#OrgulhoNegro: Quais são as lutas que as mulheres negras ainda precisam enfrentar?
julho 25, 2019Crédito: Nappy / Reprodução. |
Por Sílvia Amâncio
Por mais que haja movimentos internacionais para a igualdade de gênero, homens e mulheres ainda não são tratados da mesma maneira pela sociedade. E quando fazemos esse recorte racial, sobretudo no mercado de trabalho, a situação piora ainda mais: entre homens brancos acima de 25 anos, 18% têm ensino superior e renda média de R$ 6.702. Já entre os negros, apenas 6% têm graduação, e a renda média é de R$ 4.810, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
Já quando analisamos a questão da violência, a situação fica ainda mais grave. O Mapa da Violência mostra que enquanto o homicídio de mulheres negras experimentou um crescimento de 54,2% entre 2003 e 2013, no mesmo período, o homicídio de mulheres brancas caiu 9,8%.
“O racismo é um fenômeno ideológico que se manifesta de distintas formas e que preconiza a hierarquização dos grupos, atribuindo a alguns deles valores e significados sociais negativos que servem de justificativa para seu tratamento desigual. Concretamente, nossas sociedades foram estruturadas a partir da definição de lugares sociais para mulheres e para a população negra que não passam pelos espaços de poder e cidadania plena”, afirma a coordenadora de Direitos Econômicos do ONU Mulheres Brasil e Cone Sul, Ana Carolina Querino, em depoimento para o site Agência Patrícia Galvão.
Por isso, no dia 25 de julho é comemorado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Desde 2015, essa data é oficialmente comemorado no Brasil, datas importantes para o movimento feminino negro, pela igualdade de gênero e pela emancipação da mulher.
A trabalhadora negra recebe 50% do salário da trabalhadora branca. Mesmo com a mesma escolaridade de uma mulher branca, a diferença salarial é de cerca de 40% a mais para a branca. Fonte: IBGE. |
Em sua tradição de apagamento histórico, o Brasil antes dessa data, era o único país da América Latina que não comemorava oficialmente o Dia Internacional da Mulher Negra. O marco internacional do 25 de julho foi no ano de 1992, durante a realização do primeiro encontro de mulheres afro-latino-americanas e afro-caribenhas, em Santo Domingo, República Dominicana.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a mulheres negra brasileira é a que mais carece de políticas públicas afirmativas para redução das desigualdades raciais, estando na base da pirâmide social, por ser mulher e por ser negra.
Mas, quem foi Tereza de Benguela?
Como não se tem registros oficiais de informações sobre a população negra escravizada no Brasil, não sabemos o ano de nascimento de Tereza, se ela veio da África ou nasceu no Brasil.
Seu nome refere-se à Benguela-a-Velha, colônia portuguesa em Angola, mas a oralidade da história dos quilombos conta que Tereza era companheira de José Piolho e juntos lideraram o Quilombo do Piolho (ou Quariterê), em Guaporé, próximo à fronteira do estado do Mato Grosso com a Bolívia.
Após a morte do companheiro, ela assumiu a liderança quilombola. Com a “Rainha Tereza, a comunidade negra e indígena (que resistiu à escravidão de 1730 a 1795) tinha conselheiros e sistemas de defesa. Em 1770 ela foi capturada e morta por bandeirantes a serviço da coroa portuguesa.
Em 1994, ela foi homenageada pela escola de samba Unidos da Viradouro no samba-enredo “Tereza de Benguela, uma rainha negra no Pantanal”.
Gostou de nosso resgate histórico dessa mulher negra que lutou até a morte pelo direito de existir?
Então, confira as dicas do blog @cafecnoticias de livros escritos por autoras negras que tratam da desigualdade racial e abordam assuntos relacionados à condição da mulher negra e latino-americana na sociedade ocidental:
# UPP A redução da favela a três letras (Marielle Franco)
# Pensamento feminista negro (Patricia Hill Collins)
# Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis (Jarid Arraes)
# Lugar de fala (Djamila Ribeiro)
# Mulheres, raça e classe (Angela Davis)
# Cartas para a minha mãe (Teresa Cárdenas)
# Olhos d’água (Conceição Evaristo)
# Quarto de despejo (Carolina Maria de Jesus)
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