Globo versus Record: a briga só está começando. Será?

outubro 08, 2007

Quem me conhece sabe que sou um fã da Rede Record. Falo bem, elogio o telejornalismo, teledramaturgia, a linha de shows e, poucas vezes, sou crítico ou aceito uma crítica da emissora sem expôr antes, a fala entusiasmada e argumentativa de quem vê e acompanha a TV Aberta brasileira. Minha amiga, freqüentadora do nosso "Café" e grande jornalista Karina Castro deu-me um presente e tanto, ou melhor uma sugestão de pauta para o Blog: ela me sugeriu ler a matéria da revista Veja dessa semana. Li. Falava justamente no tema que está na enquete do mês - a briga entre Globo X Record.

Adoro o tema. Mesmo sendo o apaixonado que sou pela Record, tento ser crítico e ver que a emissora erra em algumas coisas e acertas em outras. Normal. Ou nem tanto. Pelo jeito apocalíptico e futurista da Veja, o telespectador corre um sério risco: sair do monopólio da Globo e cair no da Record. Impossível? Quem sabe?

A minha admiração pela Record nasceu num momento de empolgação e êxtase por estudar, na época, Jornalismo, e ver que era, praticamente, a única emissora que queria reverter esse quadro da Globo - uma emissora que tem uma média diária acima dos 20 pontos de audiência e faz as outras TVs Abertas lutarem pela poeira da TV dos Marinho, com uma média diária de menos de 10 pontos cada uma. Triste de mais. Dói saber que o monopólio da Globo foi entregue de presente, de graça, simplesmente pelo comodismo amador de não querer crescer. Outra coisa: tive a oportunidade de estagiar, mesmo que de forma voluntária, na TV Record Minas. A partir daí, a paixão pelo telejornalismo e a admiração pela emissora triplicaram.

Apesar das barreiras, principalmente de estrutura, na época em que estive lá, vi uma TV Record que aposta na criatividade, que gosta de profissionais ousados. Que garimpa no mercado, que está atenta, quer concorrer e não está acomodada. O slogan diz tudo: "Record, a caminho da liderança".

É nítido: as outras TVs estão acomodadas. A polarização começou não por que a Record encostou na Globo na média diária - para isso falta muito ainda. Não é isso: é a gana de concorrer, de querer crescer. A Globo estava precisando disso, sinceramente. De uma outra empresa de comunicação "ter peito" para enfrentá-la e, principalmente, na parte técnica. A Record investiu pesado. Tirou mais de 30 profissionais da Globo numa mesma semana. A concorrência é saudável para todas as emissoras. Profissionais serão valorizados, telespectadores ganharão em criatividade e mercado publicitário terá diversidade para anunciar.

Gosto da Record, mas não gosto da igreja. Admiro o empresário Edir Macedo, mas tenho "repulsa" pelo bispo. Assim como a Globo tem seus méritos e desacertos: é a empresa de comunicação responsável pela criatividade da TV Brasileira, principalmente das telenovelas ser tão admirada em todo mundo; e o jornalismo, de estética impecável, mas tendencioso e sem profundidade reflexiva.

Achei graça quando li na Folha Online que a estréia de "Duas Caras", telenovela das 21h da TV Globo, desapontou a direção da emissora, ficando com uma média de 35 pontos, que caíram para 33, no dia posterior. Caramba! A Globo com 35 ainda é líder folgado em audiência. No mesmo horário, Record com 12, Band 5, SBT 5 e Rede TV! 4. Olha a diferença gritante! Tudo bem que, até pouco tempo atrás, a Globo reinava absoluta no horário nobre, acima dos 40 pontos e com picos de 55, quiçá 60 a 80 num final de telenovela. Agora a realidade é outra: a Globo tem concorrência. Pode não ser a das melhores, mas tem. Inclusive o rádio, a internet, o livro, o video-game, o DVD, o celular e a TV Paga - tudo é concorrência.

