#CaféLiterário: Livro Furacão Anitta mostra a saga da funkeira que virou empresária de si mesma

março 31, 2019

Crédito: Arquivo Pessoal. 
Desde que anunciou que iria escrever uma biografia "não autorizada” da cantora @Anitta, o jornalista @LeoDias causou um verdadeiro alvoroço nas redes sociais e na imprensa. Autor da coluna de celebridades mais famosa do país e um dos apresentadores do Fofocalizando, do SBT, Leo passou meses debruçado na vida da artista brasileira de maior relevância internacional dos últimos anos. O resultado foi o livro “Furacão Anitta”, lançado pela @EditoraAgir, selo da Ediouro. Para comprar o livro, clique aqui.

Anitta é uma estrela em ascensão no mundo do entretenimento. De funkeira carioca com sucesso local na @Furacão2000 à única artista pop feminino internacional que canta em três idiomas de forma fluente: português, espanhol e inglês. Você pode amar ou odiar, mas tem que aceitar que Anitta é um fenômeno da música brasileira. Na nossa história recente, nenhum outro artista conseguiu as marcas que ela conseguiu com menos de dez anos de carreira.

Além disso, Anitta é uma cria da internet: sabe melhor do que ninguém a força das redes sociais, mas também não ignora o que a mídia tradicional oferece de recurso. Com o lema “fale mal, mas fale de mim”, a cantora é uma fábrica de hits musicais e de campanhas publicitárias de sucesso. De forma empreendedora, ela entendeu que o mercado fonográfico mudou drasticamente e que seus singles/videoclipes são o grande combustível para o seu sucesso no Brasil e no mundo, sobretudo na América Latina.

Assim como muitos artistas, @Anitta também se envolveu em polêmicas e deu alguns #closeserrados, tanto sobre o feminismo, quanto com o público LGBT que é uma base fiel do seu Fandom. Mas, pelo carisma e por estudar o mercado como poucos, Anitta tem conseguido sair das suas “saias justas” e ainda potencializando cada vez mais o seu trabalho. 

Nesta semana, mais especificamente na próxima sexta-feira (05/04), Anitta se prepara para lançar “Kisses”, seu primeiro álbum trilíngue com a participação de Snoop Dogg, Ludmilla, Caetano Veloso, Becky G, Papatinho, DJ Luian, Mambo Kingz, Swae Lee, Chris Marsh, DJ Alesso e Prince Royce. Nesse novo trabalho, ela irá lançar 10 clipes ao mesmo tempo em todas as plataformas digitais. Qual outro artista brasileiro já fez isso?






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Larissa de Macedo Machado (nome verdadeiro da cantora), nascida em 30 de março de 1993, no bairro Honório Gurgel, no Rio de Janeiro, é perfeccionista, pensa em cada detalhe da carreira, coleciona tretas com celebridades e planeja uma aposentadoria dos palcos aos 30 anos de idade. Tudo isso é um prato cheio para uma biografia, não é mesmo? 

Nem tanto. O livro peca por não ir além, por não ser uma grande reportagem como depoimentos e dados que nos dê a possibilidade de entender dois ou mais lados da história. A obra em si parece mais uma grande coluna de Léo Dias – como ele faz no Jornal O Dia, do que necessariamente uma narrativa mais profunda que uma biografia "não autorizada” geralmente contém.

Claro, há muita informação exclusiva, mas não há aprofundamento, muito menos uma investigação mais detalhada de algumas histórias reveladas ou do psiquê de Larissa ou das pessoas que passaram pela vida dela (ou ainda estão). 

A impressão é que muitas pessoas foram preservadas (sobretudo as que são mais íntimas da vida pessoal da Anitta), enquanto outras foram expostas sem dó, nem piedade. Kamilla Fialho, ex-empresária da cantora, e MC Bruninha são as grandes vilãs, enquanto Preta Gil ficou com fama de fofoqueira (e de interesseira), por exemplo.

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Até mesmo as tretas com Pablo Vittar e Simária (da dupla Simone e Simária) foram fruto mais de uma rede de intrigas do que necessariamente uma indisposição entre as artistas. Fica claro no livro que @Anitta não confia em ninguém e que vive fazendo testes de lealdade nas pessoas à sua volta. 

Mas, por outro lado, o paradoxo é que Larissa preza muito a lealdade e a sinceridade, por mais que ela muitas vezes encare algumas atitudes “não tão legais” como necessárias no “mundo da fama”. Outro ponto que foi pouco explorado no livro é a relação da cantora com o candomblé, sua religião e aonde ela encontra seu ponto de equilibro e de reflexão pessoal.

Pelo fato de @LeoDias ter optado por uma narrativa em primeira pessoa– e ele em alguns momentos participar do livro como personagem, a impressão que dá é que, por mais que o jornalista realmente tenha feita muita, mas muita pesquisa sobre a saga que transformou Larissa em Anitta, tudo é muito calculado para não arranhar a imagem dela. O leitor vai encontrar bastidores, mas nenhum acesso ao lado B, muito menos a um depoimento impactante.
Crédito: Editora Agir / Instagram / Reprodução. 
Particularmente, fico em dúvida se esse caminho de criar uma narrativa amigável – como se fosse uma grande coluna de jornal sobre a trajetória meteórica de @Anitta, foi uma opção do jornalista e/ou da editora querendo, justamente, cativar um público mais popular ou se foi mesmo a única maneira como o autor conseguiu pensar a narrativa do livro. A leitura não é ruim, pelo contrário: por ser tão coloquial e subjetiva, em poucas horas a gente consome as mais de 200 páginas.

Como fã das músicas da Anitta e, principalmente, da Larissa como empresária, fiquei com a sensação de que ficou faltando aprofundar alguns assuntos – nada que uma boa apuração e/ou uma revisão na narrativa não ajudaria para que o livro se fortaleça textualmente. 

E isso não é de todo mal, pelo contrário: talvez o sucesso do livro que está vendendo muito bem – sobretudo nas plataformas digitais, ficando em primeiro lugar na Amazon, esteja nesta narrativa simples, quase que oralizada e tão próxima do modo como se apresenta uma coluna de fofoca, seja um dos ingredientes do êxito do livro. Inclusive, a obra foi vítima de pirataria na web antes da estreia. Ao final, não fica nenhuma dúvida: Anitta é um furacão em todos os sentidos!






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