#Obituário: Jorge Fernando deixa saudade, mas também marca a nossa memória afetiva da TV

outubro 28, 2019

Crédito: TV Globo / Divulgação. 

Passei o dia inteiro pensando em Jorge Fernando. Na sua despedida súbita e precoce. No seu sorriso aberto e o jeito amoroso com a mãe, a atriz Hilda Rebello. Nos inúmeros trabalhos que fez na TV. Nas suas novelas que sempre tiveram um viés de humor, um colorido especial que ele tinha a manha de fazer tão bem. 

Lembrei de “Verão 90”, a último novela que ele dirigiu. Que tinha muitos problemas na construção dos personagens e na história, mas que fazia rir. Divertia em várias cenas. A trama foi a nossa primeira novela de época dos anos 90! Gente, estamos ficando velhos! A novela escrita por Izabel de Oliveira e Paula Amaral fez uma bonita homenagem à extinta MTV Brasil, na época que era gerenciada pelo Grupo Abril, e que na trama foi chamada de “Pop TV”. 

Alguns personagens tinham um tom a mais, uma caricatura mesmo. Mas, talvez esse era o tom que Jorge Fernando queria nos mostrar: que novela é também um momento de rir, e que não precisa ter compromisso com a realidade.... principalmente por ser ficção.

Lembrei de outra coisa: o diretor faz parte da minha memória afetiva na TV. Aqui em casa, meu pai quando via uma chamada na TV falando que a novela era dirigida por @JorgeFernando, ele assistia. É um critério dele. Meu pai sempre foi fã do diretor por ser irreverente, por ser anárquico em cena, de fazer rir e chorar com a mesma intensidade e com a vontade de viver. 

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E se pegarmos o meu pai como exemplo pincelado dos telespectadores que só querem relaxar na frente da televisão e se divertir, lembramos de sucessos das parcerias que Jorge Fernando fez na telinha com o autor Walcyr Carrasco nas novelas “Chocolate com Pimenta” (2003), “Alma Gêmea” (2005), “Sete Pecados” (2007), “Caras e Bocas” (2009) e “Êta mundo bom!” (2016). 

Destas, as que tiveram reprise no Canal Viva ou no Vale a Pena Ver de Novo, meu pai assistiu e sempre comentava com o mesmo entusiasmo da primeira vez. Ele amava a simplicidade do diretor, do jeito largado de ir dirigir a novela de bermuda e colete. E, mesmo não sendo o meu gênero preferido, passei a respeitar e admirar. Fazer rir não é fácil, gente!

Acredito que essa parceria criou uma marca única que imprimia humor pastelão, teatro de revista e muito deboche. Tem gente que gosta, tem gente que não: mas o fato é que ambos criaram uma assinatura na teledramaturgia. 

E Jorge Fernando também sabia fazer novelas mais densas como em “A Próxima Vítima” (1995) em que o telespectador tinha que juntar as peças para descobrir o assassino ou ainda na macrossérie “Dercy de Verdade” (2012), que contou a biografia de Dercy Gonçalves, ou o drama espírita de “Alma Gêmea” (2005) que o casal protagonista tinha um final nada convencional.

Então, nesse dia de despedida a Jorge Fernando, é importante lembrar que a sua obra é imortal e o quanto é importante reverenciar a sua marca como artista na história da nossa teledramaturgia. Ele deixou um legado importante de fazer as pessoas rirem e se emocionarem na frente da TV. 

Descanse em paz, Jorginho! Você vai fazer falta!




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