#Obituário: Morte precoce de Fernanda Young é uma perda criativa sem tamanho para o meio artístico

agosto 25, 2019

Crédito: UOL / Reprodução. 

A morte de Fernanda Young é uma daquelas notícias que é difícil de aceitar. A gente custa para acreditar. Pensa que é um daqueles memes de internet que vira e mexe mata alguém famoso. Mas não é isso. É real. Tão real que causa angústia. Young era tão intensa, tão criativa e tão absolutamente lúcida em relação a vida política do nosso País. Dá um aperto danado no coração de pensar que a perdemos, justamente, nesse momento tão difícil para o Brasil. Faltam vozes lúcidas no meio artístico. Vozes de enfrentamento.

Fernanda era muito ética, muito honesta e muito visceral. Era uma mulher de posicionamento, sobretudo na política. Colocava o dedo na ferida quando tinha que colocar e foi muito atacada na internet por ser uma mulher que não se calava a absolutamente nada. Ela não tinha medo de mostrar o que pensa, de denunciar que estamos em um governo tacanho, cujo presidente da República parece um personagem idiota de um esquete de humor pastelão.

Fernanda também se posicionava sobre a depressão, sobre a importância de procurar ajuda e investir na saúde mental em tempos de tanto ódio. Também não tinha medo de falar sobre o seu corpo. Aliás, ela via o corpo como uma forma de manifestação artística, seja pelas tatuagens ou visual único, seja pela coragem de posar nua e não ter vergonha de falar que o corpo muda no decorrer dos anos, que todos nós vamos envelhecer e que não precisamos adoecer pela ditadura da beleza e dos cabelos tingidos. É tanto que não teve medo de assumir os cabelos brancos, muito menos a sua luta contra a balança.

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A morte precoce de Fernanda Young é uma perda criativa sem tamanho para o meio artístico, sobretudo para o mercado audiovisual. Fernanda era uma baita roteirista. Ela tinha um humor ácido que faz todo sentido se paramos para pensar no sucesso da série “Os Normais”, na TV Globo, por exemplo, que escreveu ao lado do marido Alexandre Machado. Rui e Vani eram completamente surtados, mas muito reais naquela loucura que é ter que viver um relacionamento com altos e baixos.

Para mim, Fernanda Yong brilhou mais como apresentadora. Era uma ótima entrevistadora. Fazia o entrevistado pensar no que ia falar. Tirava-o da zona de conforto das perguntas que os talk shows tradicionais sempre fazem. Como debatedora, era formidável. Participou de uma temporada do “Saia Justa”, no GNT, e chegou a voltar outras vezes como convidada. Fernanda tinha raiva da hipocrisia. Talvez, por isso, a carreira como apresentadora foi interrompida. Ela não tinha meias palavras.

Nesse dia de despedida à Fernanda Young pensei muito nos filhos dela. Fernanda era uma super mãe. Sabia a responsabilidade que era de ter que criar seres humanos mais éticos e honrados nesse mundo lotado de hipocrisia e politicagem. Perder uma mãe assim tão de repente nunca é fácil. 

Ela faleceu na madrugada deste domingo (25/08), aos 49 anos, no sítio de sua família localizado em Gonçalves, Minas Gerais, após uma crise de asma seguida de parada cardíaca. O velório e sepultamento aconteceram no cemitério Congonhas, em São Paulo, na tarde deste domingo. Fernanda sofria de asma desde a infância. Fernanda deixa seu marido Alexandre Machado e quatro filhos: duas gêmeas de 19 anos, uma menina de 10 e um menino de 9 anos. Abaixo, confira a entrevista que Fernanda Young concedeu à jornalista Leda Nagle:





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