#CaféInSérie: Série The Chair, da Netflix, retrata o mundo das mulheres na ciência e na universidade

janeiro 05, 2022


A série "The Chair", da Netflix, dá o que falar quando o assunto é carreira acadêmica. Usando de comédia para explorar o tema, a obra é protagonizada pela professora Ji-Yoon Kim, interpretada por Sandra Oh, que também atuou como Cristina Yang do grande fenômeno Greys Anatomy. Ela vira diretora do Departamento de Inglês da renomada Universidade Pembroke, e estimula a reflexão sobre temas como racismo, machismo, etarismo e cultura do cancelamento.

Na trama, a professora é a primeira mulher não branca escolhida para o cargo de direção do departamento. Na vida real, dados da Open Box Ciência apontam que, em 2018, 85% das docentes pesquisadoras no Brasil não contaram com bolsas de fomento à pesquisa e, entre as que recebem, a maioria é branca. Abaixo, assista ao trailer:

Além disso, um levantamento feito pela Elsevier, intitulado “A jornada do pesquisador através de lentes de gênero”, mostra que embora a participação das mulheres na pesquisa científica esteja aumentando em geral, a desigualdade permanece entre os países de origem e em áreas temáticas em termos de resultados de publicações, citações, bolsas concedidas e colaborações.

“Esses dados expõem a desigualdade na ciência e abrem espaço para discussões sobre quais jornadas as pesquisadoras trilham no país, já que a grande maioria ainda precisa conciliar carreira de pesquisadora com outros trabalhos, fora a vida pessoal. A diversidade precisa ser mais incentivada nas pós-graduações brasileiras”, avalia Débora Aleluia, pesquisadora em comunicação e analista de produção de conteúdo na Even3, plataforma que realiza publicações científicas, além de simplificar a produção de eventos online.  

Um grande exemplo das mulheres na ciência foi agora durante a pandemia do COVID-19, onde elas puderam mostrar ainda mais relevância no setor, estando à frente das pesquisas sobre a doença e vacinas em geral. Principalmente para o público feminino e especificamente para mulheres do universo acadêmico, a série traz muita representatividade. Pensando nisso, separamos três grandes reflexões trazidas pela série "The Chair". Confira: 

1) Mulheres trabalham dobrado na vida acadêmica.

Logo no início da série, é bem reforçado o fato de que as mulheres precisam lutar muito para se manterem na carreira acadêmica, colocando em xeque a própria vida pessoal, com acúmulo de funções, além de enfrentarem machismo e falta de espaço na academia. 

A retratação da vida pessoal versus a vida profissional de várias personagens com diferentes perfis é um dos pontos altos da trama, com mais ênfase na protagonista - Ji-Yoon mostra um equilíbrio entre amor ao trabalho e preocupação com a sua filha na mesma medida. “É justamente por isso que existe essa identificação de outras mulheres que trabalham no ramo, pois reforça fielmente esse malabarismo para equilibrar trabalho, vida amorosa e familiar”, comenta Débora 

2) A carreira de pesquisadora é cheia de conflitos geracionais.

Assim como na vida real, a maioria das pessoas que já passaram por escolas, universidades e instituições de ensino sabe desse conflito de gerações entre professores mais velhos e clássicos e os mais jovens, de linguagem mais informal e recém-chegados ao departamento. A série retrata essas dificuldades em lidar com as diferenças geracionais. “Podemos observar os medos dos professores mais velhos, as inseguranças de todos, os diferentes métodos de ensino, o machismo, a dificuldade de assimilar novos conceitos e a mudança que esses encontros proporcionam”, explica a analista de produção de conteúdo.

3) Revisar metodologias é sempre necessário!

Falando em diferenças, uma das maiores realidades acadêmicas expressadas na série é a dificuldade de alguns professores em gerar conexão com os alunos. “A série mostra insights importantes sobre essa rotina nas salas de aula, reforçando a importância dos professores saberem lidar com conflitos e aprenderem a gerar conexões com os alunos”, afirma Débora.




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