Hoje, com o esforço de se popularizar a tecnologia, principalmente com as inúmeras linhas de abertura de crédito para se ter um computador em casa, fora as outras mídias, a TV tem concorrência de público. A Globo tem concorrência. Graças a Deus! O mercado e os telespectadores falam amém.


O Bispo


É nítido o alto investimento em publicidade para a divulgação da biografia do líder religioso da IURD - Igreja Universal do Reino de Deus, e empresário Edir Macedo, proprietário da Rede Record. Macedo veio para cutucar o "figado", como ele mesmo se referiu à Globo na estréia da Record News. Edir Macedo é esperto: trata igreja e a TV como assuntos diferentes. E são, na verdade. Põe outros bispos em lugares estratégicos na direção do canal, os treina, de uma forma discreta. Incentiva pesquisas de opinião e só coloca no ar aquilo que o telespectador quer. Num ponto mostra bom senso, no outro, pode correr o risco de uma pesquisa paulista não ser o reflexo do interesse das outras praças. É arriscado, mas tem dado certo.

Vou ler livro. Não só para saber mais sobre Edir Macedo, mas para conhecer o jeito de escrever de Douglas Tavolaro, diretor nacional de jornalismo da Record.Tavolaro, assumiu a direção de jornalismo da emissora após a saída de Luiz Gonzaga Mineiro, que se transferiu para o SBT. Ele já tinha o projeto de reformular o jornalismo do canal e com o anseio dos diretores de trazer o padrão de qualidade da Globo para Record, Tavolaro uniu o sonho a vontade e, praticamente, refez o jornalismo da Record, principalmente nas praças, ou seja, em cada estado que tem uma TV Record.

Curiosamente, Tavolaro tem 30 e poucos anos - 31 se não me engano. Começou esse projeto com 27 anos. Há quem critique o jornalismo da Record, há quem odeie, há também quem nunca assistiu, mas uma coisa é certa: Tavolaro é empreendedor. Macedo sabe disso. Não é à toa que confiou a redação de sua própria biografia a ele e a jornalista Cristina Lemos, outro destaque na cobertura política, em Brasília, da TV Record. Essa biografia promete! Venhamos e convenhamos, o "fígado" pode até ser cutucado, mas que o monopólio seja transferido dos Marinho para o Macedo, isso não. Viva a livre concorrência!




Essa semana eu volto com mais Café com Notícia.





Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

2 comentários

  1. Ei Wander, briga feia essa da Globo com Record. Mas dá pra ver que há, sim, várias maneiras de fazer coisa boa fora do padrão Globo. Talvez fosse mais prudente se a Record deixasse isso de lado e seguisse seu caminho com independência. A Globo mal fala dessas confusões. Só a Record divulga, levando consigo o título de "criadora de caso". Mas a emissora tem apresentado boas alternativas. Amei alguns programas da Record News. Parabéns pelo blog e obrigado pela visita no meu. Abração!

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  2. A guerra entre a Record e a Globo comecou no dia em que o bispo foi preso. Com a saída do bispo da cadeia a ameaca voltou a tona. E por falar em religião é como diz o ditado:" quem mandou cutucar o cão com a vara curta?". A série Decadência exibida pela Globo está sendo cumprida de certa forma. Temos que fazer uma pergunta a nós mesmos: de quem é a decadência?, é da Ciência que não consegue solucionar as grandes questões da vida: de onde viemos, quem somos, para onde vamos?; é da estrutura política, social e econômica que não consegue resolver a exclusão e garantir a igualdade social de fato?; é de algumas religiões que exploram a miséria financeira e intelectual de seus fiéis numa operacão explícita de limpeza em suas contas bancárias com as suas permissões?;é de um monopólio vicioso de tv que se instalou em uma posicão confortável e usa os seus noticiários como meio de arma de guerra para tentar manobrar a opinião públiuca? De quem é a decadência? Talvez, para o nosso bem, de tudo isso. Só o futuro dirá.

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