#ResponsabilidadeSocial: Voluntários se unem e criam cursinho em BH para ajudar jovens no Enem

fevereiro 15, 2019


Crédito: Arquivo Pessoal / Reprodução. 

Por Sílvia Amâncio*


Quantas histórias ouvimos de jovens que trabalham o dia todo e na parte da noite se dedicam aos estudos para garantir uma boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)? Muitos deles se dedicam a essa rotina exaustiva de estudos sozinhos e sem a devida orientação de professores, o que pode interferir em suas notas e o tão sonhado acesso ao ensino superior.

No ano passado, em Belo Horizonte (MG), a professora de História, Anna Karolina Almeida resolveu juntar alguns amigos e conhecidos e organizar um cursinho voluntário para preparar jovens para o Enem. Surgia assim o Cursinho Voluntário Leolinda Daltro, hoje uma associação sem fins lucrativos, com estudantes de licenciatura e professores que com suas experiências acadêmicas contribuem na preparação dos alunos. 

Segundo a professora, ela teve a ideia de postar nas redes sociais quem poderia se voluntariar para esse projeto e logo apareceram candidatos. “Muitos alunos e professores se interessaram, ai comecei a manter contato e fazer o plano de aulas. Faltava o local e um dos voluntários conseguiu um espaço para as aulas de duas a três vezes na semana, no período da noite”, diz. 

A professora explica que as aulas iniciaram em julho de 2018, com uma turma de 30 alunos e aproximadamente 20 professores, com aulas inclusive aos sábados. “Ano passado tivemos uma excelente experiência com o cursinho. Superou nossas expectativas e ficamos imensamente agradecidos por todos que acreditaram no projeto. Para esse ano estamos muito confiantes e animados. Esperamos salas cheias e muitas aprovações no final do ano”, anima-se. 

A turma do ano passado teve aprovações em instituições de ensino públicas e bolsas de até 100% no Programa Universidade para Todos (Prouni) em instituições privadas de ensino superior. Como foi o caso de Jully Caroline (aprovada para o curso de Engenharia Ambiental e Sanitária no Cefet-MG) e Yasmin Lima (aprovada no curso de Direito/Fumec). Os depoimentos das duas alunas podem ser conferidos nas redes sociais da Associação. 

Os alunos do cursinho participam de disciplinas de Artes, Biologia, Filosofia, Sociologia, Física, Geografia, História, Literatura, Português, Química, Redação e Atualidades, com duas horas de duração cada, duas vezes na semana. Em 2019 serão ofertadas 40 vagas, com aulas às terças e quintas de 19h às 22h e aos sábados de 09h às 18h, na Escola Estadual Governador Milton Campos, o Estadual Central.

Anna Karolina Almeida conta que esse ano será arrecado o valor simbólico de R$ 10,00 por mês de cada aluno. “Nossa caixinha será para gastos que possamos ter no decorrer do cursinho como material, lanche ou até mesmo passagem para os alunos, quando necessário”, explica. 

As inscrições podem ser realizadas pelas redes sociais do projeto: 
Facebook: @ALeolindaDaltro
Instagran: @aleolindadaltro
Twitter: @ALeolindaDaltro

Quem foi Leolinda Daltro?

Leolinda de Figueiredo Daltro, que dá o nome ao cursinho, nasceu na Bahia em 1860, mas viveu parte da vida em Cascadura, no Rio de Janeiro (RJ). Foi precursora do indigenismo no Brasil, defendendo a incorporação dos índios brasileiros à sociedade por meio da alfabetização laica. 

Com a fundação do Grêmio Patriótico Leolinda Daltro, propôs a catequização dos índios sem a interferência da Igreja. Devido ao seu trabalho no interior do Brasil, o tema teve visibilidade por parte do poder público e foi criado em 1910, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), mas ela não foi convidada para integrar os serviços do novo órgão. 
Crédito: Arquivo Pessoal / Reprodução. 

Ainda em 1910, ela fundou o Partido Republicano Feminino, cujo objetivo era mobilizar as mulheres na luta pelo direito ao voto (Liberado somente em 1932 para as mulheres brasileiras). Em 1919, Leolinda lançou-se candidata à Intendência Municipal do Distrito Federal, cargo equivalente ao de prefeito. 

Em outubro, concedeu entrevista à Revista Feminina, em que justificou sua candidatura nos seguintes termos: “Como mulher que sou, com um sentido superior de altruísmo, tenho me preocupado com a necessidade de minorar o sofrimento humano e de se atingir uma melhor distribuição da Justiça.” Sua campanha era simbólica, uma plataforma para as mulheres denunciarem a discriminação e a desigualdade social e de gênero existentes na sociedade.

Leolinda faleceu em um desastre de automóvel em maio de 1935. Somente em 2003, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) aprovou a Resolução nº 233, que instituiu o Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro, que a cada ano escolhe dez mulheres para receber a homenagem por seu destaque na vida pública e na defesa dos direitos femininos.





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*Perfil: Sílvia Amâncio é jornalista, entusiasta da Sétima Arte e de um tanto de outras coisas. Especializada em comunicação em projetos ambientais e especializando em Comunicação e Saúde. Costuma escrever sobre relações viróticas de trabalho, saúde, direitos humanos e mídia, sempre levando para o lado latino-americano e socialista da vida ao sul da fronteira.








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