IURD tenta intimidar Folha de São Paulo

fevereiro 21, 2008

Um dos assuntos que causa polêmica em qualquer em conversa é a tal da religião. As opiniões são muitas. Geralmente calorosas, polêmicas e baseadas na bagagem cultural de cada um. Apesar de oficialmente a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) afirmar que não tem nenhuma ligação com a Rede Record, por serem òrgãos distintos - a primeira uma vertente da religião evangélica, e a segunda um conglemerado de comunicação que reúne não só a TV Record, mas diversas outras mídias, como rádios, editora e jornais impressos; as duas intituições possuem um ponto em comum: a figura do Bispo Edir Macedo - que é, ao mesmo tempo, dono-proprietário da emissora de TV e fundador da Igreja Universal - que está presente em mais países do mundo do que é McDonald's.


Será que corremos o risco de sair do monopólio do Marinho para cair no do Macedo? Quando a IURD sente-se ameaçada nos meios de comunicação usa, conseqüentemente, a TV Record para manifestar os seus "poréns". Justo? A questão não é essa. Mas é o mais óbvio que isso aconteça. Uma mão lava a outra. A função do jornalismo, até mesmo na parte opinativa, não é julgar. Isso cabe ao magistrado. O fato é que o jornalista deve, antes de tudo, expor os fatos para que o público entenda os diversos pontos de vista de uma mesma notícia.


A briga entre a IURD e os outros meios de comunicação é antiga. A mais recente aconteceu em dezembro de 2007. A Folha de São Paulo publicou uma reportagem da jornalista Elvira Lobato relatando não só as atividades milionárias do bispo Edir Macedo, mas também a suspeita de que o dinheiro arrecado do dízimo da IURD seja "esquentado" em paraísos fiscais.


O que intrigou a Folha de São Paulo foram as ações judiciais movidas por adeptos da Igreja Universal, nos mais diversos lugares do páis, geralmente cidades do interior, que se diziam ofendidos pelo teor da reportagem. Na maioria das petições à Justiça, os mesmos argumentos e situações se repetiam. Leia um trecho publicado pelo jornal a fim de expor o que foi chamado pela Folha de intimidação ao direito à liberdade de imprensa:


"O movimento tinha tudo de orquestrado a partir da cúpula da igreja, inspirando-se mais nos interesses econômicos do seu líder do que no direito legítimo dos fiéis a serem respeitados em suas crenças. Magistrados notaram rapidamente o primarismo dessa milagrosa multiplicação das petições, condenando a Igreja Universal por litigância de má-fé. Prosseguem, entretanto, as investidas da organização.

Não contentes em submeter a repórter Elvira Lobato a uma impraticável seqüência de depoimentos nos mais inacessíveis recantos do país, os bispos se valeram da rede de televisão que possuem para expor a pessoa da jornalista, no afã de criar constrangimentos ao exercício de sua atividade profissional.

É ponto de honra desta Folha sempre ter repelido o preconceito religioso. A liberdade para todo tipo de crença é um patrimônio da cultura nacional e um direito consagrado na Constituição. A pretexto de exercê-lo, porém, os tartufos que comandam essa facção religiosa mal disfarçam o fundamentalismo comercial que os move. Trata-se de enriquecimento rápido e suspeito - e de impedir que a opinião pública saiba mais sobre os fatos.Não é a liberdade para esta ou aquela fé religiosa que está sob ataque, mas a liberdade de expressão e o direito dos cidadãos à verdade".


Quem me conhece pessoalmente sabe que sou fã da Rede Record. Não sou evangélico, muito menos freqüento a igreja. Admiro a vontade de crescer da emissora e as apostas que vem fazendo para ser uma alternativa de qualidade na TV aberta. Procuro separar as intituições: a TV é uma coisa, a religião é outra. Mas toda vez que a situação laica fica estável na minha cabeça acontece uma coisa dessas....lamentável. Onde está a independência jornalística? O mercado mostra para nós,principalmente os jornalistas, que a linha editorial dos meios de comunicação é a do pensamento do dono.

Nos telejornais de ontem (20/02), principalmente os locais, a TV Record exibiu a mesma matéria que dizia que o Presidente Lula não vê a atitude dos fiéis da IURD como uma tentativa de inibir a liberdade de imprensa. Em nota pé, fala do apresentador após o final da matéria, a TV Record diz que procurou a Folha para opinar sobre o assunto e o jornal prefiriu não manifestar sobre o caso. Como assim? Será que nenhum editor lê jornal e não sabe a opinião escancarada do jornal impresso sobre o caso? Qualquer brasileiro tem direito de processar quem quiser, caso se sinta ofendido ou injustiçado. Caberá ambas as partes mostrar no tribunal as provas que comprovem qual das partes foi realmente molestada.





Essa semana eu volto com mais Café com Notícias.




Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

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