#Ciência: Funed disponibiliza, em ambiente digital para o público, parte de seu acervo histórico

maio 26, 2021

A caixa de provas de lentes contém 230 lentes graduadas e 01 óculos suporte. Esse material era usado como referência na fabricação de óculos de grau. Crédito: Funed.

A Fundação Ezequiel Dias (Funed) passou a disponibilizar parte de seu acervo histórico em ambiente digital, com o título: Memórias da Ciência – objetos usados na pesquisa científica no início do século XX. O objetivo é viabilizar, no atual contexto de isolamento social, o acesso ao acervo da instituição e contar um pouco da sua história, por meio dos objetos técnicos que foram usados por vários profissionais no âmbito da pesquisa científica voltada para a saúde pública. Para acessar, clique aqui.

De acordo com a chefe da Divisão de Extensão e Divulgação Científica da Funed, Marina Rezende, compõem o acervo objetos ópticos, vasilhames e instrumentos de medida que remontam o início do século XX. “Essa é uma ação que visa ampliar o acesso de diferentes públicos a parte do acervo histórico disponível na Fundação, pois sabemos que conhecer é um passo fundamental para preservar”, afirma.

Ao todo, 30 objetos históricos serão expostos, entre eles, um microscópio flexível que pertenceu ao patrono da Fundação, o médico e pesquisador Ezequiel Dias. O instrumento foi muito usado em pesquisas de campo, pois sua característica dobrável facilitava o uso em diferentes ambientes. 

Também será exposta uma cômoda inglesa doada pelo presidente da Mina Morro Velho, localizada em Nova Lima, em agradecimento à recepção que os dirigentes do então Instituto Ezequiel Dias deram à rainha Elizabeth nos anos de 1930. 

O móvel foi doado com vários vidros que continham serpentes. Também será exposto um livro de Receita e Despesa da Funed, com registros da instituição desde a sua criação, em 1907, até 1941. Nele, há notas fiscais, recibos, declarações de compra e venda, a lista dos primeiros funcionários da instituição e informações sobre recolhimento de imposto.

Mais que objetos

Para a historiadora da Fundação, Fabiana Melo Neves, disponibilizar esse objetos tem um valor simbólico muito grande, pois a memória é um elemento fundamental na formação da identidade cultural das pessoas, uma vez que ela apoia a constituição de sentidos e atribui significados. 

“Preservar o patrimônio institucional não é só resgatar, mas compreender as diferenças e reconhecer os limites de cada época. Conservar os pilares da instituição é manter viva a sua memória, seus conhecimentos e sua identidade”, acredita.
O almofariz é um utensílio que serve para moer pequenas quantidades de produtos, por vezes misturando vários ingredientes. Crédito: Funed.

O acesso a
acervos virtuais está crescendo e, durante o isolamento social, esse trabalho ganha ainda mais relevância, pois é uma forma de garantir o acesso permanente das pessoas a conteúdos científicos. Instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan também já disponibilizaram parte de seus acervos em plataformas virtuais. De acordo com Fabiana, a maioria dos museus promovem, atualmente, mostras on-line. 

“Em Minas Gerais, a Funed é uma instituição pioneira. É uma das primeiras instituições de Ciência e Saúde a se integrar ao projeto Tainacan, que faz parte do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Os objetos da exposição são registros da história da Funed, mas não recontam somente a história institucional. Eles refletem as marcas dos sujeitos que ali trabalharam e contribuíram para construir o que procuramos preservar”, amplia Fabiana.

Plataforma

Tainacan foi a plataforma escolhida por ser um software de acesso livre e já fazer parte dos projetos do Ibram. De acordo com José Junior Santos, chefe do Serviço de Informação Científica, Histórica e Cultural, a ideia é ampliar a quantidade de objetos e documentos disponíveis no escopo do Tainacan. “Com o tempo, disponibilizar outros acervos virtuais com temáticas distintas, de forma a incluir todo o material museológico da instituição nos diversos formatos e suportes”, planeja José Junior.
Barômetro e termômetro em madeira feito em estilo Art Nouveau. Crédito: Funed.

Além de ficar disponível para estudo e pesquisa, a ideia é disponibilizar um conteúdo que desperte a curiosidade do público em geral e ofereça a oportunidade de conhecer um pouco mais da história da Funed e das ciências da saúde como um todo. “O software possibilita que as instituições organizem, publiquem e difundam suas coleções. Essa plataforma foi muito bem-vinda entre as organizações que têm acervo museológico e que precisavam expor seus acervos virtualmente e, ao mesmo tempo, organizar e preservar”, conclui Fabiana.

Biblioteca

Além das peças do acervo, a Funed possui um acervo histórico que conta com aproximadamente 76 mil volumes. Destacam-se obras raras, como os principais livros de ciência básica e os grandes tratados de Microbiologia, Anatomia, Histologia, Zoologia e Botânica (dez volumes da Flora Brasiliense de Von Martius).

A coleção completa de Hipócrates, traduzida por Litré, além dos periódicos nacionais como o Brasil Médico, a Gazeta Médica da Bahia, O Hospital e outros latinos como o La Semana Médica completam a coleção de raridades. O acervo é aberto ao público, mas, em função da pandemia, as visitas estão temporariamente suspensas.




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