#CaféIndica: Livro sobre Maria Bonita aborda sexo, violência e a vida das mulheres no cangaço

março 04, 2021



Por Sílvia Amâncio*



Hoje (04/03) é dia de #CaféIndica e trazemos uma breve resenha do livro “Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço”, da jornalista Adriana Negreiros. O livro, baseado em pesquisas de jornais e de relatos familiares, conta a história das mulheres que integravam o grupo de bandidos liderado pelo Capitão Virgulino, o temido Lampião, que aterrorizou o sertão nordestino entre as décadas de 1910 e 1930. Para comprar o livro, clique aqui.

Na obra, conhecemos (e nos encantamos) com Lídia (a cangaceira mais bela do bando), Mariquinha, Naninha, Nenê, Noca, Osana, Verônica, Zefinha, Dadá e a rainha do cangaço, Maria Gomes de Oliveira, a "Maria Bonita", que foi assassinada aos 27 anos pelos volantes da polícia.

Essas mulheres, diferente do que a imprensa noticiava, não eram nascidas no crime. Muitas foram dadas e vendidas por suas famílias, entre 13 e 19 anos. Outras, fugiram de casamentos violentos e sem amor para se juntarem aos comparsas de Lampião.

Nem podemos imaginar como era viver uma vida violenta no sertão (pais, irmãos e maridos abusivos) ao ponto de se juntarem com homens que respiravam violência. Muitas delas eram estupradas, apanhavam dia e noite, pariam debaixo do calor e aos pés dos mandacarus, em uma paisagem árida e sem esperança de dias melhores, e ainda eram perseguidas pelo aparato das forças do Estado ou trocadas por outras mais jovens, belas e cada vez mais destemidas.

O cangaço deixou um rastro de violência e admiração, principalmente nos Estado de Alagoas e Sergipe, onde seus integrantes seguiam as margens do Rio São Francisco, saqueando vilarejos, impondo suas crenças e estilo de vida e desafiando as autoridades.

Com essa leitura não vemos mulheres apenas vítimas da violência de gênero. Ele nos mostra mulheres transgressoras e empoderadas, cada uma a sua maneira, que enfrentaram a fome, sede, perseguição policial, mas tiveram amores em meio à crueldade dos homens. Mulheres que foram apagadas da história, mas que tiveram papéis importantes no cangaço.



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*Perfil: Sílvia Amâncio é jornalista, entusiasta da Sétima Arte e fã de paçoca. Especializada em Comunicação e Saúde, costuma escrever sobre cinema, literatura, direitos humanos e um tanto de outras coisas, sempre levando para o lado latino-americano, socialista e com recorte de gênero.






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