamaçao eh com os cachorros dos aps vizinhos q atacam as pessoas no corredor, no elevador.. x)

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  14. Não tem como não rir com essa história! Os muros já causaram tantos problemas durante a história (alguém aí pensou em Berlim?) mas acho que nunca ninguém encheu tanto o saco por causa de um...
    Que bom que tudo se resolveu bem, e que pena que demorou tanto!

    Abração!

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  15. Sabe, não deixo de fazer nada por conta de vizinhos, até porque me preservo muito nesse sentido. Costumo ser caseiro e não sou muito chegado a intimidades excessivas... na minha casa só quem convido e vice-versa!

    Talvez por instituir essa relação de respeito pouco íntima, não me lembro de ter tido nenhum problema com vizinhos, pelo contrário, com os que consegui quebrar essa barreira inicial até que sentiram falta quando por qualquer motivo precisei ir embora.

    No mais, acho que o que realmente prejudica a convivência é sem dúvidas é o egoísmo inerente a todo ser humano. Quando a gente pára e olha - literalmente - pro lado, vai perceber que ali, aguardando uma atitude responsável de nossa parte, existe alguém com necessidades bem parecidas(que pode estar tão incomodado quanto)!

    Apolinário Jr.

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  16. Eu costumo dizer que a política da boa vizinhança é mt importante qdo é obrigado a conviver com pessoas q vc não vai mto com a cara ou q não são lá mto confiaveis. O que não significa ser falso.

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  17. Não sabia que existia o dia do vizinho!! :D
    Muito legal!!!
    A convivência humana é complicada, mas tudo depende de cada um. Está certo que sempre tive um bom relacionamento com os meus vizinhos, um respeito com cada um deles. O primeiro passo para boa convivência eu acredito que está aii, no respeito. Então, se respeitarmos uns aos outros a convivência é a melhor possível!!
    Beijos amigo querido!!!

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