Do it yourself our by myself ?

dezembro 17, 2007

Faça você mesmo é uma expressão do inglês americano baseado na frase "do it yourself", ou ainda na sigla DIY. Consiste na prática de fabricar ou reparar uma coisa por conta própria ao invés de comprar ou pagar. Comecei a pensar nisso em relação ao ensino, principalmente na minha área de atuação profissional, o jornalismo. A comunicação é um campo que exige muita prática para ter o domínio do tipo de mídia que se pretende trabalhar. Infelizmente ou felizmente, não há como fazer jornalismo só na teoria, se não houver prática, dificilmente iremos encontrar um bom profissional apto a trabalhar numa redação, por exemplo.

Outro dia, a professora-doutora Nair Prata, pesquisadora especialista em radiojornalismo, disse durante a aula da pós-gradução (especialização) de Rádio e TV, que a medida que vamos avançando no ensino superior, da graduação para a especialização, da especialização para o mestrado, e do mestrado para o doutorado, o processo de aprendizagem vai se tornando individual, quase que solitário mesmo. Muitas pessoas sentem uma certa frustração a esse respeito, mas que é uma fase importantíssima para o auto-conhecimento.

A Nair nos contou a experiência dela no mestrado e doutorado em que o professor é mais um orientador, do que didático que estamos acostumados. A presença dele não é tão significativa para a condução do ensino. O processo de aprendizagem, o chamado "correr-atrás" fica por conta inteiramente do aluno. Na hora que ela falou isso a "ficha caiu" para um monte de coisa. Estamos tão acostumados com esse papel do professor nos cobrando as coisas - uma herança maldita do ensino fundamental e médio, que quando chegamos na gradução, se o professor não falar que as coisas funcionam diferente, temos a tendência de achar que o curso é uma porcaria ou que o professor não sabe ensinar.

Quando o papel é justamente o contrário: o aluno tem que aprender a estudar sozinho. O professor tem que ser o profissional que irá apresentar as teoria dentro dessa ciência, no máximo tirar dúvidas. Ninguém irá pegar na sua mão e te ensinar o caminho das pedras para ser um bom profissional - isso é vivência de mercado, de prática do dia-dia. Se você praticar, questionar e "correr-atrás", será um bom profissional.

Muitos colegas da pós-gradução estão insatisfeitos, não pelo curso em si, mas por essa proposta do "faça você mesmo". É difícil aceitar essa nova metodologia, eu mesmo tenho dificuldade para aceitar. Só consegui entender isso agora. Espero que a ficha tenha caido para todo mundo também. Ou você se entrega de cabeça e se dedica com todo empenho do mundo para crescer profissionalmente, ou não irá aprender nada. Será um mero espectador de teoria, uma esponja intelectual, apenas.

Eu não tenho muita experiência em reportagem. Mas quero aprender fazer isso tanto para rádio quanto para TV. Essa última semana, em especial, eu coloquei uma meta profissional pra mim: até posso não gostar de ficar na frente das câmeras ou mostrar a minha voz para o público, mas se surgir a oportunidade de fazer reportagem ou de virar apresentador eu quero saber fazer - e fazer bem feito. Meu sonho é virar editor. Conversando com jornalistas mais experientes no mercado, percebi que os melhores editores são os que já fizeram reportagem um dia. Só quem já passou pela rua, sabe como a vida de repórter não é fácil. Geralmente, chefe de redação ou chefe de reportagem já foram repórter um dia, nem que seja na faculdade.

Já fiz, profissionalmente, apuração e produção. Faço bem feito os dois, sem falsa modéstia. Mas não sei fazer reportagem. Estou aprendendo agora. Depois que sai da faculdade e estou fazendo pós-graduação. Tenho amigos, colegas de profissão, que estão me acrescentando muito e me dando muitas dicas como se deve fazer e ser criativo com a reportagem. Me ensinando muita coisa mesmo....principalmente, no que diz respeito de ir além, de ousar, de entender que rádio e TV, são mídias interessantíssimas, mas com jeitos completamente diferentes - o que é excelente.

Rádio é uma mídia fantástica! Mexe com a fantasia da gente a respeito de um tanto de coisa e estimula o raciocínio rápido. Nessa última semana, na pós-gradução, meu grupo ficou encarregado de fazer um programa de humor de meia-hora. Para quatro jornalistas acostumados com o hard news parecia uma tarefa impossível, mas não foi. Conseguimos. Fizemos um programa rico não só de conteúdo, mas cheio de trilhas, BGs (recursos de áudio, por exemplo risadas, típicas dos programas de humor), uma novelinha de zoação, quadros engraçados, matérias de humor (minha parte...hehehe...) e a interação dos apresentadores com a técnica que fez toda a diferença.

O programa ficou muito bom mesmo!!! Fechamos o ano com chave-de-ouro...hehehe...As duas matérias que fiz para a rádio foram muito elogiadas pela professora que avaliou o nosso grupo. Não só a minha reportagem, mas toda a produção do programa ficaram muito boas. Parabéns deve ser estendido a todo nosso grupo que insiste em fazer tudo bem feito e com excelência. De acordo com a profesora que nos avaliou, "chegamos num bom nível de qualidade e referência profissional". Isso me deu muito orgulho e me entusiasmou ainda mais com a reportagem em si. Elogio é sempre bom - nos engrandece e nos entusiasma a continuar trilhando o rumo certo. Em breve vou postar as matérias do programa de humor que fizemos sobre "amigo oculto" e "ônibus lotado" aqui, aguardem!



Essa semana eu volto com mais Café com Notícias.





Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

2 comentários

  1. Wander muito legal o texto " Do it yourself our by myself ?". É verdade mesmo o que a Nair Prata disse, sou graduando em Jornalismo e percebi durante o curso que os professores estão mesmo como orientadores. Parabéns pelo texto.
    Abraço
    Robson Ribeiro
    riberobh@terra.com.br

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  2. Pois é isso mesmo, meu amigo. Há o professor, mas o profissional, seja artista ou educador, artífice ou cientista, tem mesmo é que "aprender a aprender." Temos uma certa distorção na vida acadêmica, na vida estudantil: colocamo-nos com tábula rasa onde sa sabedoria será inscrita. Pagamos para que nos ensinem, para que saibamos. E não é assim.
    "Aprender a aprender" é um salto que poucos conseguem e que, no entanto, é o verdadeiro sentido da aprendizagem.
    Belo post.
    Paz e bem.
    do seu leitor Walmir
    http://walmir.carvalho.zip.net

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